Sabemos que o turismo continua a ser um dos grandes motores da economia, sendo mesmo a atividade económica mais exportadora de Portugal. A economia cresceu mais do que era previsto, e o crescimento do turismo contribuiu para que Portugal escapasse a uma recessão, permitindo-lhe, desta forma, um lugar de destaque positivo na União Europeia, no que respeita à performance económica.
O turismo tem uma grande capacidade multiplicadora de fomento e desenvolvimento de outras atividades económicas. Não podemos, pois, e mais do que nunca, ignorar o papel central que esta indústria tem no desenvolvimento económico, social, territorial e cultural do País. Assim, urge passar das palavras, das ideias para as ações e que, de uma vez por todas, se tomem decisões estruturais para o desenvolvimento sustentável desta atividade, cujos números já demonstraram ser estrutural para continuar a alavancar o país. De entre elas destaco as seguintes:
(i) Novo Aeroporto – Importa decidir, mas decidir com definição de timings de início e conclusão da nova solução – seja ela qual for –, para aumentar a capacidade aeroportuária de entrada no país. Nada mais há a dizer sobre este tema, a não ser: Por favor, façam, executem, concluam.
(ii) Implementação de uma Estratégia Ferroviária – Com tantas e óbvias vantagens para o desenvolvimento de todo o território nacional, não consigo perceber como, ao longo de décadas, se deixou o desenvolvimento deste meio de transporte esquecido. É urgente tirar este dossier das ‘catacumbas’ – lugar para onde, seguramente, foi empurrado – e colocar em marcha, melhor dizendo, sobre carris o desenvolvimento deste meio de transporte, o qual, além de potenciar maior e mais sustentável fluidez de turistas por todo o país, contribuirá para o desenvolvimento e coesão territorial, permitindo a facilidade de circulação de pessoas e bens. As ligações internacionais também não são de menor importância, pois permitirão um acesso alternativo, mais sustentável e rápido, que ligará o país a importantes cidades europeias. Penso que será a última oportunidade que Portugal tem de execução deste objetivo estratégico e geopolítico, considerando o PRR. Caso contrário, arriscamo-nos, literal e lamentavelmente, a perder ‘o comboio’.
(iii) Simplificar a Complexidade do Sistema Fiscal e Diminuir os impostos sobre o Rendimento das Pessoas e das Empresas –
É urgente simplificar o nosso sistema fiscal. Há centenas de procedimentos fiscais para as empresas, com muitas condicionantes. Isto leva a que qualquer assunto de um potencial investidor relacionado com custos fiscais possa ser uma tarefa
hercúlea. Não podemos continuar assim. Será um enorme entrave ao nosso desenvolvimento. Em simultâneo, esse mesmo peso fiscal impede maiores investimentos, os quais permitiriam um maior e melhor desenvolvimento. Por outro lado, aumento de impostos também implica salários líquidos mais baixos. Não há Turismo sem pessoas, e sobretudo, sem pessoas qualificadas. É urgente e estrutural que o país seja competitivo do ponto de vista fiscal, também nesta matéria.
(iv) Transformação Digital – É vital que o País não passe ao lado desta nova era digital. É necessário apoiar o desenvolvimento das novas tecnologias, onde o insucesso faz parte do sucesso, e esta realidade tem de ser aceite e apoiada, sobretudo no apoio às start-ups. Defendemos que esta é a indústria de pessoas para pessoas. Porém, e dito isto, a incorporação das novas tecnologias, com destaque para o Businnes Inteligence e a Inteligência Artificial em processos de promoção, marketing e outros, é fundamental. Após a pandemia, encontramos um turista mais informado, sobretudo quanto ao seu destino.