O chefe dos Direitos Humanos da ONU alertou hoje para o risco de os direitos humanos serem as primeiras vítimas da Inteligência Artificial (IA) generativa explorada pelas empresas que dominam a tecnologia.
“A IA generativa encerra um potencial imenso, mas a sua exploração para fins puramente políticos ou económicos pode manipular, deturpar e desviar a atenção”, declarou Volker Turk em Genebra, Suíça.
Turk considerou que “sem garantias e regulamentações adequadas, os sistemas de IA poderão transformar-se num monstro Frankenstein dos tempos modernos”.
“O modelo económico atual das plataformas de redes sociais já está a alimentar a polarização, o extremismo e a exclusão. Muitos países debatem-se para travar este fenómeno”, afirmou Turk durante um fórum sobre empresas e direitos humanos.
Embora a IA generativa seja portadora de “imensas promessas”, os direitos humanos podem “ser as primeiras vítimas”, defendeu o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Turk alertou que a exploração da IA generativa “para fins puramente políticos ou económicos” representa uma ameaça para “o direito à privacidade, a participação política, a liberdade de expressão e o direito ao trabalho”.
Tais ameaças poderão resultar em “prejuízos que comprometem as promessas das tecnologias emergentes” e gerar consequências imprevisíveis.
“É da responsabilidade dos governos unirem-se para evitar um tal cenário”, insistiu.
Turk destacou outra ameaça representada pela concentração crescente do poder das empresas e pela “acumulação massiva de riqueza pessoal e empresarial nas mãos de um punhado de atores”.
“Nalguns casos, isto ultrapassa o peso económico de países inteiros”, declarou, insistindo que, quando “o poder não é enquadrado pela lei, pode levar a abusos e à subjugação”.
A Inteligência Artificial generativa é uma tecnologia que permite desenvolver tarefas em vários domínios, como escrita, imagem, dados, saúde ou negócios, com base em dados inseridos previamente.
A tecnologia surgiu para o público em novembro de 2022, com o lançamento do ChatGPT pela norte-americana OpenAI, mas multiplicou-se desde então, com aplicações como Gemini (Google), Copilot (Microsoft) ou Claude (Anthropic).
Diversos governos e organizações têm alertado para o perigo da utilização da IA generativa sem regras por depender de informações que podem conter enviesamentos que condicionem os utilizadores do ponto de vista político, social e económico.
Lusa





