Conheça o premiado Chalet Ficalho, situado em Cascais

O Chalet Ficalho, um dos edifícios mais emblemáticos de Cascais, foi distinguido com o Prémio Gulbenkian da Reabilitação, no âmbito do Prémio Gulbenkian Património Maria Tereza e Vasco Vilalva, tendo arrecadado a unanimidade do júri. A proposta colocada a concurso é do arquitecto Raúl Vieira, responsável técnico da intervenção e de Maria de Jesus da…
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Considerado um dos edifícios mais emblemáticos de Cascais, o Chalet Ficalho, agora transformado em unidade hoteleira, acaba de ganhar o Prémio Gulbenkian de Reabilitação.
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O Chalet Ficalho, um dos edifícios mais emblemáticos de Cascais, foi distinguido com o Prémio Gulbenkian da Reabilitação, no âmbito do Prémio Gulbenkian Património Maria Tereza e Vasco Vilalva, tendo arrecadado a unanimidade do júri. A proposta colocada a concurso é do arquitecto Raúl Vieira, responsável técnico da intervenção e de Maria de Jesus da Câmara Chaves, dona da obra.

Este emblemático palacete do século XIX foi residência de veraneio de uma família nobre e agora recuperado e transformado numa guest house. O projeto incidiu sobre o edifício que se encontrava já em elevado grau de degradação e que reconverteu o local num empreendimento turístico. Foram cinco as razões apontadas pelo júri para a atribuição deste prémio. A primeira é que constituiu um exemplo representativo da arquitetura de luxo de veraneio que se instala em Cascais a partir do último quarto do século XIX.

Depois, o projeto incidiu sobre um edifício que, apesar de classificado, se encontrava já em acentuado grau de degradação e visava, a reconversão do imóvel num equipamento hoteleiro. Em terceiro conseguiu obedecer a um profundo respeito pela traça original do edifício, o que implicou, em alguns casos, o recurso exemplar a técnicas e saberes artesanais tradicionais no trabalho das madeiras e da pedra, bem como no restauro de telas e sedas de revestimento. Por fim, a última razão é a importância patrimonial do edifício, enquanto expoente de um estilo arquitetónico em grande parte já hoje destruído na maioria das zonas balneares do País, pelo seu caráter modelar do respeito pelas técnicas e materiais originais no projeto de recuperação e pelo equilíbrio exemplar entre a preservação do conjunto e a sua adequação à sua nova função.

A história do edifício

Mandado construir em 1887 por António Máximo da Costa e Silva, barão e visconde de Ovar, e sua mulher Maria Josefa de Mello, condessa de Ficalho, o edifício servia o propósito de levar a filha do casal a apanhar os ares do mar por sofrer de problemas respiratórios. As obras de construção do então Chalet Costa e Silva arrancaram em 1889 e demoraram quase dois anos a estarem concluídas. O local escolhido para instalar o edifício foi o quarteirão do clube da Parada, o local onde a família real passava os dias em jogos e outras atividades.

Telhados esverdeados, de forte inclinação, portadas vermelhas, janelas altas e o jardim botânico exótico, são algumas das características que ainda hoje se destacam.  Quatro anos depois da sua conclusão o casal separa-se e Maria Josefa acabou por ficar com «o edifício, que manteve até morrer, em 1941, chamando-se então Chalet Ficalho. A casa foi passando de geração em geração até chegar à mão de Maria Jesus de Câmara Chaves, já na quarta geração.

As obras de construção do então Chalet Costa e Silva arrancaram em 1889 e demoraram quase dois anos a estarem concluídas.

O Prémio Gulbenkian Património Maria Tereza e Vasco Vilalva foi instituído em 2007, no seguimento da aquisição, à Fundação Eugénio de Almeida, do remanescente do Parque de Santa Gertrudes. Esta aquisição permitiu, quase 50 anos depois, reunificar o Parque, cuja maior parte é propriedade da Fundação Gulbenkian desde 1957. Criado em homenagem a Vasco Vilalva, o Prémio tem tido por objetivo assinalar intervenções exemplares em bens móveis e imóveis de valor cultural que estimulem a preservação e a recuperação do Património.  

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