Mais de um ano depois de anunciada, a fusão entre a Paramount e a Skydance Media será formalmente concluída a 7 de agosto. O acordo torna David Ellison, de 42 anos, presidente, CEO e detentor de 50% dos direitos de voto da nova Paramount. Sob a sua alçada ficam mais de 1200 filmes (como Top Gun: Maverick), canais icónicos como CBS News, MTV e Nickelodeon, e uma alargada rede de produção e distribuição.
Contudo, o verdadeiro poder financeiro continua nas mãos do seu pai, Larry Ellison, 80 anos, cofundador da Oracle e segundo homem mais rico do mundo, que controla o capital investido e os fluxos de financiamento do novo grupo.
Concessões políticas abriram caminho à fusão
A luz verde da FCC só chegou após concessões sensíveis. A Paramount acordou pagar 16 milhões de dólares ao Presidente Trump, destinados à sua futura biblioteca presidencial, como forma de encerrar um processo judicial relativo à edição de uma entrevista a Kamala Harris pelo programa 60 Minutes. Coincidência ou não, semanas depois, foi anunciado o cancelamento do programa de Stephen Colbert, crítico frequente de Trump.
A Skydance, por sua vez, comprometeu-se a refletir uma “diversidade de pontos de vista políticos” e a combater a “parcialidade nos media nacionais”, segundo a carta da FCC.
Estrutura de poder: jogo de equilibro entre pai e filho
Inicialmente, Larry Ellison detinha a totalidade dos direitos de voto através das holdings Pinnacle. Mas em outubro de 2024, esses direitos passaram formalmente para David. Já em julho deste ano, os votos foram redistribuídos: David ficou com 50%, Larry com 27,5% e os restantes 22,5% estão nas mãos da RedBird Capital, um investidor estratégico da Skydance.
Este equilíbrio permite a qualquer dois dos três bloquear decisões – ou seja, nem David, nem o pai, nem a RedBird controlam sozinhos o futuro da Paramount.
A fusão de 8 mil milhões de dólares entre a Paramount e a Skydance Media, que será concluída a 7 de agosto, fará de Larry Ellison, 80 anos, e do seu filho David Ellison, 42 anos, uma das duplas mais poderosas de Hollywood, com influência sobre programas de televisão, filmes, notícias e muito mais.
Mais dinheiro que poder: uma estratégia fiscal
Segundo fontes próximas do processo, as alterações visam otimizar os benefícios fiscais. Larry continua a controlar o capital, o que lhe permitirá deduzir eventuais perdas ou amortizações. Para David, o controlo operacional serve de plataforma de afirmação, mesmo que ainda dependa do apoio financeiro do pai.
Alianças políticas e negócios cruzados
A fusão decorre num contexto de proximidade crescente entre Larry Ellison e Donald Trump. Em janeiro, o bilionário esteve na Casa Branca para apoiar o lançamento de um plano de 500 mil milhões de dólares em inteligência artificial. O nome de Ellison também foi apontado por Trump como potencial comprador do TikTok.
Ao mesmo tempo, a Oracle — liderada por Larry — está em negociações para fornecer à nova Paramount um pacote de 100 milhões de dólares/ano em tecnologia de cloud.
Financiamento desde o início
A ligação dos Ellison à Paramount e à Skydance não é nova. Em 2009, David fundou a Skydance com apoio direto do pai, num investimento inicial de 350 milhões de dólares, incluindo um acordo de coprodução com a própria Paramount. O primeiro êxito foi True Grit, dos irmãos Coen. Desde então, a Skydance já cofinanciou 24 filmes com a Paramount.
Um império ainda por desvendar
Apesar de, no papel, David Ellison comandar a nova Paramount, a verdadeira extensão da sua riqueza pessoal permanece obscura. O fundo fiduciário criado por Larry Ellison para os filhos em 1994 incluía 90 mil ações da Oracle, que hoje valeriam milhares de milhões. Mas os documentos revelam transferências, vendas ou trocas que tornam difícil saber quanto David realmente detém.
A compra da Paramount pode ser o seu maior passo rumo à independência — mas por enquanto, é ainda o capital do pai que sustenta o palco onde ele brilha.
com Phoebe Liu/Forbes Internacional