O restaurante São João, na Rua 24 de Junho, na Comporta, foi durante anos a concretização de um projeto de Gilberto e Graciete Batista, antigos donos de uma peixaria e dedicados à cozinha portuguesa. Ao comprarem o prédio, decidiram que ali nasceria um restaurante assente em pratos tradicionais, preparados de forma simples.
O casal faleceu entretanto, mas a casa acabou por continuar ativa pela mão de Lucian e Carmina Moga, que chegaram da Roménia para recomeçar em Portugal, naquilo que é uma curiosa história de emigrantes que vêm para o nosso país, se integram e criam negócio: “Decidimos seguir o mesmo caminho. Honrar quem começou tudo isto. Manter o rumo, manter a alma, manter a verdade da cozinha portuguesa”, explicam. Lucian e Carmina afirmam ter preservado também ensinamentos transmitidos pelo pai de Carmina: “Não importa o que fazes, faz bem” e “Faz tudo com juízo”.
A ementa mantém pratos preparados no momento, com peixe da lota, marisco fresco e opções que vão do arroz de tomate ou coentros às cataplanas, carnes e sugestões vegetarianas, com referências nacionais e internacionais ao nível dos vinhos. As sobremesas e os gelados são feitos na casa. “Tudo feito na hora, sem pressas nem atalhos”, sublinham.
O espaço recebe clientes de diferentes países e é descrito pelos proprietários como um local de portas abertas. “Dizemos sempre aos clientes: apareçam! Não precisam de vestir-se de forma especial. Tragam a família, os amigos, até os vossos cães — aqui todos são bem-vindos. Queremos que se sintam como numa visita aos tios.”
“Os clientes dizem-nos que há ali um sabor que não encontram noutros sítios. Mas não sabem descrever. Nós sabemos: é o amor por aquilo que fazemos, é o respeito pelos ingredientes e pelas pessoas. É saber que estamos exatamente onde devíamos estar”, apontam Lucian e Carmina.
Mais do que um restaurante, o São João conta a história de um negócio que atravessou fronteiras, mostrando como a integração de quem chega pode também passar pela preservação das tradições locais.