Luxo em retração: apenas os clientes de topo estão a sustentar o mercado global

O mercado de luxo pessoal está a atravessar, a nível global, um dos períodos mais desafiantes da sua história recente, com os indicadores a registarem uma taxa inédita de –2%, a mais baixa em mais de uma década, refere o estudo “True-Luxury Global Consumer Insights”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), em parceria com a…
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O mercado mundial do luxo pessoal enfrenta a maior desaceleração em mais de uma década, com uma quebra inédita de 2% no crescimento. Segundo o estudo “True-Luxury Global Consumer Insights”, da Boston Consulting Group (BCG) e Altagamma, o futuro do setor passa por focar nas elites que representam apenas 0,1% dos consumidores, mas geram 23% do valor total do mercado.
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O mercado de luxo pessoal está a atravessar, a nível global, um dos períodos mais desafiantes da sua história recente, com os indicadores a registarem uma taxa inédita de –2%, a mais baixa em mais de uma década, refere o estudo “True-Luxury Global Consumer Insights”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), em parceria com a Altagamma. “Este desempenho é explicado pelo comportamento dos consumidores aspiracionais, atualmente mais vulneráveis financeiramente, pelo que, para o mercado voltar a crescer, as marcas terão que apostar nas relações com os clientes de topo”, assinala a análise.

De acordo com o estudo, os consumidores aspiracionais (aqueles que gastam até 5.000 euros por ano em luxo pessoal e de experiências), “que foram os principais impulsionadores do crescimento deste mercado durante décadas, são os que permanecem mais expostos à volatilidade macroeconómica e estão agora a mostrar fragilidades. Só no ano passado, cerca de 35% destes consumidores reduziram ou suspenderam os seus gastos em luxo, desviando-os para outros produtos como os de poupança e investimento, bem-estar e de segunda mão. Cerca de 50% destes clientes admite ainda sentir-se financeiramente vulnerável. Consequentemente, a sua quota de mercado desceu para 60%, uma diminuição de 13 de pontos percentuais entre 2013 e 2024”, aponta o documento.

Por outro lado, os clientes de topo (top-tier clients ou beyond money), que gastam, em média, mais de 360 mil euros por ano, podendo ultrapassar os 500 mil euros caso se incluam segmentos como viagens, automóveis, tratamentos de bem-estar e arte, estão a ganhar terreno. Apesar de representarem apenas 0,1% do mercado, estes clientes estão a reafirmar a sua posição enquanto principal motor para o crescimento a longo prazo, ao gerarem 23% do valor. Além de manterem os seus níveis de consumo neste setor, 50% destes clientes afirma que pretende aumentá-lo entre 5% a 25% nos próximos 18 meses, o que mostra que os seus gastos em luxo, ao contrário dos consumidores aspiracionais, vão “contra a maré” das flutuações económicas.

Resultado: as marcas que construíram uma base de clientes composta mais de 50% por consumidores aspiracionais, baseando-se na massificação, estão atualmente a enfrentar quedas mais acentuadas, com um desempenho significativamente inferior nos últimos 12 meses. Pelo contrário, as que mantiveram o foco nos clientes de topo, privilegiando sempre a exclusividade e a relação de proximidade, estão a prosperar.

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