A pandemia da Covid-19 causou mudanças sísmicas em como e onde as pessoas trabalham, com 95% das mulheres a trabalhar em tecnologias globais a partir de casa a tempo parcial, desde março de 2020, boa parte dela sem formação técnica no setor.
O mais recente estudo da multinacional de cibersegurança, Kaspersky, revela que mais de um terço (38%) das mulheres que trabalham na área de Tecnologias de Informação (IT) consideram que o número reduzido de mulheres no setor cria-lhes receio de ingressar na profissão.
A investigação Women in Tech Report, que contou com a participação de 13 mil inqueridos a exercer atividade no setor de IT, concluiu que quase metade das mulheres (43%) encontraram por si próprias a vaga para o seu cargo atual.
Além disso, um terço (33%) das mesmas revelaram ter sido encorajadas a dedicar-se à tecnologia durante a sua educação, quer fosse na escola ou já na faculdade. Estes resultados demonstram alguns sinais de mudança, mas a atual falta de representação feminina no setor tecnológico continua a ser um obstáculo para alcançar a diversidade.
Dada a importância de ter modelos ou referências na luta pela diversidade de género na indústria tecnológica, o estudo a que a FORBES teve acesso, concluiu que apenas 19% das mulheres que trabalham atualmente no setor foram encorajadas por um modelo feminino a abraçar a profissão.
Os números apurados referem que, embora se tenham dado passos bastante positivos ao longo dos tempos para reverter os estereótipos de género no seio da indústria, consciencializar as estruturas organizacionais e mudar algumas atitudes culturais, ainda têm que ser feitas muitas mudanças para se chegar a uma maior representação feminina.
Tal como reforça o estudo, “Se não houver exemplos femininos a seguir, não é possível a existência de um caminho claro que leve as jovens mulheres da educação até à indústria e, posteriormente na sua carreira, até a cargos superiores”.
Os resultados da investigação ajudam a fundamentar o facto de que as mulheres podem abrir o caminho umas às outras. O aumento do número de referências femininas a trabalhar no setor tecnológico irá demonstrar às futuras candidatas as competências e benefícios que podem ser alcançados através de uma carreira na indústria.
Dos inquiridos, 44% identificaram a aquisição de competências de resolução de problemas como principal exemplo, enquanto 40% mencionam simplesmente os salários que podem ser alcançados.
Mas, estes aspetos positivos não estão a chegar às jovens mulheres interessadas em seguir uma carreira na área da tecnologia. Se este cenário for melhorado e estes aspetos forem difundidos, mais mulheres poderão ingressar na indústria, tornando-se elas próprias modelos a seguir, “um efeito bola de neve”, mas positivo, conclui o estudo.