Quando aumentar salários já não chega para reter talento

Durante décadas, o salário foi o principal argumento para atrair e reter talento. Hoje, já não é suficiente. O último inquérito global da CEMS – The Global Alliance in Management Education, que agrega 33 das melhores escolas de gestão do mundo, incluindo a Nova SBE –, mostra que 53% dos jovens profissionais aceitariam ganhar menos…
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Mais de metade dos jovens profissionais trocaria 10% do salário por maior felicidade no trabalho. O dado, revelado por um estudo internacional da CEMS – rede académica que inclui a Nova SBE –, é mais do que uma curiosidade geracional: é um alerta para empresas que continuam a gerir equipas com métricas do século passado.
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Durante décadas, o salário foi o principal argumento para atrair e reter talento. Hoje, já não é suficiente. O último inquérito global da CEMS – The Global Alliance in Management Education, que agrega 33 das melhores escolas de gestão do mundo, incluindo a Nova SBE –, mostra que 53% dos jovens profissionais aceitariam ganhar menos em troca de maior felicidade no trabalho, enquanto apenas 7% rejeitariam essa hipótese.

Ou seja, há uma nova geração de profissionais valoriza tanto o bem-estar como a remuneração. E quer equilíbrio, propósito e liberdade.

Entre os fatores mais determinantes para a felicidade profissional, os inquiridos destacaram bons colegas de trabalho (31%), trabalho com significado (28%) e flexibilidade (27%). A cultura organizacional e o sentido de pertença ganham, assim, terreno face a métricas tradicionais como bónus ou planos de carreira.

“Embora o salário seja importante, este inquérito mostra que não é o único fator decisivo para os jovens profissionais. Valorizam cada vez mais a felicidade, a realização pessoal e a oportunidade de ter impacto, vendo o local de trabalho como uma verdadeira comunidade”, sublinha Nicole de Fontaines, diretora executiva da CEMS.

A leitura é partilhada por Catherine da Silveira, associate dean da Nova SBE e diretora académica do programa CEMS em Portugal: “As empresas precisam de formar líderes preparados para conciliar valores económicos, sociais e ambientais. O objetivo é criar organizações mais humanas e sustentáveis.”

Este novo equilíbrio entre salário e propósito obriga as empresas a repensar o que realmente significa competitividade. Se no passado a retenção de talento passava por aumentos salariais, hoje exige estratégias de cultura e liderança que cultivem empatia, confiança e desenvolvimento pessoal.

Num contexto em que as fronteiras entre vida profissional e pessoal se tornaram mais difusas, o desafio para os gestores é claro: o futuro do trabalho será menos sobre pagar mais, e mais sobre fazer sentido.

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