Indústria portuguesa do calçado investe 50M€ para ser a mais moderna do mundo

No âmbito da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), o setor do calçado em Portugal reuniu 44 parceiros e, num projeto coordenado pelo Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), está a desenvolver “a fábrica do futuro”, a FAIST. A FAIST – Fábrica Ágil, Inteligente, Sustentável e…
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O setor do calçado em Portugal reuniu 44 parceiros para criar a "fábrica do futuro". São 55M€ de investimento em novos processos produtivos, de controlo de qualidade e novas tipologias de produtos.
Economia

No âmbito da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), o setor do calçado em Portugal reuniu 44 parceiros e, num projeto coordenado pelo Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP), está a desenvolver “a fábrica do futuro”, a FAIST.

A FAIST – Fábrica Ágil, Inteligente, Sustentável e Tecnológica – pressupõe um investimento de 50 milhões de euros, no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), no domínio das Agendas Mobilizadoras, e “tem como principal objetivo dotar e capacitar esta indústria de tecnologias inovadoras, processos e materiais sustentáveis, aumentando a capacidade de resposta aos requisitos do mercado e continuar a fazer da indústria portuguesa do calçado e marroquinaria a mais moderna do mundo”, salienta Florbela Silva, coordenadora do projeto.

O consórcio liderado pela empresa Carité e coordenado tecnicamente pelo CTCP é constituído por 44 copromotores, sendo 14 empresas de calçado e marroquinaria, 9 empresas de componentes. Há ainda 15 empresas de base tecnológica e 6 entidades associativas e de ciência e interface tecnológico.

No domínio da inovação, Florbela Silva recorda que está em curso “a modernização dos processos e de novos produtos, tornando a indústria portuguesa mais ágil e competitiva; a mais moderna do mundo”.

Para isso, o setor investirá “no desenvolvimento de processos produtivos robotizados e automatizados, software de gestão e controlo de produção, em paralelo com o desenvolvimento e produção de novas tipologias de produtos ecológicos e sustentáveis”.

Desse modo, será possível que “as empresas portuguesas de calçado e marroquinaria alarguem a sua gama de produtos”.

A outro nível, para otimizar a eficiência produtiva, o setor deverá aumentar o seu grau de especialização, reduzindo o desperdício de energia e recursos com uma, imprescindível, maior qualificação e capacitação dos recursos humanos”.

No final, “a disseminação destas tecnologias pelo setor, estará assegurada por um programa de comunicação estruturado e inovador”, permitindo ganhar escala internacional”.

Atração de empresas de base tecnológica

Um dos domínios críticos, de acordo com Florbela Silva, passa pela “atração de empresas de base tecnológica, com tradição e experiência noutras indústrias, para desenvolvimento de novos equipamentos e processos industriais disruptivos, mais eficientes e com aumento de capacidade produtiva”.

Para isso, a Agenda FAIST vai “apostar em empresas portuguesas para a produção de bens de equipamentos e processos inovadores, reduzindo assim a importação destas tecnologias e aumentando as oportunidades para a indústria nacional com impacto no crescimento de postos de trabalho qualificados.”

Entende Florbela Silva que “a concretização deste projeto dará um impulso significativo ao cluster do calçado e marroquinaria português, aumentando o seu grau de especialização tanto em novos produtos, como em bens de equipamentos e processos”.

“A concretização deste projeto dará um impulso significativo ao cluster do calçado e marroquinaria português”, diz Florbela Silva.

Como consequência, “serão alcançados aumentos importantes na agilidade da resposta aos mercados e da sustentabilidade, suportadas em tecnologia e inteligência, com uma elevada diferenciação e projeção internacional”.

A indústria portuguesa de calçado tem a ambição de “ser a referência internacional da indústria de calçado e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”.

Esta é a visão consagrada no Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, recentemente apresentada.

2347 mil milhões de euros em exportações

Em 2022, as exportações portuguesas de calçado e artigos de pele aumentaram 22,2%, para o novo máximo histórico de 2.347 milhões de euros, com todos os segmentos da fileira a registarem “crescimentos expressivos” em termos homólogos.

No total, Portugal exportou 76 milhões de pares de calçado no ano passado, no valor de 2.009 milhões de euros, ultrapassando, pela primeira vez, a barreira dos 2.000 milhões de euros.

Face a 2021, houve um acréscimo de 10,5% em quantidade e de 20,2% em valor, sendo que, relativamente a 2019, as exportações cresceram mais de 13,8%.

O preço médio do calçado exportado situou-se nos 26,40 euros, um aumento de 8,7% face a 2021.

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