O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai nomear o homem mais rico do planeta, o empresário Elon Musk, para chefiar um novo departamento de “eficiência governamental”.
O republicano anunciou que pretende nomear o dono da Tesla e da rede social X, que desempenhou um papel inédito na campanha de Trump, juntamente com o empresário republicano Vivek Ramaswamy, de acordo com um comunicado divulgado na terça-feira.
“Juntos, estes dois grandes norte-americanos vão traçar um caminho para a minha administração desmantelar a burocracia governamental, reduzir a regulamentação excessiva, cortar nas despesas desnecessárias e reestruturar as agências federais”, disse o magnata. Estes dois aliados vão “enviar ondas de choque pelo sistema”, avisou.
Trump comparou este novo departamento ao Projeto Manhattan – o programa de investigação e desenvolvimento por detrás da criação das primeiras armas nucleares – e disse que iria “fornecer aconselhamento e orientação a partir de fora do Governo”.
O novo organismo analisará o desempenho dos diferentes departamentos federais e fará recomendações para “reformas drásticas”.
O trabalho deste departamento será feito o mais tardar até 4 de julho de 2026 – o 250º aniversário da independência dos EUA – de acordo com as informações disponíveis, pelo que este serviço de consultoria durará apenas cerca de metade do mandato de Trump.
O que ainda não se sabe
Não se sabe exatamente como o departamento irá funcionar e qual será a sua relação com a administração de Trump, embora o comunicado diga que “irá estabelecer parcerias com a Casa Branca e o Gabinete de Gestão e Orçamento para conduzir uma reforma estrutural em grande escala e criar uma abordagem empresarial ao Governo nunca antes vista”. A declaração também sugere que o departamento funcionará como uma organização de consultoria que estará “fora do governo”, em vez de um novo departamento federal, o que exigiria aprovação do Congresso e aparentemente vai contra a missão proposta pelo departamento. Não está claro se a iniciativa receberá financiamento federal.
Departamento nasceu a partir de uma piada
O Departamento de Eficiência Governamental foi inicialmente apresentado por Musk aparentemente como uma piada, sugerindo que a raça de cães Shiba Inu, a mascote da criptomoeda “piada” dogecoin, seria também a mascote do departamento. Musk publicou e voltou a publicar fotografias suas como chefe do departamento e disse, em setembro, que estaria “ansioso por servir a América se a oportunidade surgisse”. Por volta dessa mesma altura, Trump disse durante um discurso no Clube Económico de Nova Iorque que iria criar o departamento “encarregado de realizar uma auditoria financeira e de desempenho completa de todo o governo federal e fazer recomendações para reformas drásticas”.

Musk tornou-se um dos mais acérrimos defensores de Trump, apoiando o presidente eleito depois de este ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato no verão e tornando-se mais tarde um dos seus adeptos mais prolíficos, com mais de 100 milhões de dólares doados ao seu próprio PAC América, que apoia Trump.
Musk, que controla várias empresas, incluindo a SpaceX, a Tesla e a X (anteriormente conhecida como Twitter), tem sido, tal como Ramaswamy, crítico do poder regulador do governo. Ramaswamy prometeu despedir mais de 75% da força de trabalho federal e encerrar agências como o Departamento de Educação, o FBI e o Serviço de Alimentação e Nutrição. Enquanto isso, Musk disse que está a procurar “reduzir as agências [federais] para serem muito menores”, dizendo a Joe Rogan no seu podcast, o “Joe Rogan Experience”, que pretende que as agências “se atenham ao que o Congresso autorizou em vez de todas essas outras coisas”.
Outras nomeações
Em simultâneo, Trump anunciou que pretendia nomear como secretário da Defesa Pete Hegseth, que nos últimos oito anos foi apresentador da Fox News, o canal de televisão preferido dos conservadores nos Estados Unidos.
Hegseth é um antigo major do exército norte-americano e veterano condecorado das guerras no Iraque e no Afeganistão.
“O Pete passou toda a vida como um guerreiro das tropas e do país. O Pete é duro, inteligente e um verdadeiro crente no ‘América em Primeiro Lugar’ [um dos slogans da campanha de Trump]”, disse, em comunicado.
Trump nomeou ainda a aliada Kristi Noem, governadora do Dakota do Sul, como secretária para a Segurança Interna, responsável pelas alfândegas e fronteiras.
“Kristi tem sido muito dura na segurança fronteiriça. Foi a primeira governadora a enviar soldados da Guarda Nacional para o Texas para ajudar na crise fronteiriça de [o atual Presidente Joe] Biden”, disse o republicano, em comunicado.
Outrora apontada como uma candidata à vice-presidência, Noem foi alvo de críticas depois de publicar um livro de memórias em que divulgou ter abatido um cachorro a tiro por o considerar indomável.
Horas antes, Trump disse que pretende nomear o ex-diretor dos serviços de informações, John Ratcliffe, para liderar os serviços secretos norte-americanos (CIA).
Ex-congressista republicano do Texas, Ratcliffe liderou as agências de espionagem do governo dos EUA durante a pandemia da covid-19, durante o último ano e meio do primeiro mandato de Trump.
Donald Trump já tinha anunciado, também na terça-feira, a intenção de designar o ex-governador do Arkansas Mike Huckabee como embaixador norte-americano em Israel.
Huckabee é um defensor acérrimo de Israel e o anúncio da nomeação ocorre numa altura em que Trump prometeu alinhar mais estreitamente a política externa de Washington com os interesses do Governo israelita.
Trump nomeou ainda Bill McGinley, secretário de gabinete na sua primeira administração, como conselheiro na Casa Branca.
(com Lusa e Antonio Pequeño IV/Forbes Internacional)