Ramziya Muborakshoeva: “Energia limpa e acessível é essencial para desenvolvimento humano e longevidade”

“Energia é mais do que infraestrutura, e eletricidade vai além de uma necessidade básica. Ainda assim, mais de 700 milhões de pessoas vivem sem acesso a ela”, afirma Ramziya Muborakshoeva, da Pamir Energy, que veio a Portugal participar no EuroAmericas Forum. A Lead Strategic Partnerships and Resource Mobilization da Pamir Energy, no Tajiquistão, destaca que…
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Ramziya Muborakshoeva, da Pamir Energy, esteve em Portugal no EuroAmericas Forum, destacando que a transição energética é “o teste que define este século”. A especialista sublinhou que levar eletricidade a comunidades remotas não é apenas uma questão técnica, mas uma transformação social.
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“Energia é mais do que infraestrutura, e eletricidade vai além de uma necessidade básica. Ainda assim, mais de 700 milhões de pessoas vivem sem acesso a ela”, afirma Ramziya Muborakshoeva, da Pamir Energy, que veio a Portugal participar no EuroAmericas Forum. A Lead Strategic Partnerships and Resource Mobilization da Pamir Energy, no Tajiquistão, destaca que a transição energética representa “o teste que define este século”.

“O verdadeiro desafio não é apenas alcançar o net zero, mas fazê-lo de forma equitativa, inclusiva e sustentável”, acrescenta Muborakshoeva. “É fundamental garantir acesso a energia limpa e economicamente acessível, algo diretamente ligado ao desenvolvimento humano”, refere, citando relatórios do Banco Mundial que mostram a correlação entre energia, longevidade, literacia e qualidade de vida.

Ramziya Muborakshoeva

Segundo a especialista, a Pamir Energy tem contribuído para levar eletricidade às aldeias mais remotas do Tajiquistão. “Mulheres dessas comunidades contaram-nos que ganharam tempo; tempo para elas próprias e para os filhos. Com eletricidade, deixaram de precisar de dedicar quatro horas diárias a apanhar lenha”, explica. “Mesmo em geografias consideradas frágeis, é possível assegurar acesso sustentável à energia”.

Muborakshoeva sublinha ainda que o sucesso depende de parcerias estratégicas, envolvendo governos, setor privado e comunidades locais. “Atualmente, focamo-nos no chamado blended financing, que combina fundos públicos, doações e investimentos privados”.

Para além do financiamento, a especialista destaca a importância da resiliência, confiança e inclusão. “A comunidade precisa de ser co-proprietária da energia — é isso que garante a durabilidade das infraestruturas. Esta realidade aplica-se tanto na Europa como nas Américas. A transição energética não é apenas um desafio de engenharia, mas sim um desafio humano”, conclui.

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