Com uma personalidade contagiante e uma gigante capacidade de encarar o mundo com um profundo otimismo, Nilton Bala é um nome muitíssimo reconhecido, em Portugal, pelo seu enorme sucesso como Personal Trainer. A FORBES teve a oportunidade de falar com o cobiçado treinador, que nos contou como tudo começou. Aos nossos leitores fala sobre o seu percurso pessoal e de carreira, alguns dos obstáculos que enfrentou, e discorre sobre a sua ascensão rápida e mediática a figura pública.

Hoje em dia é o personal trainer de várias figuras conhecidas em Portugal, destacando-se a modelo portuguesa Sara Sampaio e a Anita da Costa, que ajudaram o Nilton a ser ‘catapultado’ para o merecido lugar especial em que hoje se encontra. Treina também Marisa Cruz, Sofia Ribeiro, Ruben Rua, José Fidalgo, Lourenço Ortigão, entre vários outros. Escreveu já um livro sobre o seu conhecido método de treino, lançou uma plataforma online onde todos nós podemos treinar com ele, e conta com mais de 720 mil followers no Instagram. É, ainda, Embaixador da marca PUMA. À FORBES, em exclusivo, conta-nos que um seu segundo livro está a ser planeado.

Nilton Bala, o Personal Trainer de várias figuras públicas, esteve à conversa com a FORBES. Em exclusivo, conta-nos que está a preparar um segundo livro

Nilton é, também, um empresário e treinador premiado, tenho sido reconhecido pela sua vertente de entrepreneur e pelo seu papel na vida de muitos nós. Ainda assim, Nilton demonstra uma humildade e gratidão profunda no que toca aos seus ‘atletas’, como tão carinhosamente se refere àqueles que com ele treinam.

O Nilton é um Personal Trainer de enorme sucesso em Portugal – e não só – e uma fonte de admiração para muitos. Mas como começou tudo? Quando e porquê veio para Portugal?
Nilton Bala (NB): Eu era jogador profissional de futebol no Brasil e, em 2001, recebi um convite de um agente para me mudar para cá em prol do meu sonho de seguir uma carreira de futebolista. Apercebi-me rapidamente que várias das ‘promessas’ que me foram feitas não iriam, infelizmente, dar fruto, mas gostei de Portugal e decidi que não queria voltar para a minha terra natal. Na altura fiquei no Porto – cidade que adoro e onde ainda hoje vivo – e pensei, como alternativa, estudar desporto. Sempre fui apaixonado pelas atividades físicas e desde dos sete anos de idade pratico desporto.

Veio para Portugal, portanto, com um sonho em mente, mas acabou por alterar os seus planos e objetivos futuros. Como foi adaptar-se a Portugal, sem ter então contatos?
NB: Sim, exatamente. Vim para cá sozinho e foi, sem dúvida, uma parte muito difícil da minha vida. Comecei totalmente do zero. Não tinha, nem tenho, família cá. Vivi situações complicadas, várias vezes, até a nível económico, e sem ter aquele ‘apoio em pessoa’ que faz muita falta. Durante os meus estudos tive de trabalhar noutras áreas que não a minha, para conseguir ter liberdade financeira. Aluguei quartos e mudei várias vezes de casa. Foi uma vida muito árdua de estudante-trabalhador. E sem nenhuns contatos em Portugal.

Vim para cá sozinho e foi, sem dúvida, uma parte muito difícil da minha vida. Comecei totalmente do zero.

Ou seja, um percurso com muitas pedras pelo caminho…
NB: Sim. Eu lembro-me de falar com os meus pais, que me ligavam do Brasil, e de lhes dizer que estava tudo bem quando, na realidade, estava a viver uma vida de movimento constante e em condições menos boas. Não os queria preocupar. Consegui conciliar os meus estudos com o meu trabalho, como muitos outros o fazem, mas foi difícil. Eu estudava em Vigo, mas a minha base era no Porto. Fiz muitas viagens de um lado para o outro – e o meu curso durou dois anos e meio!

Mas agora está no que considera um “lugar muito especial”. Como é que conseguiu dar a volta por cima?
NB: Sim, é verdade. Acho que as minhas conquistas são fruto de muita disciplina e de uma perseverança teimosa. Acredito que nós somos capazes de alcançar os nossos objetivos se pusermos nisso muita dedicação e força de vontade. Sei que tive, e tenho, muita sorte em hoje ser reconhecido pelo meu trabalho.

Acho que as minhas conquistas são fruto de muita disciplina e perseverança. Acredito que nós somos capazes de alcançar os nossos objetivos se pusermos nisso muita dedicação e força de vontade.

Noto, a falar consigo, que o Nilton continua a ser muito humilde, e isto apesar do seu sucesso. Como reage quando lhe pedem conselhos e lhe dizem que querem alcançar tanto quanto aquilo que conseguiu?
NB: Quando pessoas mais novas me pedem conselhos, confesso que me sinto envergonhado. Digo-lhes sempre que não deviam aspirar a ser como eu – deviam, em vez, tentar ser a melhor versão deles próprios e assim podem tornar-se melhores do que eu! Está tudo na nossa mente. Acredito que o nosso sucesso depende muito daquilo em que acreditamos. A mente domina tudo.

Aliás, uma frase conhecida sua é que “uma mente fraca nunca terá um corpo forte”.
NB: Sim, exatamente. Digo-o muitas vezes. É um mantra que mantenho até hoje. A nossa cabeça tem muito poder sobre nós, em qualquer área da nossa vida. Com disciplina, organização, perseverança e resiliência, conseguimos tudo. Temos de nos adaptar aos momentos por que passamos. Podem ser fases difíceis, mas que podemos ultrapassar com resiliência. Não há como não ter sucesso. A força do pensamento é algo inquestionável.

A força do pensamento é algo inquestionável.

É fluente em positividade! Fala com todos e qualquer um, sempre a espalhar palavras positivas e de encorajamento. Diz, também, ser uma pessoa muito crente na sua fé e espiritualidade.
NB: Sim, tenho muita fé e espiritualidade. Não consigo sair de casa de manhã sem pensamentos de gratidão. Às vezes torna-se difícil reconhecer o longe a que chegámos. Com o passar do tempo, olhar para trás torna-se mais complicado e esquecemo-nos de como começámos. Quando me elogiam nem sei bem como responder. Mas é importante prestar atenção aos elogios que nos fazem, nem que seja para darmos valor ao longe a que chegámos. É muito fácil perder a perceção daquilo que alcançamos e é bom parar e refletir sobre o nosso caminho.

É muito fácil perder a perceção do que alcançamos e é bom parar e refletir sobre o nosso caminho.

NB: Quero deixar um legado. Tenho uma estrela de David tatuada no braço, que para mim é como um amuleto pessoal que me relembra da fé e da força que tenho. É um símbolo de crença. Acho que acreditar em coisas – ter fé – facilita a vida. Se não tivesse fé, já teria desistido face aos obstáculos que me apareceram na vida. A fé é a certeza das coisas que se esperam e a garantia das coisas que se não veem.

E como começou por ser o Personal Trainer que hoje em dia treina as celebridades?
NB: A minha primeira aluna ‘conhecida’ foi a Bárbara Borges, uma atriz brasileira. Na altura ela estava a trabalhar em Portugal e eu trabalhava na sala de musculação de um ginásio por ela frequentado. Ninguém queria trabalhar aos domingos, mas lembro-me de aceitar sempre esses turnos – mesmo que fosse das 9 às 21 da noite. Queria trabalho e tenho uma paixão enorme por desporto. Um dia estava sozinho no ginásio e a Bárbara apareceu. Fiquei nervoso de a conhecer, por ser uma atriz conhecida, mas falámos um pouco. Ela ia fazer a capa da Playboy, no Brasil, e estava à procura de alguém com quem treinar. Pediu-me para treinar comigo, todos os dias, e assim o fiz. Depois foi um efeito quase de bola-de-neve.

Ninguém queria trabalhar aos Domingos, mas lembro-me de aceitar sempre esses turnos – mesmo que fosse das 9 às 21 da noite.

NB: Foi aí que comecei a dar entrevistas na televisão, em diferentes canais, sobre treinos. E ainda hoje escrevo para uma revista, todas as semanas. Tenho uma rubrica que é publicada todas as quartas-feiras, sobre exercício e saúde.

Mais é mais tarde, em meados de 2014/2015, teve o seu grande boom, quando começa a treinar a Sara Sampaio.
NB: Sim, a minha grande ‘explosão’ foi com a Sara. A Sara ia desfilar para o Victoria’s Secret Show e precisava de treinar. Mandou uma mensagem a outra minha cliente, a Anita da Costa, a dizer que ia estar no Porto e que precisava de um Personal Trainer. Alguém como a Sara não pode parar – a fasquia e a exigência do trabalho que faz são altas.

Alguém como a Sara (Sampaio) não pode parar – a fasquia e a exigência é alta.

NB: Quando a Anita me disse que a Sara queria treinar comigo, achei que era uma brincadeira. Mostrei interesse e foi aí que tudo começou. Trabalhar com ela catapultou a minha carreira para um patamar internacional. Quando a Sara ‘anunciou’ que eu era o treinador dela, em Portugal, a minha vida mudou. Tive acesso a um público diferente, a que talvez nunca teria de outra maneira chegado. Começámos por fazer uma avaliação física e depois a trabalhar para cumprir os objetivos dela. Ainda hoje tenho-lhe uma enorme gratidão. A Sara sempre confiou em mim e no meu trabalho. Agora já somos amigos.

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Cada vez mais celebridades como clientes e sempre a crescer no Instagram, onde já tem mais de 720 mil seguidores. Mas depois veio a pandemia, o que o forçou a mudar de estratégia e dar azo ao lado mais empreendedor.
NB: Exatamente. A pandemia acabou por ser a oportunidade que tive para criar e levar o meu negócio online. Percebi que era importante ter uma presença digital forte. O processo foi muito orgânico, na verdade. Comecei por partilhar parte dos meus treinos num live no Instagram, e várias pessoas se juntaram a mim. Percebi que podia ‘pegar’ no sucesso que estava a ter e criar um site para treinar pessoas virtualmente.

A pandemia acabou por ser a oportunidade que tive para criar e levar o meu negócio online.

Também o fez para conseguir chegar a todos ‘os cantos’ do país e não só.
NB: Sim, achei ingrato estar no Porto e não conseguir treinar lisboetas que me pediam para trabalhar com eles. Desta forma, online conseguia chegar a várias pessoas. Hoje tenho muitos clientes internacionais, também. Alguns vivem em Londres, Luxemburgo, França, Canadá, etc., e fazem parte da minha team online. Team Bala, como lhe chamo.

É um serviço muito completo e com preços que muitos consideram acessíveis.
NB: Sim, quero treinar o máximo número possível de pessoas. Trabalho com uma nutricionista chamada Sofia Teixeira, que desenha planos individuais de nutrição para os meus atletas. Ela é muito dedicada e juntos formamos uma equipa de sucesso. Quis, também, criar um treino – “o método Bala” – extremamente ‘democrático’, por assim dizer. Não quero complicar a vida dos que treinam comigo. Não é preciso comprar equipamento para fazer os meus exercícios. Se o pedisse, os clientes iam ter custos adicionais que por vezes são desnecessários.

Quis, também, criar um treino – “o método Bala” – extremamente ‘democrático’, por assim dizer.

NB: Com os planos online podem treinar quando quiserem e onde quiserem. Podem usar o próprio peso do corpo para exercitar – essa acaba por ser a ‘base’ do meu trabalho. A Anita da Costa, com quem trabalho há mais de 10 anos, usa muito o peso dela para exercitar. Todos o podem fazer. Temos de investir no nosso corpo. Não só mentalmente, mas também fisicamente.

E foi por este seu lado mais empreendedor que for premiado pelo seu networking empresarial, tanto a nível nacional como internacional, em 2019, pelo Grupo Craques Master Brasil.
NB: Sim! É um prémio para empreendedores. Fui indicado por um jornalista brasileiro e mais tarde fui contactado para me comunicarem o ter ganho. Estou muitíssimo grato pelo reconhecimento que este prémio significa.

E o seu livro? Outra iniciativa que lhe correu bem, com quase 5 mil exemplares vendidos – estão praticamente esgotados em todo o lado. Com que intuito o escreveu?
NB:  Sim, lancei o meu livro em maio de 2019. Foi publicado pela Contraponto, e tem uma introdução escrita pela Marisa Cruz, que também é minha cliente. Foi um desafio que me foi proposto e ao princípio estava reticente. Escrevi-o para promover atividade física e para ajudar aqueles que querem ingressar neste mundo. Nem todos têm acesso aos programas desenhados por mim e o livro acaba por ser uma forma que arranjei de me fazer chegar aos amantes do desporto e àqueles que têm carinho pelo meu trabalho.

Contou-nos, em exclusivo, que vem aí outro livro seu…
NB: Sim. Posso contar à FORBES, em exclusivo, que estou a planear lançar um segundo livro.

Posso contar à FORBES, em exclusivo, que estou a planear lançar um segundo livro.

NB: Também mantenho a ideia de expandir, claro, mas mais numa forma de branding – criar um método de treino próprio: o método Bala de que falei. Não de imediato, quero estudar o mercado melhor e estruturar tudo com calma. Noto que a minha carreira está a crescer de ano para ano e de forma estável, e com mais ‘popularidade’ vêm mais responsabilidade também.

O que quer para o seu futuro? Tem alguma mensagem a passar aos leitores da FORBES?
NB: Quero olhar para trás e saber que tudo valeu a pena. E o que quero passar aos leitores da FORBES é a mensagem de que têm de saber o que querem e que devem esforçar-se muito para o alcançar – tudo é possível. Se os sonhos forem maiores do que os obstáculos, não há nada que nos pare. Acho essencial amar o que se faz. Faz toda a diferença. Eu acordo de manhã com paixão no que faço.