O Grupo Pinto Basto, que integra várias empresas, está ligado à atividade logística, assegurando serviços relativos ao transporte intermodal, incluindo a navios, e o seu presidente, Bruno Bobone, levou ao Forbes Annual Summit 2025 um aviso claro sobre o que considera ser a maior oportunidade que Portugal continua a desperdiçar: o mar. Durante o painel “O Legado no Mundo dos Negócios. Empresas com Propósito”, que decorreu na sede da EDP em Lisboa, Bruno Bobone sublinhou que “temos uma das maiores áreas marítimas do mundo, mas não investimos nada no desenvolvimento desta área”, apontando diretamente para a falta de visão estratégica do país.
Para Bruno Bobone, o atraso português começa a ser evidente num momento em que vários setores emergentes se desenvolvem além-fronteiras: “Começamos agora com a investigação do mar, com o tema da energia das ondas, da piscicultura, mas o Estado português não agarrou essa oportunidade.”
A crítica estendeu-se à forma como o tema é tratado ao mais alto nível político. “O mar é de tal forma transformador que deveríamos ter um Primeiro-Ministro preocupado com o tema do mar, a ponto de fazer reuniões sobre o mar com todos os Ministérios, pois é um tema que afeta todos os setores da economia do país”, disse, defendendo que esta deveria ser uma prioridade nacional. Na sua visão, “devia ser um dos maiores projetos de Portugal”.
O dirigente reforçou que os recursos marítimos nacionais não são apenas vastos, mas verdadeiramente singulares. “O nosso mar tem capacidades únicas”, afirmou. Porém, mostrou-se preocupado com a passividade nacional num momento em que outros países avançam mais depressa: “Estamos a deixar passar esse comboio e possivelmente vamos perdê-lo para outros.”
Apesar do tom crítico, Bruno Bobone não deixou de sublinhar o potencial enorme que ainda existe. “Todos os riscos valem a pena”, afirmou. E concluiu com uma mensagem de confiança, recordando que o país continua a dispor de condições excecionais para liderar esta área: “Temos tudo para fazer.”





