1- Laboral – O progresso tecnológico provocado pelas TIC’s reside na inteligência artificial e na robotização, e pressiona as atuais formas de organização de trabalho e o mercado laboral. Os países que lideram a revolução tecnológica flexibilizaram a contratação e o despedimento, conciliando com a segurança no percurso profissional. Os que apresentam condicionantes ideológicas para gerir a equação flexibilidade/segurança demonstram mais dificuldade em se integrar. Não podemos continuar com uma rigidez e um quadro jus-laboral assente nas premissas da 2ª revolução industrial e a pretender entrar na economia do conhecimento. Em termos laborais, a melhor forma de conseguir esta adequação é privilegiar a descentralização das negociações sociais para dentro das empresas.
2- Produtividade – Somos o 6.º pior país da UE em termos de competitividade salarial, porque temos a 5.ª economia menos produtiva. Admite-se que 50% do déficit produtividade do País é explicado pela qualidade de gestão nas empresas. Existem outras razões, mas a dimensão do tecido empresarial explica muito. Não é com 7.400 médias empresas e 1.300 grandes que iremos alterar de forma significativa a competitividade da economia nacional. A cultura empresarial é refratária a operações de concentração. A política pública não a dinamiza. A política fiscal não a incentiva. Conjugar política fiscal e pública e colocar as associações empresariais a dinamizar a procura destas operações é um imperativo nacional. Uma medida que poderia melhorar a aceitação destas operações e exigir requisitos de dimensão mínima para acesso a determinadas medidas dos sistemas de incentivos (internacionalização e I&D).
3- Capitalização das empresas – Temos um segmento de empresas com balanços degradados e com EBITDA’ s que não cobrem os custos financeiros. Há setores da indústria transformadora em dificuldades, com deterioração das margens de negócio, evolução negativa da tesouraria líquida, com sérias dificuldades no cumprimento da dívida bancária contraída na pandemia. A resiliência da economia portuguesa não está a ser puxada por estes segmentos. Mas não sei se aguenta um choque de seleção caso nada se faça. Há necessidade de revisitar a forma como o BPF desenhou o Programa Consolidar que se destina à capitalização e reforço de capitais próprios das empresas. O perfil de empresa que os fundos procuram não precisam de abrir capital e tem um “funding” mais competitivo. As empresas de que necessitam têm um perfil que os fundos não privilegiam. E estão 1,2 mil milhões do PRR por executar… Conceber um forte e significativo pacote de capitalização e reestruturação financeira das empresas que conjugue ações preferenciais remíveis, capital reversível, dívida subordinada, obrigações participantes, obrigações convertíveis, e instrumentos de titularização de carteira de crédito, é necessário para reforçar o segmento empresarial que alavanca a economia nacional.