Com a crescente presença da Inteligência Artificial (IA) no mundo empresarial e tecnológico, as empresas começam a definir as bases para incorporar este recurso nos seus processos e poderem capitalizar todo o seu potencial de crescimento. No caso de Portugal, 90% das empresas identifica a otimização das operações como a principal motivação para a adoção da Inteligência Artificial.
Estes é um dos dados da edição deste ano do relatório Ascendant Digital 2024 sob o tema “IA: Uma revolução em curso”, que a Minsait, uma empresa da Indra, apresentou em Lisboa, com enfoque nos dados das mais de 130 empresas nacionais que participaram num inquérito que decorreu até março deste ano, em parceria com a AESE Business School. A nível global, o estudo envolveu mais de 900 organizações do Sul da Europa e da América Latina, de quinze sectores de atividade.
“Sabemos que a Inteligência Artificial tem um potencial enorme para transformar positivamente a forma como vivemos e trabalhamos. Ao longo do último ano, temos vindo a assistir a uma verdadeira revolução da IA, com esta tecnologia a colocar-se no centro dos debates nacionais e internacionais, ainda com várias questões em aberto, nomeadamente no que toca à regulamentação e também sobre o verdadeiro impacto que a IA poderá ter”, afirma Vicente Huertas, Country Manager da Minsait em Portugal.
“Mais do que uma realidade, a transformação digital das empresas é um imperativo que abre portas a novas possibilidades, com as organizações a terem de decidir rapidamente se querem abraçar esta nova vaga”, conclui o Country Manager.
O Relatório Ascendant da Minsait confirma que, embora as empresas de todos os setores tenham por base um baixo nível de adoção da IA, estão conscientes do desafio que implica promover e captar todo o seu valor à medida que esta tecnologia avança. Inclusivamente, muitas estão já a lançar-se na implementação concreta, especialmente de IA generativa.
Embora atualmente apenas 10% das empresas, a nível global, tenha um plano de IA totalmente integrado nas suas estratégias, somente 36% destas já começou a desenvolvê-lo e três em cada quatro planeia tê-lo a médio prazo.
Motivos para integrar IA
Entre as empresas portuguesas que já iniciaram este caminho, de acordo com o Relatório Ascendant, 90% fizeram-no com a motivação de incorporar a IA na otimização de operações e redução de custos, 37% para aumentar as vendas e 32% para uma evolução da experiência dos seus clientes e utilizadores internos. De forma geral, existem reservas quanto à exploração de outras áreas.
Áreas que estão a integrar IA
Entre as áreas da cadeia de valor em que as organizações portuguesas estão a aplicar a IA, destaque para o desenho de produtos e serviços (93%), operações de cliente (85%), estratégia (85%) e vendas (80%); que têm incentivado o desenvolvimento de casos de uso em áreas como a análise preditiva para a tomada de decisões, a investigação e conceção de novos produtos e serviços, a conceção e personalização de campanhas, a previsão da procura dos clientes ou a geração de códigos informáticos.
Paralelamente, a utilização setorial da inteligência artificial é muito desigual, embora a nível global o relatório demonstre que a Banca, a Energia, os Seguros e as Telecomunicações já tenham permitido medidas para mudar o seu foco para a IA ou incorporar produtos e serviços baseados nela na sua proposta de valor.
Outros como o Consumo & Retalho, a Indústria ou as Administrações Públicas encontram-se em fases mais incipientes para poderem explorar ao máximo o potencial deste recurso.
Este surgimento de casos de uso acelerou a entrada da IA nas organizações, embora ainda sejam identificados obstáculos para escalar mais rapidamente a sua adoção. Entre as principais barreiras identificadas pelos inquiridos portugueses destacam-se a falta de um modelo de governação de dados e a sua gestão (39%) e a existência de infraestrutura tecnológica adequada (39%), seguindo-se a falta de profissionais qualificados (34%).