As negociações entre a China e a União Europeia (UE) sobre preços mínimos para veículos elétricos “entraram na fase final, embora ainda exijam esforços de ambas as partes”, admitiu um porta-voz do Ministério do Comércio chinês.
Segundo o porta-voz, numa reunião na passada terça-feira em Paris, o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, e o comissário europeu do Comércio, Maros Sefkovic, mantiveram uma “discussão profissional e aprofundada” sobre os veículos elétricos, o que representou um grande passo em direção a uma “resolução adequada da questão”.
“A parte europeia propôs explorar paralelamente novas vias tecnológicas e a China avaliará a viabilidade dessas propostas do ponto de vista jurídico e técnico”, afirmou o porta-voz, citado num comunicado do Ministério do Comércio.
“Ambas as partes instruíram as suas equipas a redobrar esforços para encontrar uma solução mutuamente aceitável, em conformidade com as respetivas regulamentações legais e as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio), a fim de resolver adequadamente as suas diferenças comerciais”, acrescentou.
Em outubro passado entraram em vigor as tarifas de até 35,3% sobre a importação para a UE de veículos elétricos provenientes da China, aprovadas pela Comissão Europeia.
O executivo comunitário aplica tarifas de 35,3% ao fabricante chinês SAIC (MG e Maxus, entre outras marcas), de 18,8% à Geely e de 17% à BYD, durante um período máximo de cinco anos.
O país asiático respondeu com impostos provisórios sobre o ‘brandy’, após ameaças de uma investigação sobre as importações de laticínios e sobre a carne suína proveniente da UE.
No que diz respeito ao caso do ‘brandy’, o porta-voz do Comércio assegurou que empresas e associações francesas apresentaram de forma voluntária “pedidos de compromisso de preços” à parte chinesa, “e as autoridades investigadoras chinesas chegaram a um consenso sobre os termos-chave desse compromisso”.
“A China está a rever o texto completo do compromisso de preços e, se for aprovado, prevê-se emitir um anúncio final com esse texto antes de 5 de julho”, disse.
Durante a sua estadia em Paris, o ministro do Comércio chinês também defendeu controlos à exportação de terras raras por parte de Pequim, argumentando que se trata de uma “prática comum a nível internacional”.
No entanto, segundo o porta-voz do Comércio, a China atribui “grande importância” às “preocupações europeias” nesta matéria e está disposta a estabelecer um “canal verde” para os pedidos de exportação que cumpram os requisitos, a fim de acelerar a sua aprovação.
“O ministro Wang expressou a sua esperança de que a parte europeia também aja com reciprocidade, adotando medidas eficazes para facilitar, proteger e promover o comércio legal de produtos de alta tecnologia com a China”, afirmou o porta-voz.
Desde o passado dia 2 de abril, no âmbito da escalada tarifária com os EUA, Pequim impôs um novo regime de licenças que obriga as empresas estrangeiras a solicitar autorizações para exportar os minerais mencionados (samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio), alegando motivos de segurança nacional.
Os controlos são especialmente prejudiciais para os setores que mais precisam desses materiais, porque a China concentra cerca de 49% das reservas mundiais e processou 99% das terras raras pesadas utilizadas em 2024.
No final de maio, a China deu a entender — publicando e, depois, retirando um artigo na imprensa oficial — a possibilidade de suavizar esses controlos para as empresas europeias, algo que os especialistas interpretaram como uma possível aproximação com Bruxelas diante da crescente tensão com Washington.
Com Lusa.