Carina Meireles: “A educação financeira precisa de estar mais acessível e incentivada desde cedo”

Se tivesse de escolher apenas uma dica para sair do sufoco financeiro, qual considera ser a mais importante?Tudo começa pelo orçamento e por isso se tivesse que escolher uma seria criar um orçamento detalhado, porque só depois de conseguir é que poderia fazer o resto. Com esta dica bem implementada já poderia ter as finanças…
ebenhack/AP
Carina Meireles lançou recentemente o livro "Como sair do sufoco financeiro". Agora responde a algumas perguntas da Forbes Portugal sobre finanças pessoais.
Economia

Se tivesse de escolher apenas uma dica para sair do sufoco financeiro, qual considera ser a mais importante?
Tudo começa pelo orçamento e por isso se tivesse que escolher uma seria criar um orçamento detalhado, porque só depois de conseguir é que poderia fazer o resto. Com esta dica bem implementada já poderia ter as finanças organizadas e criar objetivos por exemplo.

Porque é que acha necessário o lançamento de um livro como o seu em Portugal?
É necessário apostar cada vez mais na melhoria da literacia financeira e mostrar às pessoas que não é difícil e é possível. O lançamento do meu livro sobre finanças em Portugal é crucial para promover a educação financeira de forma muito prática e simples. Muitas pessoas enfrentam desafios financeiros devido à falta de conhecimento sobre a organização, gestão de dinheiro e investimentos e com o meu livro cada semana é uma etapa que deve ser trabalhada com calma, onde durante um ano pode ir fazendo os desafios de forma calma porque este livro não é para ler a correr nem ter pressa de avançar. Cada semana com o seu tempo de forma a poder chegar ao fim dos 52 desafios com resultados práticos alcançados.

O que é que leva à falta de literacia financeira em Portugal?
A falta de literacia financeira em Portugal pode ser atribuída a uma combinação de falta de informação e, em alguns casos, falta de interesse em aprender também porque muitas pessoas pensam que dá muito trabalham pôr em prática uma boa gestão financeira no nosso dia a dia e então preferem deixar tudo como está. A educação financeira também precisa de estar mais acessível e incentivada desde cedo. Por exemplo, o meu blog de educação financeira para as famílias e crianças ajuda nesse ponto porque mostra que forma didática e divertida que é possível saber mais e ensinar às crianças desde cedo conceitos fundamentais sobre esta matéria.

Numa espécie de passo a passo, o que diria a uma família de portugueses onde só se ganha o salário mínimo para fazerem de forma a conseguirem não chegar a esse sufoco?
Eu diria passo a passo e de forma mais resumida que:
• Crie e acompanhe um orçamento para saber onde gasta o seu dinheiro e perceber o pode mudar
• Avalie e reduza os gastos desnecessários
• Negoceie tudo que pode negociar
• Estabeleça metas de poupança
• Considere fontes adicionais de renda
• Aprenda a saber investir o seu dinheiro

Qual é a melhor solução: A poupança ou o investimento?
Ambos são importantes, mas de maneiras diferentes, porque não deixam de se relacionar. A poupança é essencial por exemplo para lidar com emergências, enquanto o investimento pode gerar crescimento a longo prazo. Uma abordagem equilibrada é recomendada, necessária e possível onde podemos por exemplo poupa primeiro para investir depois. É importante fazermos investimentos bem planeados e com todo o conhecimento.

Por onde começar quando se pensa em investimento?
• Eduque-se sobre diferentes tipos de investimentos. Conheça bem os tipos de investimento no mercado antes de tomar qualquer decisão
• Respeite o seu perfil de investidor
• Comece com investimentos de baixo risco
• Diversifique a sua carteira para reduzir o risco
• Considere a consulta a um profissional financeiro com experiência nesta área de investimentos

Quais são os maiores erros dos portugueses nas suas finanças pessoais?
Diria que os que mais se destacam são:
• Falta de orçamento e controle de gastos e por isso, por vezes acham que não conseguem poupar, mas na realidade não sabem onde gastam o dinheiro todo que ganham
• Ignorar a importância da poupança e investimento
• Endividamento excessivo e uso inadequado de crédito

De que forma é que se pode adaptar os orçamentos das famílias para que estejam prontas a dar resposta às subidas que temos observado recentemente?
• Reavaliar o orçamento regularmente e perceber se não existem desvios
• Considerar opções mais económicas de determinados produtos e serviços que fazem parte dos nossos gastos
• Procurar alternativas de transporte e estilos de vida mais sustentáveis
• Procurar por programas de apoio social e benefícios fiscais disponíveis, sempre que seja possível.
Não esquecendo que a situação financeira de cada família é única e cada caso é um caso, e o apoio mais personalizado pode ser benéfico para que as pessoas se sintam essencialmente mais informadas, com mais conhecimento e ferramentas para fazerem a diferença nas suas decisões

Mais Artigos