“Destruir Amazónia é destruir um santuário de curas”

O etnobotânico norte-americano Mark Plotkin alertou ontem em Lisboa que destruir a Amazónia é “destruir um santuário de biodiversidade e de curas milagrosas”. “A conservação não é um sacrifício, é um benefício e uma necessidade”, disse o responsável numa conferência sobre a floresta, organizada pelo grupo empresarial Jerónimo Martins, destacando que esse “santuário” está a…
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O etnobotânico norte-americano Mark Plotkin alertou ontem em Lisboa que destruir a Amazónia é “destruir um santuário de biodiversidade e de curas milagrosas”. “A conservação não é um sacrifício, é um benefício e uma necessidade”, disse o responsável numa conferência sobre a floresta, destacando que esse “santuário” está a ser substituído por soja.
Economia

O etnobotânico norte-americano Mark Plotkin alertou ontem em Lisboa que destruir a Amazónia é “destruir um santuário de biodiversidade e de curas milagrosas”. “A conservação não é um sacrifício, é um benefício e uma necessidade”, disse o responsável numa conferência sobre a floresta, organizada pelo grupo empresarial Jerónimo Martins, destacando que esse “santuário” está a ser substituído por soja.

Na parte final da iniciativa sob o tema “Into the Forest | Sustainability Conference” Mark Plotkin, cofundador e presidente da instituição “Amazon Conservation Team”, líder na conservação biocultural da floresta amazónica, explicou a importância da Amazónia para o planeta centrando-se na contribuição que dá para os avanços da medicina, centrada em plantas e animais mas também na sabedoria das comunidades indígenas, com quem tem trabalhado.

Falando num painel sobre o tema “Amazónia Viva”, o responsável começou por dizer que a Amazónia é “a maior fonte de sabedoria e de cura”, a área onde existem as maiores cobras, águas ou aranhas do mundo mas onde é também encontrada uma nova espécie a cada três dias, disse, para “enfatizar o que ainda está por descobrir”.

A Amazónia tem uma extensão superior a seis milhões de quilómetros quadrados e estende-se por nove países, embora a maior parte seja no Brasil.

O futuro das novas medicinas para a humanidade terá origem em venenos como o de uma tarântula azul descoberta numa região da Amazónia, e com base em duas novas enguias elétricas descobertas estão a ser estudadas novas baterias e pilhas para “pacemakers” para humanos.

Enfatizando que a natureza deve ser protegida acima de tudo, Mark Plotkin disse ainda que uma nova fonte para a medicina pode advir de uma nova espécie de escorpião descoberto na parte do Brasil da Amazónia, cujas células têm o potencial de curar o cancro.

O defensor da conservação da floresta tropical chamou também a atenção para a variedade de produtos que ou só existem na Amazónia ou que ali têm origem como os amendoins, o cacau, o feijão, o milho ou o ananás, o inhame ou a mandioca.

“Só um pequeno grupo tribal na Amazónia tem 200 variedades de mandioca. Com as alterações climáticas temos de proteger essas espécies”, disse o especialista, autor do livro “The Shaman’s Apprentice”, sobre a sabedoria dos indígenas em termos de medicina através das plantas e sobre os perigos de destruição da floresta amazónia.

Este ano a conferência da ONU sobre o clima, a COP30, que vai começar dentro de menos de um mês (de 10 a 21 de novembro) em Belém, no Brasil, realiza-se dentro da chamada Amazónia Legal brasileira.

O orador destacou ainda os pesticidas naturais que existem nas florestas tropicais, ou as frutas quase desconhecidas ricas em ómega três, e alertou que é preciso permitir que estas culturas, estes povos e estes conhecimentos se mantenham. Por eles “mas também para nosso benefício”.

A Amazónia tem uma extensão superior a seis milhões de quilómetros quadrados e estende-se por nove países, embora a maior parte seja no Brasil. Ao longo dos anos tem sido considerada o “pulmão” do planeta, dada a vastidão sem paralelo de floresta (a maior floresta tropical do mundo). Alertas sobre a destruição do ecossistema, devido ao desmatamento para cultivar soja ou para pecuária, ou devido à mineração ilegal, entre outras causas, têm sido noticiados com frequência em anos recentes.

Este ano a conferência da ONU sobre o clima, a COP30, que vai começar dentro de menos de um mês (de 10 a 21 de novembro) em Belém, no Brasil, realiza-se dentro da chamada Amazónia Legal brasileira.

(Lusa) 

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