A Agência Nacional de Inovação (ANI) anunciou o apoio a dois projetos estratégicos nacionais, enquadrados na Parceria Europeia Chips Joint Undertaking (CHIPS JU). O financiamento, no valor global de 6,4 milhões de euros, assegura o cofinanciamento nacional da participação portuguesa em projetos europeus considerados centrais para a autonomia tecnológica da União Europeia.
A iniciativa integra-se na execução da Estratégia Nacional para os Semicondutores e está alinhada com o European Chips Act, o instrumento europeu criado para reduzir dependências externas e reforçar a capacidade industrial e tecnológica da Europa numa área considerada crítica.
Os projetos agora apoiados inserem-se no Pilar 1, Iniciativa para os Circuitos Integrados para a Europa, com foco no desenvolvimento de linhas piloto, plataformas avançadas de design, integração e encapsulamento de chips.
António Grilo, presidente da Agência Nacional de Inovação, afirma que “este financiamento materializa o compromisso de Portugal com a Estratégia Nacional para os Semicondutores e com o European Chips Act, assegurando que o país participa ativamente em projetos europeus de elevada ambição tecnológica”. Segundo o responsável, o apoio ao Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e ao Instituto de Telecomunicações (IT) permite reforçar “capacidades científicas e infraestruturas críticas que posicionam Portugal como um parceiro relevante na cadeia de valor europeia dos semicondutores, com impacto direto na inovação, na competitividade e na autonomia estratégica da Europa”.
No caso do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, o financiamento destina-se a suportar a participação portuguesa num projeto europeu de Linha Piloto centrado no encapsulamento avançado e na integração heterogénea de componentes eletrónicos. O objetivo é reforçar infraestruturas e competências nacionais em áreas-chave da microeletrónica.
Clívia Sotomayor Torres, diretora-geral do INL, explica que “a APECS, linha piloto de encapsulamento avançado e integração heterogénea de componentes e sistemas eletrónicos, é uma iniciativa instituída pelo Chips Act da União Europeia, reunindo dez parceiros sob a liderança da Fraunhofer Society for the Advancement of Applied Research, entre os quais o INL”. Segundo a responsável, a APECS presta serviços e formação para apoiar empresas na integração e encapsulamento de chiplets em novos sistemas eletrónicos, reforçando as capacidades europeias nesta área.
A diretora-geral do INL acrescenta que “o projeto visa reduzir a dependência de cadeias de abastecimento globais e reforçar a soberania tecnológica”.
De acordo com Clívia Sotomayor Torres, estão a ser investidos no INL cerca de 19 milhões de euros, aproximadamente metade provenientes de fundos nacionais e metade de programas europeus, para expandir a capacidade em integração de chiplets e encapsulamento avançado, em linha com a estratégia portuguesa para os semicondutores. A responsável sublinha ainda a importância de iniciativas complementares, como a POEMS, o centro de competências português para os semicondutores, para ligar empresas às linhas piloto e reforçar o papel de Portugal no ecossistema europeu.
Já no Instituto de Telecomunicações, o apoio nacional garante a participação portuguesa no consórcio europeu de uma linha piloto dedicada ao desenvolvimento de circuitos fotónicos integrados avançados. Este projeto tem impacto direto na capacitação científica, tecnológica e industrial do país.
José Carlos Pedro, presidente do Instituto de Telecomunicações, afirma que “o projeto PIXEurope reúne institutos de investigação de referência para implementar a primeira linha piloto completa e de acesso aberto, fundamental para reforçar a soberania tecnológica europeia na área dos circuitos óticos integrados”. Segundo o responsável, esta infraestrutura permitirá a fabricação em larga escala de circuitos óticos integrados para comunicações, sensores e computação avançada.
O presidente do IT acrescenta que “o PIXEurope Português, apoiado pela CHIPS JU e pela ANI, posiciona o Instituto de Telecomunicações, a Zona Centro e Portugal nesta rede”, promovendo o apoio a start-ups nacionais e europeias na área da prototipagem e testes de circuitos óticos integrados e contribuindo para a afirmação de Portugal neste domínio tecnológico.





