A apetência dos portugueses para procurar novos caminhos fora de fronteiras não é nova, mas, ainda assim está a crescer. São cerca de 34% os portugueses que estão dispostos a abandonar o país à procura de melhores condições de vida, segundo os dados revelados pelo estudo “Consumer Sentiment Survey 2025”, realizado pela consultora Boston Consulting Group (BCG). Esta percentagem é superior em dois pontos percentuais à recolhida no estudo de 2024, o que indica uma tendência ascendente nesta matéria. O estudo inquiriu mil portugueses em todo o território nacional utilizando para isso 44 perguntas relacionadas com o sentimento dos portugueses para com os seus hábitos de consumo.
A procura de melhores condições profissionais é o primeiro motivo para a potencial emigração, com 37% das respostas, seguindo-se o descontentamento com a realidade política, fiscal e social existente país. No entanto, a tendência diminui à medida que a idade avança, sendo os mais jovens mais propensos a atravessar fronteiras. A percentagem de jovens entre os 18 e os 24 anos que admite vir a emigrar passou dos 64% em 2024 para os 73%, sendo que a tendência também é mais elevada entre os jovens com formação superior, que atinge os 35%.
“Este estudo destaca que não estamos a conseguir sequer abrandar a tendência de emigração de uma parte substancial das nossas gerações mais novas, e em particular as pessoas com maior nível de qualificação (…), refere Eduardo Bicacro, managing director & partner da BCG.
O estudo analisou igualmente a relação dos portugueses com o trabalho e conclui que, para além da remuneração, os portugueses valorizam a autonomia e a responsabilidade, com 26% das respostas, bem como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, que fica muito próxima com 25% dos inquiridos. Estes dois itens subiram dois pontos percentuais cada face ao questionário do ano passado. Seguiram-se respostas como um ambiente de trabalho saudável e colaborativo, com 22%, e as amizades ou relacionamentos interpessoais com 18%. No fim das opções ficaram dimensões como o propósito e significado, a flexibilidade, e os benefícios adicionais, item que só recolheu 5% das respostas.
Relativamente aos modelos de trabalho, 72% dos inquiridos está a 100% presencial, mas mais de 60% preferia estar em trabalho remoto, total ou parcialmente. Apenas 10% dos inquiridos estão em trabalho totalmente remoto, mas cerca de 25% refere ser esta a sua preferência, sobretudo no caso dos profissionais até aos 45 anos. Além disto, os portugueses também valorização a diversidade no local de trabalho, já que 80% referem que é importante trabalhar num ambiente diverso, e 17% consideram que é mesmo essencial.

Eduardo Bicacro, managing director & partner da BCG refere que “Este estudo destaca que não estamos a conseguir sequer abrandar a tendência de emigração de uma parte substancial das nossas gerações mais novas, e em particular as pessoas com maior nível de qualificação. Isto está diretamente relacionado com a gradual perda de competitividade dos salários em Portugal, que nos expõem particularmente neste tipo de talento que encontra mais facilmente soluções lá fora”.
E acrescenta que “é importante sublinhar que nem tudo se resume à remuneração. Existem outros atributos que os profissionais valorizam e que influenciam a sua preferência por outros mercados: a autonomia que lhes é dada, o respeito pelo equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal e a flexibilidade horária são aspetos em que estamos ainda atrás de alguns mercados na Europa e noutros continentes, que continuam a atrair o nosso melhor talento”.





