Opinião

10 grandes tendências na avaliação de empresas e Due Diligence para 2026

João Vaz Leite

O setor da Avaliação de Empresas e da Due Diligence está a atravessar uma transformação acelerada. A pressão por maior rigor, velocidade e transparência, combinada com novas exigências regulatórias e fluxos crescentes de investimento, está a redesenhar o modo como avaliamos negócios. Em 2026, esta evolução tornar-se-á ainda mais evidente.

A seguir, partilho as 10 tendências que vão marcar de forma decisiva o mercado e que já fazem parte da visão estratégica dos grandes players mundiais.

A Integração total entre Inteligência Artificial e modelos de valuation

A IA deixará de ser uma ferramenta complementar para se tornar um pilar central.
Modelos preditivos avançados, identificação automática de riscos e análise comparável em segundos permitirão avaliações mais rápidas e com menor margem de erro. A função do analista torna-se mais estratégica: interpretar, validar e modelar cenários complexos.

Due Diligence contínua, não apenas transacion

As empresas deixarão de avaliar riscos apenas em momentos de compra, fusão ou investimento. Em 2026, cresce a adoção de “Continuous DD”, sistemas que monitorizam fornecedores, parceiros e unidades de negócio em tempo real. Isto permite decisões mais informadas sobretudo em setores regulados ou de forte volatilidade.

Regulação mais exigente e foco reforçado na compliance

A Europa prepara novo enquadramento para mitigar riscos de branqueamento de capitais, ESG e cibersegurança. A due diligence passa a avaliar não apenas “como está” a empresa, mas “quão preparada está” para novos normativos.

Avaliação impulsionada por métricas não financeiras

A criação de valor já não vive apenas de EBITDA, margem ou múltiplos sectoriais.
Em 2026, a avaliação incorpora métricas como:

  • reputação digital
  • inteligência organizacional
  • capacidade tecnológica
  • exposição a riscos climáticos
  • maturidade ESG

A performance intangível torna-se central.

Democratização do acesso a dados de mercado

Plataformas especializadas permitem o acesso imediato a bases de dados comparáveis e benchmarks outrora reservados a bancos de investimento.
A avaliação torna-se mais padronizada, objetiva e comparável entre players.

Automação das fases operacionais da Due Diligence

Tarefas como análise documental, reconciliação de dados, auditoria preliminar, leitura de contratos ou identificação de cláusulas críticas serão fortemente automatizadas. O papel das equipas passa a ser de validação, interpretação e recomendações estratégicas.

A centralização digital do processo através de datarooms inteligentes

As datarooms evoluem para ambientes integrados, com:

  • controlo de acessos dinâmico
  • workflow automatizado
  • alertas de risco
  • dashboards de progresso
  • evidências centralizadas

A gestão da informação deixa de ser um desafio e passará a ser uma vantagem competitiva.

Crescimento das avaliações para PME e microempresas

A profissionalização da gestão, o acesso a plataformas digitais e a necessidade de financiamento vão aumentar o número de avaliações formais em pequenos negócios. O mercado massifica-se e ganha novos modelos low-touch, mas rigorosos.

A ascensão da “Due Diligence de Pessoas”

Equipa, talento e liderança tornam-se fatores críticos na avaliação de valor.
Será cada vez mais comum analisar: o risco de dependência de fundadores, a qualidade do governance, a cultura interna, a capacidade de execução
A empresa é avaliada tanto pelos seus números como pelas suas pessoas.

Avaliações orientadas para cenários, não para um valor único

Em 2026, o mercado abandona a ideia de “um valor final”.
Os investidores querem intervalos probabilísticos, sensibilidades e simulações multivariáveis. O resultado deixa de ser um número e passa a ser uma narrativa fundamentada sobre como a empresa cria valor ao longo do tempo.

As tendências para 2026 mostram que a Avaliação de Empresas e Due Diligence estão a tornar-se mais científicas, mais digitais e mais integradas nos processos de gestão. Na ValuingTools, antecipamos este movimento desde o primeiro dia: acreditamos em rigor, eficiência e tecnologia como forma de elevar a confiança no ato de avaliar.

Se 2025 consolidou a transformação, 2026 será o ano em que o setor se reinventa por completo.

Para as empresas portuguesas, especialmente num tecido empresarial marcado por PME e estruturas familiares, estas tendências representam uma oportunidade clara de elevar a maturidade da gestão. A adoção de processos de avaliação mais rigorosos, digitalizados e contínuos permitirá ao mercado português reduzir assimetrias de informação, preparar-se para ciclos económicos mais exigentes e ganhar competitividade num contexto global.

Para a banca, o impacto é ainda mais direto. Os modelos de risco, o financiamento empresarial e a monitorização de carteiras vão depender cada vez mais de métricas não financeiras, análises automatizadas e due diligence permanente. Instituições financeiras que integrem estas abordagens terão maior capacidade de antecipar incumprimentos, ajustar pricing de risco e apoiar as empresas num papel verdadeiramente consultivo.

Em síntese, 2026 será um ano em que a Avaliação de Empresas e a Due Diligence evoluem de processos pontuais para sistemas de inteligência contínua. Quem (empresas, bancos ou investidores) souber incorporar esta nova geração de práticas terá uma vantagem decisiva na criação de valor e na proteção do capital.

João Vaz Leite,
partner ValuingTools

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