A Finsolutia está no mercado financeiro desde 2007 onde desenvolve soluções tecnológicas para a gestão de créditos e ativos imobiliários. A empresa, com escritórios em Lisboa e Madrid, assume-se como parceira de bancos, corretoras e instituições financeiras com a missão contribuir para a definição e criação de processos que visam a transformação digital no segmento do crédito habitação.
Recentemente divulgou o relatório ESG 2024, no qual anuncia ter atingido a neutralidade carbónica em emissões diretas e indiretas, com 98,11% da eletricidade consumida a ter origem em fontes renováveis, e o lançamento de um plano estratégico de inteligência artificial generativa, orientado por princípios de ética digital, cibersegurança e conformidade regulamentar. O relatório destaca ainda que a tecnológica conta com mais de 410 profissionais de dez nacionalidades distintas, com uma distribuição de género de 51% de mulheres e 49% de homens, e uma representação feminina em cargos de liderança superior a 40%.
Em entrevista à Forbes Portugal, o managing director em Internal Audit & Compliance da Finsolutia, Bernardo Cabral, detalha o percurso da tecnológica da área de soluções de crédito habitação e ativos imobiliários para cumprir com os critérios ESG que lhe conferem este estatuto de neutralidade carbónica. Ao mesmo tempo, Bernardo Cabral salienta que a Finsolutia não só ambiciona ser rentável, como também pretende ser resiliente e relevante no longo prazo. E refere que ao integrar sustentabilidade no core business fortalece as relações com os clientes, atrai e retém talentos, reduz os riscos e gera um impacto positivo nas comunidades onde atua. O gestor garante que a visão da tecnológica para 2030 é clara: ser pioneiro em ESG e uma referência em inovação responsável.
O relatório ESG 2024 mostra que a Finsolutia atingiu a neutralidade carbónica. Que significado tem este marco para a empresa e para o setor financeiro em que atua?
Alcançar a neutralidade carbónica constitui um marco estratégico para a Finsolutia e para o setor financeiro. Representa um compromisso efetivo com a sustentabilidade, reforça a credibilidade institucional e aumenta a confiança de clientes e investidores, permitindo-nos destacar-nos da concorrência e abrir portas a novos mercados e contratos que exigem metas de descarbonização. Este resultado reflete a eficiência operacional, a utilização de energias renováveis e a inovação tecnológica, iniciativas que reduzem emissões, otimizam custos e ajudam a atrair talento, sobretudo entre as gerações mais jovens que valorizam práticas sustentáveis. O impacto é igualmente visível nas avaliações de rating ESG, onde metas claras de descarbonização contribuem para melhores classificações e maior atratividade junto de investidores institucionais focados em finanças sustentáveis. Ao mesmo tempo, este marco serve de referência para o setor, pressionando outras instituições a acelerar os seus compromissos ambientais.
Que medidas concretas permitiram alcançar este objetivo em tão pouco tempo e quais serão os próximos passos em matéria de descarbonização?
As principais medidas adotadas pela modernização dos sistemas de climatização e de iluminação, pela digitalização de processos com vista a reduzir consumos de papel e energia, pela migração para contratos de fornecimento de eletricidade proveniente de fontes de energia renováveis, pela aquisição de uma frota corporativa elétrica ou híbrida e pela gestão responsável de resíduos, com redução de plásticos descartáveis e reforço da reciclagem. Complementámos estas iniciativas com a compensação das emissões residuais através da aquisição de créditos de carbono e do apoio a projetos de reflorestação. Quanto ao futuro, os próximos passos passam por continuar a investir em soluções de fintech e inteligência artificial que permitam uma monitorização contínua das emissões, bem como por reforçar a cultura de educação corporativa através de formação contínua em temas ESG aos colaboradores e gestores.
A Finsolutia conta com mais de 410 profissionais de dez nacionalidades e uma representação feminina em cargos de liderança superior a 40%. Como avalia o impacto desta diversidade no desempenho e na cultura da empresa?
A diversidade de nacionalidades, géneros e experiências enriquece o processo de tomada de decisão, conduz a soluções mais criativas e fortalece a nossa capacidade de inovação, fator crítico num setor financeiro em profunda transformação. Constitui também uma vantagem competitiva na captação de talentos e clientes que valorizam empresas alinhadas com os seus princípios, ao mesmo tempo que promove internamente um ambiente inclusivo, colaborativo e aberto ao diálogo. A liderança feminina é um destaque particular, representando já mais de 40% dos cargos de gestão, o que é um sinal claro do nosso compromisso com a equidade de género. Este compromisso foi recentemente reforçado com o lançamento da nossa estratégia DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), que reafirma a diversidade, a equidade e a inclusão como pilares centrais da cultura da Finsolutia. Em suma, esta diversidade funciona como uma verdadeira alavanca estratégica: reforça a resiliência da empresa, responde às expectativas ESG e aumenta a nossa capacidade de enfrentar desafios globais.
O relatório destaca ainda que 100% dos colaboradores participaram em programas de formação, com uma média de 38 horas por pessoa. Que papel desempenha o investimento no talento na estratégia ESG da Finsolutia?
Investir no talento não é apenas uma função dos recursos humanos, mas sim um eixo estratégico da nossa visão ESG. Fortalece a dimensão social, garante uma governance eficaz e cria bases sólidas para um crescimento sustentável e ético. Na Finsolutia acreditamos numa cultura aprendizagem ao longo da vida, em que a formação contínua é essencial para acompanhar a transformação do setor e potenciar inovação. Os nossos colaboradores são o maior ativo da empresa e, por isso, investir no seu desenvolvimento é investir diretamente no futuro da nossa organização.
Um dos pontos relevantes do relatório é o roadmap estratégico de Inteligência Artificial Generativa, alinhado com princípios de ética digital e cibersegurança. Como é que a Finsolutia equilibra inovação tecnológica com responsabilidade ética?
Na Finsolutia, acreditamos que a inovação e a responsabilidade são indissociáveis. Definimos uma estratégia para a adoção e a utilização de Inteligência Artificial Generativa, em conformidade com os princípios de ética digital e de segurança cibernética, de modo a garantir que cada aplicação de IA seja projetada de forma transparente, segura e respeitosa. Num setor regulamentado e altamente sensível como o do Servicing, esta abordagem permite alcançar a eficiência operacional sem comprometer a confiança ou a integridade. Ao nível da proteção de dados, cumprimos rigorosamente com o RGPD, reforçado pela certificação ISO 27701 em gestão de privacidade. No que se refere a cibersegurança, seguimos standards internacionais como a ISO 27001, ISO 22301 e a ISO 42001, considerados requisitos fundamentais para a Finsolutia. Isto traduz-se na integração da IA em arquiteturas seguras, com autenticação forte, monitorização e resposta a incidentes em tempo real. Temos também um plano de continuidade com protocolos claros para eventuais falhas ou usos indevidos de sistemas automatizados. Além disso, investimos em formação contínua, tanto em boas práticas de cibersegurança, já existentes, como na criação de programas específicos sobre uso responsável da IA, que serão implementados a curto prazo. A Finsolutia mostra que responsabilidade e inovação não são opostas, mas complementares. Ao integrarmos princípios éticos, cibersegurança e governance ao roadmap de IA generativa, criamos confiança junto de clientes, reguladores e investidores.
Quais são os maiores riscos e oportunidades que a empresa identifica no uso de IA no setor financeiro e imobiliário?
A utilização de IA neste setor exige uma governação robusta, supervisão humana e alinhamento regulatório. Entre os riscos, destacam-se as questões de cibersegurança, dado que o setor financeiro é um alvo prioritário de ataques externos e as vulnerabilidades dos modelos podem ser exploradas para manipular resultados, roubar dados ou cometer fraude. Existe também o risco de uma dependência excessiva da automação: decisões críticas sem supervisão humana podem gerar erros sistémicos de grande impacto financeiro e reputacional. Por fim, o crescente escrutínio regulamentar obriga a uma adaptação rápida e contínua, garantindo transparência e responsabilidade no uso da IA. No entanto, as oportunidades são igualmente relevantes. A automação inteligente permite aumentar a eficiência em análise de crédito, gestão de risco, due diligence e processamento de grandes volumes de dados. A experiência do cliente pode ser significativamente melhorada com onboarding digital mais rápido e assistentes virtuais mais eficazes. Já no compliance, a IA pode reforçar o AML/KYC e detetar fraudes em tempo real, reduzindo riscos regulatórios e custos de auditoria.
A Finsolutia reforçou o seu modelo de governação com várias certificações. Como é que estas práticas fortalecem a confiança dos clientes e parceiros?
Ao adotar certificações e reforçar o seu modelo de governação, a Finsolutia constrói uma imagem de confiança, reduz riscos e estabelece relações mais sólidas e duradouras com clientes, investidores e parceiros estratégicos.
Que importância tem a transparência e a conformidade regulatória na consolidação da reputação da empresa como referência ibérica?
A transparência e a cumprimento regulamentar são dois pilares fundamentais, que não são encarados na nossa organização como apenas obrigações legais. São ativos estratégicos que fortalecem a reputação, atraem capital de longo prazo e consolidam a posição da empresa como referência de confiança na Península Ibérica.
O relatório menciona o objetivo de alinhar o desempenho financeiro com sustentabilidade de longo prazo. Como é que a Finsolutia pretende continuar a gerar valor sustentável para clientes, colaboradores e comunidades?
A Finsolutia não só ambiciona rentável, como também resiliente e relevante no longo prazo. Ao integrar sustentabilidade no core business, cria um ciclo íntegro: fortalece as relações com os clientes, atrai e retém talentos, reduz os riscos e gera um impacto positivo nas comunidades onde atua.
Quais são os maiores desafios que antecipa para os próximos anos na implementação de estratégias ESG, sobretudo no setor financeiro e tecnológico?
No setor financeiro e tecnológico, a implementação de práticas ESG é particularmente exigente porque implica conciliar inovação acelerada com um rigor regulamentar, uma governação sólida e uma transformação cultural. O grande desafio consiste em traduzir metas ESG em práticas mensuráveis, apoiadas por dados fiáveis e comparáveis, num contexto em que os stakeholders pedem cada vez mais transparência. É igualmente fundamental garantir envolvimento interno, para que ESG não seja apenas uma política corporativa, mas parte integrante da cultura organizacional. Acreditamos que, quando estes desafios são enfrentados com estratégia clara, comunicação transparente e métricas sólidas, estes se transformam em oportunidades de diferenciação e liderança sustentável.
Qual é a sua visão para a Finsolutia em 2030 no que toca a liderança ESG e inovação responsável?
A nossa visão para 2030 é clara: queremos ser pioneiros em ESG e referência em inovação responsável. Ambicionamos ser reconhecidos como uma organização resiliente e inspiradora, que alia rentabilidade, ética e impacto positivo, colocando tecnologia ao serviço da sustentabilidade.
Nesta fase, como caracteriza a atividade da Finsolutia com base em alguns indicadores financeiros, como ativos sob gestão e outros que possa divulgar?
A nível operacional a Finsolutia, através da sua tecnologia interna (a plataforma 4Sight), originou e geriu mais de 150 mil novas hipotecas. Nos últimos anos, registou um crescimento consistente em ativos sob gestão (NPLs), tendo alcançado, no final de 2024 uma posição estável em torno dos 3.630 milhões de euros. Este desempenho reflete o equilíbrio dinâmico entre carteiras de crédito e de REO, num mercado em constante transformação. Paralelamente, a empresa evoluiu para além dos seus serviços de gestão de carteiras de créditos NPL e imóveis, consolidando-se como líder tecnológica em soluções de crédito e hipoteca. A sua plataforma proprietária continua a expandir-se em termos de equipa, capacidades e presença, marcada mais recentemente pela entrada em novos mercados europeus. Esta trajetória confirma a Finsolutia como um player sólido, tecnológico e em crescimento sustentável no setor financeiro.





