Tendência dos preços do gás na Europa deverá manter-se em baixa

O recente conflito entre Israel e o Hamas gerou alguma incerteza em relação à evolução dos preços do gás, relembrando o que aconteceu em 2002, com a invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, espera-se que a tendência geral dos preços deste produto, quer na Europa quer nos Estados Unidos, se mantenham em baixa. Segundo…
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A Europa dispõe de gás suficiente para satisfazer as suas necessidades atuais, uma vez que as suas instalações de armazenamento estão ocupadas a 72%, acima dos 62%, em média, dos últimos cinco anos.
Economia

O recente conflito entre Israel e o Hamas gerou alguma incerteza em relação à evolução dos preços do gás, relembrando o que aconteceu em 2002, com a invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, espera-se que a tendência geral dos preços deste produto, quer na Europa quer nos Estados Unidos, se mantenham em baixa. Segundo os analistas da plataforma de investimento online XTB, a Europa dispõe de gás suficiente para satisfazer as suas necessidades atuais e também as do próximo inverno, o que poderá ajudar a manter os atuais níveis de preços ao consumidor final. A mesma plataforma adianta que as instalações de armazenamento estão com uma ocupação de 72%, o que compara positivamente com a média dos últimos cinco anos, que foi de apenas 62%.   

Embora os preços do gás permaneçam ligeiramente elevados em comparação com os níveis anteriores à pandemia, há poucos indícios de que regressem aos níveis exorbitantes observados durante o auge da crise.

Assim, os analistas preveem que, embora o mercado antecipe um ligeiro aumento para o período de inverno, para cerca de 35 euros/MWh, o afluxo de gás dos Estados Unidos na segunda metade do ano poderá fazer baixar ainda mais os preços, potencialmente abaixo dos 20 euros/MWh.

Apesar destas tendências descendentes, o gás continua a ser um bem essencial para quase todas as economias do mundo. No entanto, o recente período de elevada volatilidade do mercado parece estar a diminuir, indicando que os preços estão a estabilizar após anos de turbulência.

Europa tem aprovisionamento de gás diversificado

O conflito em Israel, um importante país produtor de gás na região, criou um ambiente propício a que militantes do Houthi atacassem os navios que atravessam o Mar Vermelho em direção ao Canal do Suez. Isto levou a que muitas transportadoras redirecionassem os fornecimentos, aumentando os prazos e custos de entrega, sendo que, antes do conflito, cerca de 8% de todo o GNL (Gás Natural Liquefeito) passava por aquela rota. Devido a toda esta conjuntura, a Europa tomou algumas medidas para diversificar os seus aprovisionamentos de gás e começou a constituir reservas mais cedo, daí que as tenha num nível mais alto. No final da atual estação de aquecimento, prevê-se que os níveis de armazenagem excedam 50%, assegurando um aprovisionamento parcialmente provisionado para o próximo inverno. Este cenário reflete-se na curva de preços a prazo do mercado do gás.

Os Estados Unidos distribuem atualmente cerca de 50% do GNL à Europa, prevendo-se que esta quota aumente no segundo semestre de 2024.

Embora os preços do gás permaneçam ligeiramente elevados em comparação com os níveis anteriores à pandemia, há poucos indícios de que regressem aos níveis exorbitantes de 100, 200 ou mesmo 300 euros por MWh observados durante o auge da crise gerada pela pandemia, pela guerra na Ucrânia e pela inflação.

Relativamente aos fornecimentos europeus, os Estados Unidos distribuem atualmente cerca de 50% do GNL à Europa, prevendo-se que esta quota aumente no segundo semestre de 2024 com a entrada em funcionamento de novas capacidades de exportação. A Europa depende ainda dos fornecimentos de gás por gasoduto da Noruega, Argélia e Azerbaijão, tendo diminuído o gás originário da Rússia.

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