Há lugares onde o tempo passa mais devagar, numa atmosfera silenciosa, que preserva a história que ali se escreve há séculos. No coração do Douro, na sub-região de Cima Corgo, onde o rio desenha curvas e as encostas são cobertas pelo manto de vinhas, a Quinta Vale D. Maria assume o papel de guardiã de um tesouro raro.
Falamos de vinhas velhas, com 41castas diferentes, que foram plantadas de forma aleatória ao longo de décadas, de acordo com a inclinação, a exposição solar e a altitude. As parcelas cultivadas com mestria dão origem a uvas com maturações mais rápidas, nas vinhas viradas a sul. Enquanto, no lado mais resguardado do calor, as vinhas voltadas a norte produzem uvas que revelam frescura e acidez. É esta diversidade de solos, castas e clima que cria a base natural para a produção de vinhos únicos.
AS RAÍZES DA MEMÓRIA
As origens da Quinta Vale D. Maria remontam a 1868, mas foi a partir de 1996 que a propriedade entrou numa nova era pela mão de Cristiano van Zeller, produzindo vinhos de elevada qualidade e reconhecimento internacional. Em 2017, a quinta foi adquirida pela Aveleda, que garante a continuidade do seu legado, com foco na excelência e na sustentabilidade.
A preservação de vinhas velhas nasce, antes de mais, de uma paixão. Cuidar destas vinhas exige uma sabedoria que não se aprende apenas com o tempo, mas com o olhar atento e o gesto cuidadoso de quem entende o ritmo da natureza. Cada videira tem o seu próprio compasso, as suas exigências e fragilidades. É preciso sentir a vinha, reconhecer os sinais e agir com dedicação e paciência.
Estas vinhas podem ter baixo rendimento, pequenos cachos ou poucas uvas, mas guardam em si uma complexidade ímpar. O fruto carrega o sabor do solo xistoso, o calor do sol e os ecos de muitos anos de vindimas. Cada bago é um concentrado de experiências e memórias.
O EMBLEMA DA QUINTA
Desta riqueza nasce o Quinta Vale D. Maria Vinhas Velhas, o vinho que melhor traduz o espírito da casa e a alma do Douro. Um field blend raro, plantado há mais de 60 anos, que resulta de 41 castas misturadas na mesma vinha, tal como se fazia antigamente quando os viticultores acreditavam que a diversidade era o segredo da harmonia.
Cada garrafa é um reflexo desta filosofia, um vinho complexo, profundo, com várias camadas que se revelam lentamente. Fruto da conjugação entre tradição e precisão contemporânea, o Quinta Vale D. Maria das Vinhas Velhas é o ponto de encontro entre o passado e o futuro, a interpretação moderna de uma herança ancestral.
No copo, revela a densidade e elegância típicas do Douro, com aromas de cereja, ameixa e amora silvestre, notas de especiarias e uma estrutura que promete longevidade. Mais do que um vinho para provar, é uma experiência para desfrutar. É o reflexo de um território e de uma visão que recusa atalhos, onde o tempo é o principal aliado.
A VINHA COMO INGREDIENTE ESSENCIAL
Na Quinta Vale D. Maria, o tempo não se mede em anos ou colheitas, mas em gerações. A paciência faz parte do processo. Há um respeito quase sagrado por cada detalhe: o trabalho manual nas vinhas, a vindima feita à medida do amadurecimento ideal, a pisa em lagares de granito, permitindo a extração delicada de aromas e taninos, o repouso sereno em adega. Nada é apressado, porque tudo o que é autêntico precisa de tempo para alcançar a perfeição.
O Quinta Vale D. Maria Vinhas Velhas é, acima de tudo, um testemunho de resiliência das vinhas que resistem, das pessoas que as cuidam e dos antepassados que nelas depositaram a sua sabedoria. A cada vindima, renova-se o compromisso de continuidade, respeito por um terroir que molda o caráter de um vinho e de uma região.
Há um trabalho de equipas dedicadas que procura assegurar vinhas capazes de expressar a mesma autenticidade às futuras gerações. Foi com esse propósito que a Aveleda iniciou recentemente a plantação de 2 hectares com castas durienses algo esquecidas, com o objetivo de garantir a preservação da memória genética do Douro.
UM LEGADO QUE SE PROVA
Ao abrir uma garrafa de Quinta Vale D. Maria Vinhas Velhas, não se celebra apenas o prazer do vinho, honra -se o espírito de uma região e de uma família que entende o vinho como uma herança viva. A colheita de 2022 integra a lista dos 50 Great Red Wines of the World, publicada em agosto pela organização que reúne anualmente um painel internacional de especialistas do sector vitivinícola, para distinguir os melhores vinhos a nível mundial. Além do Quinta Vale D. Maria Vinhas Velhas 2022, foram ainda distinguidos os outros três vinhos da Coleção de Vinhas da Quinta Vale D. Maria.
Num mundo onde tudo parece acelerado, o Quinta Vale D. Maria Vinhas Velhas convida-nos para uma pausa. É um vinho para ser escutado, para ser sentido com tempo, como uma longa conversa entre velhos amigos.
Este artigo foi produzido em parceria com a Aveleda.





