Como é que surgiu o teu interesse pela moda?
Considero que sou muito criativa, tanto a moda como o mundo da música sempre me chamaram à atenção e a junção dos dois pareceu-me a melhor ideia do mundo. A minha mãe também tem a sua própria marca e a moda sempre foi algo que nos conectou, acho que sempre fez parte de mim e não me consigo imaginar a fazer outra coisa.
Como é que te descreves como stylist?
Sou estilista de artistas de música. À parte de fazer trabalhos de estilismo para sessões fotográficas, videoclips e tours onde colaboro com designers a nível internacional e criamos peças únicas para cada artista e conceito, também tenho um projeto de customização com cristais Swarovski, em que aplico cristais um a um, em microfones, botas, roupas. É um projeto que adoro e me permite colaborar com outros estilistas com mais facilidade.
Como é que foi conseguires chegar à indústria da música?
Acho que foi algo que surgiu de forma natural, quando comecei a criar o meu arquivo de estilismo focava-me mais em alugar peças de luxo e com o tempo e ao ganhar a confiança dos artistas e estilistas comecei a ter mais opinião em como eram utilizadas as peças. Até chegar ao momento em que eu planeava um projeto do início ao fim. Dentro das várias áreas do estilismo, era a que me dava mais prazer fazer e ver os resultados. Poder criar relações com artistas diferentes e estilistas que admiro.
Em que outras indústrias gostavas de apostar?
Por agora irei-me focar na música.
Com que nomes mais conhecidos já trabalhaste?
Sabrina Carpenter, para a Eras Tour na Argentina e Brasil. Kid Laroi, fizemos peças para sua nova tour. Emilia Mernes, em várias ocasiões, mas agora na sua tour Mp3. Aitana, na sua ronda de festivas 2023. Bad Gyal no final da tour este ano. Na indústria portuguesa trabalhei com a Bárbara Bandeira no videoclip da música ‘Como Tu’, Fumaça e David Carreira no seu videoclip ‘A ultima dança’.
Como foi chegar a essas pessoas?
Existe um enorme trabalho de pesquisa para conseguir alcançar este tipo de artistas, e não há nada como um bom portefólio. Depois existe um efeito bola de neve que acaba por se criar, especialmente porque é um mundo de recomendações. Fazer um bom trabalho, criar boa reputação e boas relações é muito importante. É crucial entender os timings de um artista, não tento introduzir o meu trabalho num conceito já criado e a meio de uma tour que já está toda planeada. É importante acompanhar os projetos e entender quando é a melhor altura para entrar em contacto com as equipas de estilismo e fazer propostas onde seja claro como podes trazer valor a cada artista.
É difícil conseguir seguir esta profissão sendo que a tua maior aposta tem sido a nível internacional?
O meu nível de progresso nos últimos dois anos foi melhor do que eu poderia imaginar, com esforço e dedicação tudo é possível, mas estaria a mentir se não dissesse que existem muitas advertências. Sinto que tive obstáculos ao querer entrar nesta indústria porque as mesmas equipas trabalham juntas há anos e existe uma luta e uma prova de trabalho enorme.
Trabalho de stylist pode custar entre que valores?
Depende do tipo de trabalho e o nível de preparação, mas como qualquer profissão no início não cobrava tanto até porque estava mais focada em ganhar experiência e com o tempo fui aprendendo os valores da indústria e de cada mercado, e vou-me ajustando.
Quais foram os maiores desafios que tiveste até hoje?
Existe muita competição entre estilistas, especialmente em Portugal, acho que a culpa disso é a falta de oportunidades e falta de aposta na moda, mas esperemos que com o tempo e influência do estrangeiro isso mude.
Que objetivos tens para o futuro?
Mais tours, tenho muitos projetos que vão sair nos próximos meses dos quais estou muito orgulhosa, mas ainda não posso contar tudo. Por agora estou a assistir o Dav Martens na tour da Emilia Mernes, todas as customizações que fizemos foi um trabalho que me deixou muito orgulhosa, um dos vestidos tinha mais de 20 mil cristais. Trabalhar com o Dav e fazer projetos desta dimensão é um sonho. Para o futuro quero poder continuar a trabalhar com estilistas que se apoiam e que se ajudam a crescer.
