Conjugando a arte de produção árabe tradicional com um design inovador e alma portuguesa, a Futah é uma marca portuguesa que vende toalhas de praia há mais de 10 anos. A Forbes falou com os três primos fundadores da marca – Catarina Cunha, Mariana Cunha e Ricardo Ramos – que nos contaram como tudo começou. Falámos, entre outras coisas, sobre os valores que a marca pretende transmitir ao público português (e não só), com ênfase nas praticas de sustentabilidade da marca. Ficámos também a saber que a Futah quer continuar a apostar na sua própria internacionalização, e que visa tornar-se numa marca global e de ano inteiro.
A Futah celebrou, este ano, 10 anos de existência. Mas qual é a história por trás desta marca de família?
Exatamente, a Futah surgiu há 10 anos. A verdade é que nasceu de uma viagem que fizemos juntos à Tunísia. Sempre tivemos o sonho de criar uma marca juntos, mas foi em 2013 que decidimos juntar forças e pegar num produto para o qual sentíamos que ninguém olhava com devida atenção: toalhas de praia.
Ou seja, tinham este objetivo comum desde cedo, guiados pela vossa vontade coletiva (e individual) de se tornarem empreendedores. Têm todos o mesmo background académico?
Sim, queríamos ser empreendedores. O Ricardo é formado em Engenharia e Gestão Industrial e a Futah foi criada enquanto ainda era estudante no Instituto Superior Técnico. A Catarina é formada em Gestão de Empresas e sempre foi apaixonada pelo poder que as marcas têm em transformar o mundo. E a Mariana, que é formada em Gestão de empresas, também sempre quis ser empreendedora.
Noto que uma das características mais salientes da Futah é a unidade familiar que a vossa marca transmite. Acabam por ser, os três, a imagem da marca. São esses os valores que pretendem passar aos vossos clientes?
Sim, acabamos por ser nós os três que damos ‘a cara pela marca’. Quanto à mensagem que pretendemos transmitir ao nosso público, achamos importante realçar que a nossa inspiração é a nossa Natureza. É ela que nos impede de prosseguir ‘o caminho trilhado’. O nosso instinto leva-nos a dar um passo ao lado para seguir em frente: com novas histórias, novos produtos e conscientes do futuro. Ser sustentável não é moda, faz parte da nossa maneira de ser.
É esse o público a que se dirigem? Clientes com uma maior preocupação no que toca à sustentabilidade dos produtos que escolhe?
Acaba por ser, maioritariamente. Temos uma forte inspiração ‘Atlântica’ que é manifesta em todos os produtos que criamos, integrados na nossa natureza e conscientes do seu futuro. Acima de tudo a Futah começou com a vontade de criar a toalha de praia ideal para aqueles que valorizam a liberdade e a natureza.
Mas o vosso portfólio de produtos já se alargou, certo?
Sim, exatamente. Depois da toalha de praia, criámos os ponchos de surf e, mais tarde, desenvolvemos outros produtos. Hoje somos uma marca de ano inteiro e temos mais acessórios que não só toalhas de praia. Temos bolsas e carteiras, e uma linha de vestuário que inclui meias, t-shirts e camisolas que vão variando com o tema de cada coleção.
Sempre com uma grande atenção à natureza. Podem contar-nos um pouco mais sobre as práticas sustentáveis da Futah?
No fabrico das nossas toalhas utilizamos algodão selecionado ao qual aplicamos diferentes técnicas de tecelagem para conseguir obter várias texturas e padrões garantindo que todas as toalhas são 100% algodão, leves, absorventes e resistentes. A Futah está comprometida a operar de forma ética e sustentável em toda a sua cadeia de valor. Os nossos produtos são compostos por fibras de algodão 100% naturais e cuidadosamente selecionadas. É importante mencionar que os nossos fornecedores são certificados pelo Standard 100 by OEKO-TEX, que garante as melhores práticas da indústria têxtil. Somos da opinião que as nossas toalhas só fazem sentido em praias limpas, com oceanos sem lixo e com o ambiente preservado, por isso enquanto marca fazemos o nosso papel no sentido de educar e transmitir os valores nos quais acreditamos.
A vossa mais recente coleção – SS’23 – tem como tema o deserto, certo? Qual a inspiração por trás deste tema?
Sim, o tema deste ano é o deserto e a campanha foi realizada no Sahara. Por fazermos 10 anos, quisemos partir em busca das nossas origens e criar uma coleção inspirada no deserto do Sahara, no Norte de África, região onde encontrámos pela primeira vez o nosso produto. O nosso slogan é It’s our Nature, mas este ano derivou para It’s our Origin, porque tentamos explicar de onde viemos, mostrar o deserto, e mostrar como é possível viver em sítios praticamente desconhecidos e remotos. Quisemos, de alguma forma, ir atrás do Dromedário que é o ‘h’ do nosso logotipo, e viajar com ele.
Alguns dos vossos modelos de toalhas foram desenvolvidos em colaboração com a WWF Portugal.
Sim. Temos quatro padrões disponíveis nesta coleção, desenvolvidos em colaboração com a WWF Portugal | ANP, inspirados em alguns elementos básicos do deserto. É de realçar que 10% das vendas destes modelos revertem para a WWF Portugal | ANP e são edições limitadas. Para além destes modelos temos, também, alguns padrões geométricos e outros mais simples com riscas, com uma palete de cores inspirada nos tons do deserto e com o nome de alguns povos nómadas do Sahara.
E também fizeram uma parceira com a SOMA Surf (Surfistas Orgulhosas na Mulher d’África).
Sim. A SOMA é uma Associação sem fins lucrativos, de cariz social, fundada por uma portuguesa que pretende incentivar jovens à prática de surf na ilha de São Tomé. Costumamos dizer que as nossas toalhas duram uma vida e, por isso, tivemos a ideia de dar uma ‘segunda vida’ às toalhas mais antigas dos nossos clientes. Oferecemos descontos a quem veio às nossas lojas trocar toalhas antigas por novas e, de seguida, enviámos todas as toalhas que recolhemos para São Tomé.
Agora, passado 10 anos, que balanço fazem da vossa década de existência?
É um balanço felizmente positivo. Sabemos que é um caminho longo e que uma marca demora sempre algum tempo a consolidar-se. Estamos muito gratos a quem nos apoia desde o princípio e a todos os que se deixaram conquistar pela Futah ao longo deste tempo. Queremos continuar a surpreender as pessoas e queremos que mais se juntem a esta nossa viagem, esperando que haja sempre alguém por este mundo fora que se identifique connosco.
Para aqueles que querem começar um projeto como o vosso, quais diriam foram os vossos principais desafios ou sucessos?
Criar credibilidade para ganhar a confiança das pessoas e tentar sermos constantemente inovadores. Desde o início que a nossa maior preocupação é a nossa marca, os valores por ela transmitidos e a forma como se posiciona no mercado. Sempre tivemos o desafio de sermos uma equipa pequena e penso que isso é um dos nossos maiores fatores de sucesso. O facto de sermos poucos permite-nos adaptar mais facilmente às circunstâncias e situações que vão surgindo. A pandemia é um exemplo claro disso.
Por fim, que novidades reservam para a marca no futuro?
A Futah tem capacidade para ser tornar numa marca global e de ano inteiro. Claro que para isso será preciso continuar no caminho por que estamos a caminhar – o da internacionalização. Também é necessário manter a nossa ousadia em arriscar e inovar. Pelo menos assim esperamos, por mais décadas!