O realizador Sérgio Graciano está a dar vida a uma das figuras mais queridas e enigmáticas da música portuguesa: Carlos Paião. O filme “Playback”, atualmente em rodagem, promete ser uma celebração da irreverência, talento e singularidade do artista que pôs o país inteiro a cantar “Playback” no início dos anos 80 — e que, mais de três décadas após a sua morte, continua a inspirar novas gerações.
A produção, assinada pela Caos Calmo Filmes, conta com argumento de Mário Cenicante e estreia prevista para o verão de 2026, com distribuição pela NOS Audiovisuais e exibição posterior em formato minissérie na RTP.
O homem por detrás do artista
“Playback” é uma viagem ao coração de um criador que ousou trocar a segurança de uma carreira em medicina pela incerteza da música. “Queremos mostrar o homem por detrás do artista — o estudante sonhador que acreditava que a música podia mudar tudo”, explica o realizador Sérgio Graciano.
O papel de Carlos Paião é interpretado por Rafael Ferreira, jovem ator escolhido num casting nacional que envolveu mais de duas centenas de candidatos, culminando simbolicamente em Ílhavo – terra natal do músico e um dos cenários centrais do filme.
O elenco inclui ainda Laura Dutra, Rita Durão, António Mortágua, Anabela Moreira e Albano Jerónimo, entre outros nomes de destaque do cinema e da televisão portuguesa.
Entre a comédia, o drama e a memória coletiva
Com uma abordagem entre o drama e a comédia, “Playback” revisita o Portugal das décadas de 70 e 80 – um país em transição, onde o moralismo e a modernidade colidiam, e onde uma geração começava a descobrir-se livre.
“Apesar do final trágico, é um filme feliz, porque o Carlos Paião e quem o rodeava eram pessoas felizes”, sublinha Graciano. “O filme retrata essa felicidade, essa leveza e liberdade que marcaram os anos 1970 e 1980.”
O filme tem estreia prevista para o verão de 2026, pela distribuidora NOS Audiovisuais.
“Playback” começou a ser rodado no passado dia 3 de novembro e as filmagens prolongar-se-ão até dezembro, em Lisboa, Cascais e Ílhavo, de onde era natural a família e onde estão os restos mortais do cantor.
Música inédita
A produtora destaca a inclusão de uma música inédita de Carlos Paião, composta pelo próprio e cedida à produção com a colaboração da sua mulher, Zaida Cardoso.
“Ouvimos gravações originais e ficámos com os direitos de uma música para interpretar no filme”, revela o realizador, sem adiantar o título da canção.
Graciano admite ainda uma ambição maior: “Queremos saber como soaria Carlos Paião em 2025. O desafio é fazer com que uma nova geração o ouça, que vá além dos grandes êxitos e descubra o artista completo, super-musical e super-melódico que ele foi”.
Nascido em Coimbra em 1957 e falecido em 1988 num acidente de automóvel, Carlos Paião deixou mais de duzentas canções no cancioneiro nacional. Entre elas, clássicos como “Cinderela”, “Pó de Arroz”, “Vinho do Porto”, “Souvenir de Portugal” e “Playback”.
Compôs para nomes como Amália Rodrigues, Lenita Gentil, Mísia e Herman José, para quem escreveu as letras da icónica personagem Serafim Saudade.
com Lusa





