“O feminismo fez-me gostar de ser mulher e respeitar os homens”

A FORBES falou, em exclusivo, com Schuma Schumaher à margem do Humanity Summit numa conversa onde a feminista destacou a distinção fundamental do feminismo na luta pelos direitos das mulheres, um movimento que transcende as décadas e tem um impacto significativo na sociedade. “O feminismo fala em nome de mais da metade da Humanidade. O…
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Na recente Humanity Summit, a escritora feminista brasileira, Schuma Schumaher, trouxe questões cruciais sobre o feminismo e o seu papel na busca pela justiça e igualdade social.
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A FORBES falou, em exclusivo, com Schuma Schumaher à margem do Humanity Summit numa conversa onde a feminista destacou a distinção fundamental do feminismo na luta pelos direitos das mulheres, um movimento que transcende as décadas e tem um impacto significativo na sociedade.

“O feminismo fala em nome de mais da metade da Humanidade. O feminismo vem dizer que o papel das mulheres não pode ser secundarizado, não pode ser desprezado. Nós queremos ser mulheres cidadãs, não queremos ser apenas mulheres-mães. Queremos ter a capacidade de decidir sobre as nossas vidas, primeiro, e depois sobre toda a coletividade”, enfatizou Schuma Schumaher.

Realçando que o feminismo procura a transformação da sociedade como um todo, indo muito além dos direitos das mulheres. O movimento evoluiu ao longo do tempo e, agora, abrange uma perspetiva mais ampla que aborda questões como economia, mudanças climáticas, condições de vida e trabalho. “O feminismo passou a ser um defensor não apenas dos direitos das mulheres, mas também dos direitos de populações negras, indígenas, LGBTQ+ e, acima de tudo, dos direitos da Humanidade”, sustentou.

Aos 71 anos, Schuma, partilhou a sua jornada pessoal em direção ao ativismo feminista. Cresceu numa família simples no campo e desde muito cedo testemunhou a luta do pai por um pedaço de terra e a maneira pela qual ele e outros homens menosprezavam o valor das mulheres.

“O meu pai queria dois pedaços de terra e o homem dizia: ‘mas como, você não vai dar conta’. Meu pai argumentou: ‘tenho a minha filha – eu tinha seis anos – e a minha esposa. Então nós os três vamos dar conta’. E o homem respondeu: ‘mas elas valem por metade’”, contou.

“Foi o primeiro encontro da minha vida em que me chamaram de metade”, lembrou Schuma Schumaher. Esse episódio a fez questionar, mais tarde, o papel das mulheres na sociedade e a inspirou a buscar respostas na literatura, lendo livros relacionados às mulheres.

O momento decisivo na sua vida ocorreu quando participou num encontro com mulheres feministas em São Paulo, em 1978. Ali, ouviu histórias de mulheres que estavam a aprender a conduzir e como eram assediadas por instrutores masculinos. Este evento fez com entendesse o que há muito estava na sua cabeça: como o corpo das mulheres estava a ser explorado e controlado pelo patriarcado. A partir desse momento, Schuma Schumaher tornou-se uma militante feminista.

“O feminismo fez-me gostar de ser mulher e fez-me respeitar os homens. Descobri que antes eu temia os homens. Tinha medo, complexo, porque eles eram os poderosos. O feminismo fez-me ser mulher, amar ser mulher e respeitar os homens”, afirmou.

Lembrar as novas gerações

Schuma Schumaher alertou para os desafios enfrentados pelas novas gerações de feministas. Reconheceu que, por vezes, os jovens podem ver o feminismo como algo ultrapassado devido aos avanços conquistados pelas mulheres ao longo do tempo. No entanto, enfatizou a importância de lembrar às novas gerações as lutas que as mulheres travaram para conquistar direitos fundamentais, como o direito à educação.

E recordou que, no Brasil, até 1889, era proibido que mulheres frequentassem universidades, destacando a importância de manter viva a memória das conquistas passadas e daqueles que dedicaram as suas vidas à luta pelos direitos das mulheres.

Em relação à participação em eventos como a Humanity Summit, Schuma Schumaher expressou a sua gratidão pela oportunidade de dialogar e compartilhar perspetivas com pessoas de diferentes origens e experiências. Enfatizando a importância de sair da “bolha” e estar disposta a ouvir e aprender com os outros.

“A troca de perspetivas, os sonhos que cada um tem, é uma forma muito saudável de construir ou, pelo menos, sonhar juntos para que a Humanidade fique mais humanizada”, concluiu.

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