Opinião

Crescer com inteligência: o novo imperativo da liderança atual

João Costa

Vivemos numa era de rápidas mudanças e desafios que se mantêm implacáveis para a realidade de uma empresa. A inflação persistente, os avanços tecnológicos e uma maior pressão por consumidores e investidores em torno de práticas mais sustentáveis obrigam os líderes a repensar prioridades com urgência. Neste turbilhão de cenários, gerir um negócio não passa apenas por saber liderar equipas, mas também por decidir, com precisão cirúrgica, onde investir, transformar e cortar.

A velha máxima do “crescer a todo o custo” já não se aplica aos dias de hoje. O novo imperativo para uma liderança resiliente é crescer com inteligência, investindo em margens sustentáveis e estruturas ágeis. E isto exige algo que muitas organizações ainda subestimam: ter uma visibilidade clara sobre os custos reais do seu negócio.

Otimizar custos não deveria ser apenas um exercício reativo a momentos de maior volatilidade. Quando um negócio é gerido com dados, inteligência e propósito, esta otimização pode tornar-se um ativo estratégico capaz de desbloquear oportunidades de crescimento, reforçar relações com fornecedores e sustentar iniciativas ESG que, de outra forma, pareciam inatingíveis.

Tenho acompanhado de perto empresas em que pequenas ações, aplicadas a áreas tradicionalmente negligenciadas, permitem gerar poupanças significativas sem comprometer a qualidade nem o posicionamento da marca. Mas, mais do que reduzir custos, estas medidas permitem criar espaço para investir em áreas estratégicas que fortalecem o negócio. Afinal, poupar sem propósito é mera contenção; mas poupar com visão estratégica é liderar com eficiência.

Os melhores gestores são aqueles que dominam esta equação. Visibilidade e monitorização contínua traduzem-se em controlo, e controlo é confiança para decidir. Estes líderes não relegam a gestão de custos para segundo plano, mas assumem-no como parte central na sua estratégia de crescimento.

Mais do que nunca, é essencial integrar a gestão de custos nas decisões de investimento, nas escolhas tecnológicas e na definição das prioridades operacionais. Reduzir desperdícios, otimizar contratos e repensar categorias podem constituir verdadeiras salvaguardas para o negócio, sem que seja necessário recorrer a despedimentos. Estas áreas são determinantes para reforçar a competitividade, com impacto direto na inovação, na retenção de talento e na capacidade de resposta ao mercado.

Num mundo em que crescer de forma sustentável depende da rentabilidade e da eficiência operacional, o verdadeiro diferencial competitivo está em transformar essa eficiência em vantagem estratégica. Os líderes que o compreendem cedo ganham fôlego para resistir, liberdade para investir e credibilidade para liderar. E esta vantagem não se improvisa. Constrói-se com método, disciplina e visão.

João Costa,
country manager da ERA Group

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