Artista plástica Júlia Ventura e arquiteto Pedro Domingos distinguidos com prémios da AICA

A artista plástica Júlia Ventura e o arquiteto Pedro Domingos foram distinguidos, respetivamente, com os prémios de Artes Visuais e de Arquitetura, de 2024, da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA Portugal), foi anunciado. De acordo com a Secção Portuguesa da AICA, num comunicado divulgado, as duas distinções foram atribuídas por unanimidade, pelo júri…
ebenhack/AP
A artista plástica Júlia Ventura e o arquiteto Pedro Domingos foram distinguidos, respetivamente, com os prémios de Artes Visuais e de Arquitetura, de 2024, da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA Portugal).
Arte Forbes Life

A artista plástica Júlia Ventura e o arquiteto Pedro Domingos foram distinguidos, respetivamente, com os prémios de Artes Visuais e de Arquitetura, de 2024, da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA Portugal), foi anunciado.

De acordo com a Secção Portuguesa da AICA, num comunicado divulgado, as duas distinções foram atribuídas por unanimidade, pelo júri dos Prémios AICA/MC/Millennium bcp 2024, composto pela arquiteta e historiadora Ana Tostões, que presidiu, a conservadora e curadora Emília Tavares, o curador João Mourão, a arquiteta Marta Sequeira e a arquiteta e investigadora Susana Ventura.

O Prémio de Artes Visuais foi atribuído a Júlia Ventura pelas exposições “Júlia Ventura 1975-1983”, que esteve patente entre 25 de maio e 28 de setembro do ano passado na Culturgest, em Lisboa, e “Irreversível”, que pôde ser visitada no Lumiar Cité, em Lisboa, entre 17 de maio e 03 de agosto do mesmo ano.

O júri considerou que a obra de Júlia Ventura “reveste-se de uma singular reflexão e trabalho performativo sobre a autorrepresentação, as questões de género e de identidade”.

Para os jurados, a exposição que esteve patente na Culturgest “revelou a pertinência do seu trabalho, como uma das primeiras artistas, no pós 25 de abril, a explorar os temas referidos na arte portuguesa”.

“O seu trabalho contribui de modo afirmativo para a instauração de uma linguagem particular na fotografia portuguesa contemporânea, explorando a dimensão social e política da autorrepresentação e da identidade. Constata-se também a renovação da sua linguagem e pensamento crítico sobre o poder da imagem, evidente na exposição Irreversível, apresentada no Lumiar Cité”, referiu o júri na ata, citada no comunicado divulgado pela AICA.

O Prémio de Arquitetura foi atribuído a Pedro Domingos por duas obras concluídas no ano passado (uma casa na Bordeira e outra em Colmeal, ambas localizadas no Algarve), “enquadradas num já vasto percurso profissional evidenciado em equipamentos públicos que, nos últimos anos, se tem afirmado de forma notória na cultura arquitetónica portuguesa”.

O júri refere que as obras em questão “reiteram o rigor formal e a clareza construtiva de uma prática que parte sempre do diálogo atento e sensível com o território”.

“A depuração das suas formas não resulta de qualquer desejo de abstração, mas da capacidade de traduzir em arquitetura as fragilidades e as potencialidades de uma paisagem em transformação”, lê-se na ata.

O júri recorda que “as qualidades” evidenciadas “não se limitam, contudo, à escala doméstica”, estando já presentes em equipamentos públicos como a Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga (2014) e a Biblioteca e Arquivo Municipal de Grândola (em coautoria com Pedro Matos Gameiro, 2022), “e confirmam-se nos dois primeiros prémios obtidos em concursos do IHRU para habitação coletiva acessível em Setúbal e Almada, atualmente em fase de construção”.

“Nestes projetos, Pedro Domingos demonstra que o mesmo rigor, que estrutura a casa, pode igualmente organizar a cidade, afirmando a pertinência social e urbana do seu trabalho. A atribuição do prémio reconhece, assim, uma prática de continuidade e de resistência: continuidade, pela fidelidade a um entendimento disciplinar da arquitetura como expressão da cultura e do território; resistência, pela insistência em afirmar, militantemente e contra todas as pressões, que a Arquitetura é ainda uma forma de missão”, justifica o júri.

Os prémios de Artes Visuais e de Arquitetura, no valor de 10 mil euros cada um, são atribuídos pela Secção Portuguesa da AICA, em parceria com o Ministério da Cultura, Juventude e Desporto, através da Direção-Geral das Artes, e com a Fundação Millennium bcp.

A cerimónia de entrega está marcada para 15 de dezembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Os Prémios AICA têm reconhecido, desde 1981, artistas e arquitetos portugueses que, pelo seu trabalho e percurso pessoal, realizem uma contribuição de excelência para a cultura e a arte.

Em 1981, primeiro ano de atribuição destes prémios, foram distinguidos Costa Pinheiro e Álvaro Siza.

Joaquim Rodrigo, António Dacosta, Júlio Resende, Alberto Carneiro, António Sena, Álvaro Lapa, Jorge Martins, Malangatana, Nikias Skapinakis, Ana Vieira, Júlio Pomar, Cruz-Filipe, Paula Rego, René Bertholo, Helena Almeida, Daniel Blaufuks, Carlos Bunga e Luísa Cunha são alguns dos artistas distinguidos, na área de Artes Visuais, desde 1981.

Entre os arquitetos premiados estão Raul Hestnes Ferreira, Alcino Soutinho, Nuno Teotónio Pereira, Victor de Figueiredo, Manuel Vicente, Gonçalo Byrne, Pedro Ramalho, Manuel Tainha, Carrilho da Graça, Frederico George, Fernando Távora, Eduardo Souto de Moura, Pancho (Anâncio) Guedes, Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, Daciano da Costa, Ruy d’Athouguia, Paulo David, José Neves e Ricardo Carvalho.

Lusa

Mais Artigos