Opinião

Mês da cibersegurança: quando a mensagem cansa, mas o perigo persiste

Inês Esteves

Outubro é o Mês Europeu da Cibersegurança. É nesta altura que somos relembrados, mais uma vez, da importância da segurança online, com campanhas e iniciativas de organizações, instituições e empresas que procuram aumentar a consciencialização para os desafios do mundo digital.

É verdade que a mensagem parece repetir-se a cada ano, focando-se em práticas como criar palavras-passe robustas, evitar os perigos do phishing e a importância da autenticação de dois fatores. E é até compreensível que esta repetição gere cansaço e fadiga nos utilizadores. Sabemos como pode ser frustrante ouvirmos avisos e preocupações constantes, especialmente quando o perigo não nos parece tão próximo assim.

Uma coisa é certa: os ciberataques são ainda mais frequentes do que estes avisos. De tempos a tempos, voltamos a ver nas notícias um novo ataque, uma nova burla ou um novo alerta das autoridades para chamadas ou e-mails falsos, ou para cuidados que devemos ter. Os cibercriminosos já não são lobos isolados, fazem antes parte de grupos organizados e orientados a serviços, cujo objetivo é maximizar o lucro das suas atividades ilícitas, são, por isso, cada vez mais sofisticados, credíveis e eficazes, e isto é especialmente verdade quando baixamos a guarda por falta de atenção ou excesso de confiança.

Importa relembrarmo-nos que ‘quem nos avisa, nosso amigo é’. Quanto mais o mundo online estiver conectado com o mundo real, mais importante é reforçarmos a nossa segurança online. Pelas mesmas razões que, todos os dias, nos levam a trancar a nossa casa e o nosso carro quando saímos, este mês relembra-nos que reforçar a segurança na internet é cada vez mais importante e deve fazer parte da nossa rotina, não apenas em outubro.

Cabe também aos utilizadores combater esta fadiga. Estar recetivos às mensagens e avisos, incentivar práticas de segurança entre amigos e familiares e contribuindo para um ambiente digital mais seguro para todos e todas. Ao mesmo tempo, cabe às organizações, instituições e empresas continuar a encontrar formas de comunicar os riscos de forma mais eficaz, combatendo a saturação de informação com mensagens claras, relevantes e apelativas, que nos mantenham vigilantes e proativos na proteção dos nossos dados.

Nunca é demais relembrar três princípios e mensagens-chave:

Melhorar as passwords: Utilizar a mesma palavra-passe para diferentes serviços online é como usar a mesma chave para a porta de casa, do carro e do escritório. Diversificar palavras-passe, utilizando combinações fortes e únicas para cada conta, é fundamental para evitar acessos indesejados. Adicione ainda uma camada extra de segurança ativando a autenticação de dois fatores sempre que possível.

Pensar duas vezes antes de clicar: A internet está repleta de armadilhas, e os ataques de phishing são cada vez mais convincentes. Desconfie de mensagens que lhe solicitem informações confidenciais, mesmo que pareçam vir de fontes fidedignas. Verificar o remetente com atenção e contactar diretamente a entidade em questão através dos canais oficiais são passos essenciais para não cair em esquemas fraudulentos.

Manter o seu computador e smartphone “em forma”: Manter o sistema operativo e os programas do seu computador e smartphone atualizados é como reforçar as defesas da sua fortaleza digital. As atualizações corrigem vulnerabilidades que podem ser exploradas por atacantes, protegendo os seus dados e a sua privacidade.

Portanto, em outubro (e, sim, em novembro, dezembro, e por aí fora), a mensagem permanece: mantenha-se ciberseguro. A segurança online exige atenção constante, mas lembremo-nos: um pequeno esforço individual, aliado a uma comunicação mais eficaz e próxima das necessidades reais das pessoas, pode fazer uma diferença monumental na luta contra o cibercrime.

Inês Esteves,
Responsável de cibersegurança do .PT

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