O até agora secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, acabou de tomar posse como ministro das Infraestruturas depois de liderar, nos últimos quatro anos, a estratégia de Portugal rumo à neutralidade carbónica.
O governante assumiu a pasta da Energia a 17 de outubro de 2018 substituindo, na altura, Jorge Seguro Sanches, no âmbito da remodelação do Governo, depois de este ter adotado medidas que o colocaram em oposição com as empresas do setor, como, por exemplo, a exigência da devolução de 140 milhões em apoios que considerava de indevidos. Galamba acabou por questionar depois a validade desta medida.
A revisão da lei de bases do sistema elétrico e a aposta em impulsionar o hidrogénio verde como nova fonte de energia em Portugal são dois dos marcos que ficam da liderança do novo ministro das Infraestruturas.
Agora, face à demissão de Pedro Nuno Santos – potenciada pela polémica em torno da indemnização à ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis –, foi chamado pelo Primeiro-ministro António Costa para assumir os destinos do Ministério das Infraestruturas, que, entretanto, perdeu o braço da Habitação. Com esta nomeação vai herdar vários dossiers considerados complexos, como decidir a localização do novo aeroporto de Lisboa, continuar a reestruturação da TAP que foi negociada com Bruxelas, além dos projetos em torno da ferrovia.
A passagem de João Galamba pela área da energia valeram-lhe elogios, mas não escapou a algumas polémicas fruto do posicionamento irreverente que tem demonstrado, por exemplo, nas redes sociais. O anterior líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, chegou a apelidá-lo de “cowboy do teclado” e pediu a sua demissão.
Ou nas malhas da justiça ao ser investigado num processo do Ministério Público sobre alegados “indícios de tráfico de influências e de corrupção, entre outros crimes económico-financeiros”, sendo suspeito de favorecimento do consórcio EDP/Galp/REN no projeto de hidrogénio verde que apresentaram para Sines.
Ainda assim, será sempre um nome incontornável quando se aborda a mudança do paradigma energético no País. Em entrevista à FORBES na edição de outubro/novembro de 2021, o ex-secretário de Estado da Energia destacava que “Portugal assumiu o objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050 (RNC 2050)”. Nas suas palavras, este posicionamento significa “o abandono progressivo de um modelo económico linear, sustentado nos combustíveis fósseis, apostando numa economia que se sustenta nos recursos renováveis e que utiliza os recursos de forma eficiente, prosseguindo com modelos de economia circular, que valoriza o território e promove a coesão territorial”.
Neste contexto global, defendeu que “é reconhecida a inevitabilidade da transição energética, dada a urgência climática e a necessidade de mudança do paradigma económico, em particular no que toca aos combustíveis fósseis”.
João Galamba lembrou que, em termos do calendário para concretizar as metas da transição energética, “é na década 2021-2030 que devem concentrar-se os maiores esforços de redução de emissões, sendo esta essencial para o alinhamento da economia nacional com uma trajetória de neutralidade carbónica”. Reconheceu que foram estabelecidas metas ambiciosas, mas exequíveis para o horizonte 2030, que se encontram vertidas no Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030 (PNEC 2030), principal instrumento de política energética e climática nacional para a referida década, rumo a um futuro neutro em carbono. Assim, para 2030, as metas que estão assumidas são: a redução das emissões até 55%, redução do consumo de energia primária de 35%, incorporação de 47% de fontes de energia renovável no consumo final bruto de energia (80% na produção de eletricidade e 20% nos transportes) e 15% de interligações elétricas.
Licenciado em economia, João Galamba nasceu em Lisboa, em agosto de 1976. Antes de entrar para o Governo foi vice-presidente do grupo Parlamentar do Partido Socialista, sendo que desde 2009 era deputado na Assembleia da República.
No seu percurso profissional consta ainda a passagem pelo Banco Santander de Negócios, pela consultora DiamondCluster International, na presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e na Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados.