Como é que surgiu a ideia de criar a marca?
Nós trabalhámos fora, na indústria da moda de luxo, e por motivos pessoais acabámos por regressar a Portugal. Sentimos que, apesar de o país ter uma enorme força na produção, há ainda poucas marcas portuguesas com peso no mercado. Vemos agora um movimento de marcas emergentes, o que é ótimo e faz o país crescer, e quisemos fazer parte disso. O calçado foi uma escolha natural, porque é uma paixão que partilhamos e onde identificámos uma oportunidade clara. Os collants surgiram mais tarde, para completar o universo da marca e reforçar o nosso conceito: tudo o que gira à volta dos pés.
O que é que vos inspirou?
Fomos inspiradas pelo know-how adquirido em marcas como Loewe, Balenciaga e Moncler, onde trabalhámos em áreas como relações públicas, estratégia de coleções e merchandising. Essa experiência ajudou-nos a construir uma visão estratégica e criativa sólida, que hoje aplicamos na EDLA. Queríamos criar uma marca que unisse design, qualidade e autenticidade – algo que sentíamos faltar no panorama português.
Porquê esta ligação aos símbolos cósmicos?
O universo EDLA assenta na ideia de “tudo o que gira à volta dos pés”, e quisemos criar um imaginário que refletisse movimento, energia e feminilidade moderna. Os astros, as órbitas e o espaço simbolizam esse universo próprio: um mundo onde as nossas clientes se podem sentir inspiradas e parte de uma constelação de mulheres reais.

Quais foram os maiores desafios na fase inicial?
O maior desafio foi destacar-nos num mercado muito competitivo, conseguindo criar reconhecimento de marca rapidamente sem comprometer o equilíbrio entre aspiração e acessibilidade. Garantir que a identidade da EDLA se mantinha coerente e fiel à sua
essência durante o crescimento também foi determinante.
Os sapatos e collants são fabricados em Espanha e Itália. Que vantagens encontraram nestes mercados?
No caso do calçado, escolhemos Espanha sobretudo pela qualidade e pela capacidade técnica muito específica que procurávamos. Os nossos modelos têm características particulares, como diferentes tecidos desde pele, veludo a cetim, ao uso de pedras brilhantes, detalhes mais delicados e combinações de materiais, e percebemos, desde o início, que seria difícil encontrar uma fábrica que conseguisse executar exatamente este tipo de produto em Portugal. Apesar da excelência da indústria, não encontrámos ainda uma fábrica com todas estas aptidões reunidas para produzir os nossos modelos tal como os idealizámos. Em Espanha encontrámos um parceiro altamente especializado que conseguiu dar resposta a todas as exigências técnicas da coleção. Naturalmente, sendo uma marca portuguesa, o nosso objetivo é trazer parte da produção para Portugal assim que for possível e fizer sentido para a qualidade do produto. Quanto aos collants, Itália foi uma escolha evidente devido à sua tradição e know-how incomparável neste segmento. A indústria italiana é reconhecida pela excelência técnica, e para nós era essencial garantir um produto com esse nível de qualidade. Ainda assim, continuamos empenhadas em encontrar o parceiro ideal em Portugal para, no futuro, integrarmos também parte desta produção no país.

Como descrevem o momento atual do negócio?
Lançámos oficialmente em outubro e o arranque tem sido muito positivo. Estamos focadas em crescer rapidamente nos mercados onde vemos maior potencial e em consolidar a nossa comunidade, que é fundamental para a estratégia da EDLA.
Para que mercados vendem mais?
O foco inicial, e onde já sentimos maior tração, é a Europa do Norte e Central, incluindo o Reino Unido, onde identificámos grande afinidade com o nosso produto. Os Estados Unidos foram considerados inicialmente, mas as transformações recentes nas políticas comerciais tornaram esta expansão menos imediata.
Como descrevem a vossa estratégia de marketing?
A EDLA posiciona-se como uma marca portuguesa aspiracional, com design contemporâneo, qualidade elevada e preços acessíveis quando comparados com o luxo. A nossa estratégia centra-se na criação de comunidade, storytelling forte, conteúdo orgânico e em parcerias selecionadas com criadoras que se identificam com o universo EDLA. Apostamos numa comunicação próxima, autêntica e visualmente consistente. Desde o início temos trabalhado com a Madalena Espírito Santo, que tem sido fundamental neste processo e um apoio imprescindível na construção de uma imagem de marca sólida.

Como descrevem o luxo hoje em dia?
O luxo deixou de ser apenas sobre preço ou exclusividade. Hoje, é sobretudo sobre significado: qualidade, autenticidade, propósito e coerência. O novo luxo é silencioso, consciente e emocional. E é isso que queremos transmitir.
Como surgiu a ideia de criar um grupo de “Cosmic Girls”?
O conceito surgiu a partir da música Cosmic Girl, do Jamiroquai. Durante uma conversa da Constança com a irmã, que trabalha na indústria da música, ela associou imediatamente a imagem da marca à canção. Sentimos que a letra descrevia exatamente o tipo de mulher que queríamos representar. Sabemos o quão importante é criar uma comunidade em torno de uma marca, e acreditamos que o nome Cosmic Girls traduz perfeitamente esse espírito. Queríamos criar uma comunidade real, de mulheres inspiradoras que refletem a energia da marca, cada uma com o seu brilho e personalidade. É a tradução viva do nosso conceito.
Foram elas que chegaram a vocês ou vocês procuraram-nas?
Foi um processo natural e misto: algumas chegaram até nós espontaneamente, por afinidade com a marca, outras fomos nós que identificámos e convidámos, por acreditarmos que encaixam perfeitamente no universo EDLA. Acima de tudo, procuramos relações genuínas.

Entre essas pessoas, quais geraram mais impacto?
O maior impacto vem sempre das mulheres que têm uma ligação verdadeiramente autêntica com a EDLA, aquelas que incorporam as peças no dia a dia e cuja estética e energia se alinham naturalmente com o nosso universo. Isso sente-se muito nas nossas redes sociais: todas as semanas surgem novas Cosmic Girls e até press internacional totalmente orgânico, o que demonstra que a marca está a criar uma ligação espontânea e muito positiva. Para nós, esse impacto genuíno vale mais do que qualquer colaboração paga. Podemos destacar que, mais recentemente, Eugénie Trochu, antiga diretora da Vogue France, mencionou-nos em artigos para a Who What Wear. Receber esse reconhecimento tão rapidamente, especialmente de pessoas tão influentes na indústria, é uma grande conquista.





