Portugal assinala o fim da ditadura do Estado Novo no 25 de abril, mas não é o único país da Europa e ter um 25 de abril comemorativo.
Feriado nacional em Itália desde 1946, a “Festa da Libertação de Itália do nazifascismo” ou “Festa da Libertação” ou simplesmente “25 de abril” assinala a libertação da ocupação nazi e a derrota do regime colaboracionista de então.
Embora o envolvimento de Itália na Segunda Guerra Mundial não tenha terminado a 25 de abril de 1945, mas sim em maio, a 25 de abril teve início a retirada, das cidades de Milão e Turim, dos últimos soldados resistentes da Alemanha nazi e dos soldados fascistas da “República de Salò”, um Estado ‘fantoche’ criado nos últimos anos da guerra, no norte do país, que teimava em resistir numa altura em que os Aliados já ocupavam boa parte do território italiano, na sequência da assinatura do armistício por Itália (em setembro de 1943).
Este ano, a celebração deste dia está envolta em polémica, pois foi precedida pela decisão dos dirigentes da televisão pública RAI de cancelar o monólogo sobre o antifascismo e o 25 de abril do escritor Antonio Scurati, conhecido pela sua trilogia sobre o ditador fascista Benito Mussolini, no programa ‘CheSara’.
A decisão de cancelar a participação de Antonio Scurati foi considerada de censura pelos partidos da oposição, que voltaram a condenar o que consideram a intenção do Governo de Giorgia Meloni de controlar a televisão pública e o seu conteúdo.
Antonio Scurati dizia que o governo decidiu reescrever a história: “O grupo dominante pós-fascista, depois de vencer as eleições em outubro de 2022, tinha dois caminhos pela frente: repudiar o seu passado neofascista ou tentar reescrever a história. Sem dúvida ele escolheu o segundo caminho”.
Apesar do cancelamento, as suas palavras não foram silenciadas. Como manifestação de solidariedade, no programa Chesara, Serena Bortone, leu o monólogo que foi ainda publicado em vários jornais.
“Que a política se interesse pelo 25 de Abril é uma coisa boa, o importante é que o seu valor seja reconhecido, algo que infelizmente não vejo nem sinto e muitos ministros ainda não reconhecem o 25 de Abril”, disse o presidente da Associação dos Partidários de Milão, Primo Minelli.
O controlo partidário a que a RAI está a ser alvo valeu-lhe já o nome de “Telemeloni”.
O líder da Liga e vice-presidente do Governo, Matteo Salvini, participou na cerimónia no santuário de Sant’Ambrogio em Milão para recordar os que tombaram na Libertação juntamente com o autarca Beppe Sala e o ministro Giuseppe Valditara,
Matteo Salvini afirmou ainda que o antifacismo deste Governo “é evidente” e que sempre honrou o 25 de Abril “sem ter que se gabar disso”.
A primeira-ministra italiana e líder do partido de extrema-direita Irmãos de Itália, Giorgia Meloni, afirmou hoje que “o fim do fascismo lançou as bases para o retorno da democracia”.
com Lusa