Investimento de 25 milhões em Óbidos quer colocar Portugal na vanguarda do surf europeu

Foi ontem apresentado oficialmente o novo empreendimento inteiramente dedicado à prática de surf que está a nascer em Óbidos, mesmo junto à costa e próximo de hotéis de referência, como é o caso do Marriot. Trata-se do projecto Surfers Cove, um aldeamento turístico de quatro estrelas que integra o primeiro parque de surf da União…
ebenhack/AP
É em Óbidos que está a nascer a maior piscina de ondas da Zona Euro com tecnologia de última geração da Wavegarden, que permite uma melhor experiência de surf. As obras já tiveram início em julho deste ano e a inauguração vai acontecer em 2026. Vai criar 50 postos de trabalho e faturar 10 milhões em velocidade de cruzeiro.
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Foi ontem apresentado oficialmente o novo empreendimento inteiramente dedicado à prática de surf que está a nascer em Óbidos, mesmo junto à costa e próximo de hotéis de referência, como é o caso do Marriot. Trata-se do projecto Surfers Cove, um aldeamento turístico de quatro estrelas que integra o primeiro parque de surf da União Europeia com tecnologia de última geração da marca Wavegarden que irá inaugurar em 2026. O Surf Park vai disponibilizar uma piscina de ondas que permitirá gerar mais de mil ondas por hora e 25 tipos diferentes de ondas adaptadas à nível de cada surfista, abrangendo desde iniciantes a profissionais. Será uma das primeiras instalações mundiais a integrar Side Shore, um design que melhora o desempenho e a estética, oferecendo uma experiência mais próxima da do oceano, combinando eficiência energética com a capacidade de criar ondas de performance.

Trata-se de um projeto pioneiro que partiu da iniciativa de um grupo de investidores privados, em 2021, e cujas obras já arrancaram há mais de dois meses. O empreendimento implica um investimento global de 25 milhões de euros, apoiado por fundos comunitários (Compete 2030). Promovido pela Menlo Capital, liderado por Manuel Maria Vasconcelos, CEO e cofundador e Marcelo Martins, da Onda Pura Surf Center, em parceria com a Despomar, a Admar, a Draycott, são ainda acionistas os sócios do Noah Surf House e do Hotel Areias do Seixo, entre outros investidores, como o surfista internacional Kanoa Igarashi, que ocupa atualmente o 7.º lugar no ranking mundial da World Surf League (WSL).

O Surf Park vai disponibilizar uma piscina de ondas que permitirá gerar mais de mil ondas por hora e 25 tipos diferentes de ondas adaptadas à nível de cada surfista, abrangendo desde iniciantes a profissionais.

O Surf Village contará com 56 bungalows de tipologias variadas – o primeiro já está concluído – contará ainda com restaurante, loja 58 Surf, skate parks, courts de padel e beach ténis, ginásio, escola de surf, zonas verdes ajardinadas e espaços para eventos corporativos. Estima-se que o empreendimento crie cerca de 50 postos de trabalho diretos e deverá atingir uma faturação anual estimada em 10 milhões de euros, isto em velocidade de cruzeiro.

A apresentação do novo projeto em Óbidos

Manuel Maria Vasconcelos disse, durante o evento de apresentação do projeto, que decorreu no local da obra, numa tenda montada para receber as muitas dezenas de convidados presentes, que Portugal tem 800 quilómetros de costa, e é conhecido por ser a Meca do surf. “Esta tecnologia vai permitir expandir o alcance da modalidade, criando o acesso a ondas matematicamente perfeitas de forma repetida e consistente, criando uma experiência inovadora”, refere. “Isto é surf dos 7 aos 77 anos, isto é surf para todos os níveis. É uma experiência muito próxima ao mar aberto, e vai ser complementar”, explica. “A nossa visão é sermos a experiência de surf número um em Portugal, tornando acessível o surf a todos”, explica.

O empreendimento está instalado numa área de cinco hectares, numa zona que fica entre o surf da Ericeira e o surf da Nazaré, com Peniche mesmo ao lado.

As piscinas de ondas já são uma realidade em muitas partes do mundo e são uma alternativa de treino para muitos profissionais, como o surfista Kanoa Igarashi, que revelou, durante a apresentação, que investiu neste surf park porque queria deixar uma marca no futuro do desporto e como surfista sempre sonhou surfar a onda perfeita. Além disso assume que todos os anos treina, pelo menos uma semana em parques de ondas em todo o mundo. “A vantagem é que num dia apanho 100 ondas e no mar preciso de uma semana para conseguir isso. E na fase que estou da minha carreira, a piscina de ondas faz a diferença no meu surf”, referiu.

Mesa redonda do evento de lançamento do Surfers Cove.

Manuel Vasconcelos explica que a ideia surgiu em 2021, quando só havia cinco piscinas de ondas em todo o mundo. Em 2022 arranca o projeto e, em 2023, o mesmo entra na fase da viabilidade, como  arranjar investidores e ter licenciamentos aprovados para fazer a candidatura aos fundos comunitários, e, em 2024, surgiram ainda mais investidores. “Procurámos sempre investidores que agregassem valor e ajudassem a melhorar o projeto”, diz. Em 2025 deu-se o início da construção, no final de julho, com a construtora Pragosa, e 2026 será então o ano da inauguração. O empreendimento está instalado numa área de cinco hectares, numa zona que fica entre o surf da Ericeira e o surf da Nazaré, com Peniche mesmo ao lado.

Valsassina assina o projeto arquitectónico

O projeto arquitetónico é da autoria do atelier Frederico Valsassina Arquitetos e o projeto paisagístico ficou a cargo de João Nunes. O arquiteto Frederico Valsassina referiu, durante a apresentação, que o projeto era muito ambicioso porque tinha de manter a relação de intimidade e natural com o mar, e conseguir “esconder” todo o tráfego em redor, além de que tinha de ser o mais sustentável possível. “Por um lado, porque a Câmara Municipal de Óbidos não queria uma grande implantação, por outro lado porque este é um tema muito relevante para a turma do surf”, referiu Valsassina.

“Está aqui muita inovação, num projeto privado que é quase um serviço público, que cria emprego direto e indireto”, refere Filipe Daniel, presidente da Câmara Municipal de Óbidos. 

Filipe Daniel, presidente da autarquia, referiu, a propósito que este empreendimento tem uma enorme importância para o país, mas ainda mais para Óbidos. Para ele, este investimento tinha de ficar no concelho, por ser inovador, tal como toda a região de Óbidos. “Está aqui muita inovação, num projeto privado que é quase um serviço público, que cria emprego direto e indireto”, refere. E acrescenta que foi necessário acelerar procedimentos, dar resposta rápida a estes investidores, para fixar o projeto na região. E deixou um repto no ar para outros investidores que queiram apresentar projetos inovadores: “estamos disponíveis para acolher esses projetos”, rematou.

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