O Natal é, por excelência, uma época de alegria, convívio e celebração. Mas também é um período em que o peso dos gastos se torna mais visível: presentes, jantares, viagens, decorações, etc. A lista cresce e o orçamento familiar estica até onde pode.
É neste contexto que muitos portugueses consideram pedir crédito. Mas, quando se contrai um empréstimo nesta altura, apenas se vêem presentes debaixo de uma árvore; não se vislumbram as prestações que vão pesar no orçamento mensal durante os próximos meses. E aqui reside o primeiro problema: em dezembro, ninguém pensa em janeiro. Muito menos em julho do ano seguinte, quando as férias voltam a sufocar a carteira e aquela mensalidade do crédito continua lá, a sair da conta.
O problema não está no crédito em si. Está, sim, em utilizar este instrumento para consumo supérfluo durante uma época em que as emoções e a pressão social turvam o julgamento financeiro.
Cada português que pede crédito em dezembro para ter um “Natal memorável” está, na verdade, a hipotecar 2026. Está a comprometer a sua margem de manobra financeira durante meses por causa de duas ou três semanas de celebração.
Depois, há o efeito dominó: quando janeiro chega com as contas habituais e a prestação do crédito de Natal, muitos recorrem novamente a financiamento para colmatar o buraco. Cria-se um círculo vicioso difícil de quebrar.
Posto isto, há uma questão fundamental a colocar antes de se avançar com qualquer pedido de crédito nesta época: consigo pagar a totalidade da dívida no mês seguinte? Neste caso, utilizar especificamente um cartão de crédito pode ser uma escolha responsável e segura.
Mais do que a intenção, contam a disciplina e o compromisso de não transformar uma festa temporária numa dívida permanente.
Em última análise, a pergunta mais relevante a fazer é: estou a planear o meu Natal ou apenas a adiar um problema? Esta última opção não é, nunca será, o caminho quando se trata de gestão de finanças pessoais.
Tiago Pestana,
Analista de Crédito no CréditoPessoal.pt





