Smart Cities – o momento chave para o poder local

A verdadeira transformação requer uma visão integrada que coloque a digitalização ao serviço de objetivos de eficiência, inclusão e qualidade de vida. A revolução de atores políticos que se irá verificar nas próximas eleições autárquicas (com mudança de, pelo menos, mais de 100 dos 308 executivos municipais), faz antever a renovação dos agentes políticos, quiçá…
ebenhack/AP
Num cenário em que se prevê que a digitalização redefinirá a governação local, dois perfis de municípios emergem no mapa: os que adotaram a tecnologia como motor de um desenvolvimento sustentável e os que ainda observam esta revolução à distância. É pertinente notar que, mesmo entre os territórios que se autodenominam smart cities, existe, nalguns deles, o uso pontual de gadgets e plataformas avulsas, sem uma estratégia clara
Forbes LAB

A verdadeira transformação requer uma visão integrada que coloque a digitalização ao serviço de objetivos de eficiência, inclusão e qualidade de vida. A revolução de atores políticos que se irá verificar nas próximas eleições autárquicas (com mudança de, pelo menos, mais de 100 dos 308 executivos municipais), faz antever a renovação dos agentes políticos, quiçá uma mudança geracional, que se deseja mais atenta e mais sensível às questões da transição digital, perspetivando um necessário alinhamento holístico e universal nos vários entes do poder local e independentemente das suas dimensões.

A Estratégia Nacional de Territórios Inteligentes (ENTI) afirma-se, atualmente, como um instrumento essencial para redefinir a relação entre tecnologia, cidadãos e municípios, partindo do princípio que a digitalização deve servir objetivos claros de desenvolvimento sustentável e coesão territorial. Não será apenas mais um documento técnico; é, ou deveria ser, um mapa estratégico para um novo paradigma de governação local. Mais do que gadgets ou plataformas, propõe uma trans- formação mais profunda: trabalhar a cultura organizacional da Administração Local, reforçar competências e, sobretudo, usar dados de forma fiel e estruturada.

A ENTI não se trata de um catálogo de inovações avulsas, mas sim de um quadro estratégico hierarquizado e concebido de forma articulada. O desenvolvimento de longo prazo ocupa uma posição prioritária, enquanto a sustentabilidade ambiental e social ocupará a segunda posição. A transição digital é apresentada como um catalisador, sendo esta abordagem fundamental para garantir que a inteligência aplicada aos territórios resulte em vantagens concretas no quotidiano dos cidadãos. E há ganhos evidentes de eficiência e boa governança: sensores, IoT, beacons, manutenção preditiva — tudo isto deixa de ser show-off tecnológico para se tornar instrumento de decisões rápidas, sustentadas, inteligentes e, acima de tudo, impactantes no dia-a-dia dos cidadãos. A limpeza urbana torna-se mais eficaz, os transportes mais previsíveis, a gestão energética mais racional. Pequenos grandes detalhes que, somados, aumentam, de forma real, a qualidade de vida das populações.

A Administração Local dispõe, então, de um momento decisivo para abraçar uma nova vaga de políticas públicas, todas elas mais inteligentes, sim, mas, acima de tudo, profundamente humanas, colaborativas e alicerçadas em dados fiáveis que espelhem a realidade de cada território.

Este conteúdo foi produzido em parceria com a Smart Vision.

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