“Adilson” a primeira ópera de Dino D’Santiago estreia-se hoje em Lisboa

A ópera “Adilson”, que o músico Dino D’Santiago foi desafiado a criar pela bienal BoCA, e que aborda temas como a injustiça social e a discriminação, é apresentada hoje pela primeira vez, em Lisboa, com lotação esgotada. Um homem afrodescendente, nascido em Angola, filho de pais cabo-verdianos, a viver há mais de 40 anos em…
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A ópera “Adilson”, que o músico Dino D’Santiago foi desafiado a criar pela bienal BoCA, e que aborda temas como a injustiça social e a discriminação, é apresentada hoje pela primeira vez, em Lisboa, com lotação esgotada.
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A ópera “Adilson”, que o músico Dino D’Santiago foi desafiado a criar pela bienal BoCA, e que aborda temas como a injustiça social e a discriminação, é apresentada hoje pela primeira vez, em Lisboa, com lotação esgotada.

Um homem afrodescendente, nascido em Angola, filho de pais cabo-verdianos, a viver há mais de 40 anos em Portugal, sem nunca ter obtido cidadania portuguesa, é a figura central da ópera, representando “milhares de pessoas deixadas nas margens do sistema”, de acordo com o texto de apresentação de “Adilson”.

“Chamado D’Afonsa pelos amigos, Nuno pela família, Adilson no passaporte, a sua vida desenrola-se entre salas de espera, processos adiados e um labirinto burocrático que o impede de ser plenamente reconhecido pelo país onde sempre viveu”, lê-se no texto.

Dirigida por Dino D’Santiago, a ópera em cinco atos, que é apresentada no Centro Cultural de Belém (CCB), foi criada a partir de “Serviço Estrangeiro”, texto do dramaturgo e encenador Rui Catalão, e tem direção musical do maestro Martim Sousa Tavares.

Além de ter criado, encenado e de ser responsável pelo libreto e dramaturgia de “Adilson”, Dino D’Santiago tratou também da composição e da produção musical, aqui em parceria com o guitarrista Djodje Almeida.

“Adilson” conta na interpretação com Michelle Mara, Cati, NBC, Soraia Morais, Koffy, Rebeca Reinaldo e Rúben Gomes.

Na sua primeira ópera, que assinala também os 50 anos das independências das antigas colónias portuguesas em África, Dino D’Santiago aborda temas como “a injustiça social, a discriminação, a fragilidade humana e a esperança”.

Tal como a personagem central de “Adilson”, também Dino D’Santiago é filho de imigrantes cabo-verdianos, mas o cantor nasceu em Portugal, mais concretamente em Quarteira, vila do concelho de Loulé, em dezembro de 1982.

Dino D’Santiago cresceu no Bairro dos Pescadores daquela vila algarvia, onde iniciou a ligação à música, primeiro como elemento do coro da igreja local, mais tarde como compositor e criador das suas próprias canções, em espetáculos de rap.

À semelhança de tantos outros músicos portugueses, Dino D’Santiago passou por um programa televisivo de talentos, “Operação Triunfo”, em 2003, para o qual levou músicas da sua autoria.

Depois esteve envolvido em projetos nos quais se fundem os universos da soul, do hip-hop e do R&B, como Dino & The SoulMotion, Nu Soul Family e Expensive, e trabalhou com músicos como Virgul, Sam The Kid, Tito Paris, Valete e Pacman.

O primeiro álbum enquanto Dino D’Santiago, “Eva”, foi editado em 2013.

Seguiram-se “Mundu Nôbu” (2018), “Kriola” (2020) e “Badiu” (2021).

Em outubro deste ano edita o primeiro livro, “Cicatrizes”.

Além de hoje, haverá mais duas apresentações da ópera “Adilson” no Centro Cultural de Belém, no sábado e no domingo.

A estreia de “Adilson” acontece no âmbito da BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas 2025, que teve início na quarta-feira e decorre até 26 de outubro, em Lisboa e em Madrid.

A edição deste ano da bienal decorre sob o tema “Camino Irreal”, ainda com curadoria do programador John Romão, que em abril foi escolhido para diretor artístico de Évora – Capital Europeia da Cultura (CEC) 2027.

Depois da estreia em Lisboa, “Adilson” sobe a palco em Braga, no dia 19 de setembro, no Theatro Circo, em Faro, no dia 25 de outubro, no Teatro das Figuras, e em Aveiro, em 07 de novembro, no Teatro Aveirense.

Lusa

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