O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu hoje aos líderes mundiais uma “ação urgente e coordenada”, perante a atual “crise global”, marcada por conflitos, divisões geopolíticas e desigualdade, em vésperas da 80.ª Assembleia-Geral da ONU. Em entrevista exclusiva à ONU News, Guterres disse esperar que do debate geral, que começa na próxima terça-feira e decorre até dia 29, saiam compromissos concretos em áreas-chave, como a redução das emissões de carbono, o fortalecimento do multilateralismo e a reforma financeira internacional – área em que quer que os países “virem o jogo” e aceitem reformas para proporcionar maior justiça e igualdade.
Para o líder da ONU, a humanidade enfrenta uma crise global, com “conflitos a multiplicarem-se num contexto em que as divisões geopolíticas não permitem enfrentá-los de forma eficaz”. Guterres afirmou esperar um apoio claro à solução de dois Estados para terminar o conflito entre israelitas e palestinianos, além de medidas imediatas para enfrentar a crise humanitária em Gaza. Nos próximos dias, espera-se que países como Reino Unido, França, Portugal e Austrália, entre outros, façam o reconhecimento formal do Estado da Palestina.
Guterres deplorou que se observa hoje “um sentimento de impunidade”, com “cada país a acreditar que pode fazer o que quiser”.
“O massacre que está a acontecer em Gaza tem de acabar”, com um cessar-fogo imediato e com a libertação imediata de todos os reféns feitos pelo movimento islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023, sublinhou. O antigo primeiro-ministro português também alertou para a crise no Sudão e para outros “conflitos esquecidos”, pedindo uma ação unificada do Conselho de Segurança para evitar mais sofrimento.
Guterres deplorou que se observa hoje “um sentimento de impunidade”, com “cada país a acreditar que pode fazer o que quiser”. O secretário-geral alertou ainda para as enormes dificuldades que nações em desenvolvimento atravessam, enfrentando “riscos desproporcionais”, “afogadas em dívidas” e sem acesso a financiamento, o que faz aumentar a desigualdade.
Referindo-se à Inteligência Artificial, Guterres admitiu que pode trazer benefícios, mas também aumentar a polarização e o discurso de ódio, pedindo que estas ferramentas “se tornem uma força para o bem”.
Sobre a crise climática, Guterres advertiu que vários sinais apontam que será muito difícil alcançar a meta de limitar o aquecimento global a menos de 1,5 graus Celsius, estabelecida no Acordo de Paris de 2015, pedindo que cada Estado-membro apresente “um novo plano climático que permita uma redução dramática das emissões para evitar a irreversibilidade que levaria a um desastre de proporções enormes”.
Referindo-se à Inteligência Artificial, admitiu que pode trazer benefícios, mas também aumentar a polarização e o discurso de ódio, pedindo que estas ferramentas “se tornem uma força para o bem”. Num tom mais pessoal, António Guterres disse não ser “nem otimista nem pessimista, mas sim determinado”. O momento atual, defendeu, é de “construir esperança e nunca desistir até que os objetivos sejam alcançados”.
(Lusa)