A Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP), em parceria com o Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), apresentou o programa Metamorfose, uma iniciativa integrada de corporate governance destinada a acelerar o crescimento e competitividade das Pequenas e Médias Empresas (PME) portuguesas.
Composto por três ferramentas práticas e evolutivas – um guia de boas práticas, um scoring e uma bolsa de conselheiros -, este programa espera atingir mais de 50.000 empresas que, conseguindo ganhar escala, poderão contribuir para o desenvolvimento social do país.
“A falta de escala e o problema da baixa produtividade do tecido empresarial português são temas que Portugal debate há largos anos e urge uma mudança deste paradigma para que seja efetivamente possível transformar o país e torná-lo mais próspero”, refere António Rios de Amorim, vice-presidente e líder do grupo de trabalho Empresas da Associação BRP.
“Nos últimos meses, a Associação BRP tomou a iniciativa de ouvir diversos especialistas do meio académico e empresarial para nos ajudar a compreender as razões que justificam a falta de escala das empresas portuguesas e a conclusão é que seria necessário acelerar a profissionalização da gestão das PME e robustecer as estruturas de governance que,nestas organizações, podem constituir uma barreira que impede as empresas de crescerem e se tornarem grandes”, conclui.
Associadas do BRP irão disponibilizar os seus quadros de topo para integrarem as PME como elementos conselheiros, contribuindo com uma visão externa e independente.
“A adoção de boas práticas de governance é um dos elementos-chave para a competitividade de uma empresa, um impulsionador de crescimento e um fator adicional de atração para investidores e talento. A consciencialização das empresas para esta matéria é fundamental para que estejam mais bem preparadas para os desafios presentes e futuros e para que se desenvolvam de forma sustentável”, refere João Moreira Rato, presidente do IPCG. Foi neste contexto, e no facto de as empresas que integram a Associação BRP já terem percorrido o caminho que lhes permite hoje ter estruturas de governance sólidas, que foi criada uma estratégia integrada de corporate governance destinada a fortalecer o governo das PME nacionais.
Guia de conhecimento prático
A primeira ferramenta disponível do Programa Metamorfose consiste num Guia de Boas Práticas de Governance. Disponível online e de forma gratuita, este Guia identifica um conjunto de 68 medidas e recomendações práticas que devem ser adotadas de forma evolutiva pelas empresas tendo em vista a evolução do modelo de gestão e o reforço das estruturas de governance. Este Guia pretende complementar o atual Código do Governo das Sociedades, cujo foco está centrado sobretudo nas grandes empresas cotadas, traduzindo as boas práticas de corporate governance para um contexto de empresas mais pequenas/média e de menor complexidade organizacional.
Scoring para medir estado de maturidade da empresa, ao nível do governance
Outra das ferramentas apresentadas, que estará brevemente disponível, consiste num modelo de scoring que permitirá às PME medirem o seu grau de maturidade em matéria de governance, conhecerem os seus pontos fortes e fracos, e compararem a sua avaliação com os resultados do setor e com empresas de dimensão ou estágio de maturidade similares. Quanto menor for a diferença das práticas de uma empresa face às melhores práticas estabelecidas, melhor tenderá a ser o seu posicionamento.
A prazo, os promotores preveem a possibilidade de estas empresas se candidatarem a uma certificação em governance, que possa facilitar o acesso, por exemplo, a melhores condições de financiamento.
Bolsa de quadros para colaborar com as empresas
Aproveitando o know how das suas empresas membro, a Associação BRP constituiu uma bolsa de conselheiros, formada, desde já, por mais de 40 quadros superiores e executivos dessas companhias, que estarão disponíveis para desafiar e apoiar as equipas de gestão das PME interessadas em participar, e trazer uma visão externa e independente.
Ao integrarem esta bolsa, os profissionais começam por completar uma formação específica na área do governance, administrada pelo IPCG.
Encontra-se neste momento planeado um piloto com a participação de quatro empresas e quatro conselheiros, que os promotores esperam escalar até ao final de 2022.
“Com estas ferramentas, ambicionamos apoiar as empresas a darem um importante salto de crescimento, que terá necessariamente efeitos positivos em toda a economia. O guia de conhecimento prático fornecerá as recomendações necessárias para que possam aumentar a capacidade de entregar valor ao mercado, acionistas, parceiros, clientes e colaboradores. O scoring será vital para que tenham uma real perceção do estádio em que se encontram e de como podem evoluir. E, por fim, a bolsa de quadros será uma oportunidade para contactarem com especialistas que as vão ajudar a percorrer com sucesso esse caminho”, afirma Ana Paula Marques, líder do grupo de trabalho de Corporate Governance da Associação BRP.
“Apesar de o governance, por si só, não permitir que um mau modelo de negócio se torne um sucesso, são vários os estudos que revelam uma relação direta entre a adoção de boas práticas de governo nas empresas e o seu desempenho operacional e financeiro. Assim, atendendo ao facto de as pequenas e médias empresas representarem 99,9% do tecido empresarial português, importa sobretudo às PME nacionais, com bons modelos de negócio, ter a estrutura necessária para que possam crescer, ganhar dimensão e serem sustentáveis ao longo do tempo”, refere a Associação BRP.
O Programa Metamorfose é um programa desenhado pelas empresas para as empresas. A este propósito, Vasco de Mello, presidente da Associação BRP, salienta “somos 42 grandes empresas que acreditam que Portugal deve ter maior ambição para regressar ao top 15 europeu de riqueza per capita. Também nós, empresas, somos convocadas para esta missão de crescimento nacional, por isso, e defendendo a iniciativa privada, muitas das propostas que desenvolvemos dependem das próprias empresas da Associação BRP ou de outras que se pretendam associar, e não apenas do Estado”.