O desenvolvimento da tecnologia, nas últimas décadas, tem vindo a impactar de várias formas a vida das populações. Também o setor dos pagamentos não ficou imune a este impacto e encontra-se numa acelerada fase de transformação, sobretudo com o crescimento das soluções de pagamento non cash. Tecnologias e soluções digitais tais como as wallets, os pagamentos peer-to-peer (P2P) e os pagamentos contactless, além de se terem vulgarizado adquiriram uma nova preponderância no contexto dos pagamentos.
Segundo o World Payments Report 2025, estudo realizado pelo Research Institute da Capgemini, as soluções de pagamento instantâneo conta-a-conta representam uma importante alternativa aos pagamentos tradicionais, feitos com cartões, pois reduzem os custos associados a esta forma de pagamento. A sua popularidade desafia o domínio deste modo tradicional de pagamento, e o estudo aponta que possam reduzir o volume de transações dos pagamentos com cartões entre 15% e 25% nos próximos anos.
Segundo o estudo da Capgemini, apenas 5% dos bancos estão preparados para acelerar o segmento dos pagamentos instantâneos, que, em 2028 deverão representar cerca de 22% do volume total das transações non cash em todo o mundo.
O research avança mesmo que a Wallet Wero, plataforma de pagamento que surgiu da European Payments Initiative (EPI), parceria entre bancos e instituições financeiras europeias, poderá vir a acelerar a adoção de pagamentos conta-a-conta, contribuindo para uma redução de 37% no número de transações efetuadas com cartões em toda a Europa, até 2027.
Os desafios acrescidos do setor bancário
Ora, isto pode trazer alguns desafios acrescidos ao setor bancário, já que as comissões interbancárias e os juros constituem uma fonte de rendimento essencial para as instituições financeiras, e esta alteração de comportamento vai trazer perdas de receitas significativas nos operadores financeiros tradicionais.
Segundo o mesmo estudo, apenas 5% dos bancos estão preparados para acelerar o segmento dos pagamentos instantâneos, que, em 2028 deverão representar cerca de 22% do volume total das transações non cash em todo o mundo.
Em 2023, o número de transações non cash ascendeu a mais de 1,4 biliões e deverá ultrapassar a barreira dos 1,6 biliões no final de 2024. Em 2028, estas operações deverão representar os 2,8 biliões em todo o mundo.
É na região Ásia-Pacifico que estas transações mais crescem, atingindo os 20% de incremento previsto para o final de 2024. Na Europa deverão crescer 16% e na
América do Norte, apenas 6%.
Atualmente, de acordo com os resultados apurados pelo inquérito que serviu de base ao estudo deste ano, só 25% dos bancos podem receber pagamentos instantâneos e 5% têm plena capacidade para os enviar e receber.
Por tudo isto é crucial que os bancos entrem com mais força no segmento dos pagamentos instantâneos, ainda que a maioria dos responsáveis do setor entende que o aumento das fraudes pode ser um entrave ao crescimento deste tipo de pagamentos.
Segundo os inquérito realizados – o Research Institute da Capgemini entrevistou 600 diretores financeiros de três setores de atividade – os bancos, além de não estarem capacitados com mecanismos de defesa suficientemente robustos, também estão preocupados com o ritmo dos fluxos de liquidez a que os pagamentos instantâneos obrigam. Este é um aspeto que está a fazer com que muitos bancos optem por receber, mas não enviar os pagamentos instantâneos. Atualmente, de acordo com os resultados apurados pelo inquérito que serviu de base ao estudo deste ano, só 25% dos bancos podem receber pagamentos instantâneos e 5% têm plena capacidade para os enviar e receber.