Benoit Bazin: “Portugal está entre os 20 principais países da Saint-Gobain”

Decorreu, em Lisboa, a 18.ª edição do “International Saint-Gobain Architecture Student Contest" e Benoit Bazin, o CEO da empresa, não faltou ao evento. Os alunos da Coreia do Sul venceram a competição, mas o segundo lugar ficou em casa, com o grupo de estudantes da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. A Saint-Gobain é…
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Com a sustentabilidade como protagonista, a Saint-Gobain tem o objetivo de melhorar o mundo. Durante uma visita a Portugal, Benoit Bazin falou com a Forbes Portugal sobre a nova construção.
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Decorreu, em Lisboa, a 18.ª edição do “International Saint-Gobain Architecture Student Contest” e Benoit Bazin, o CEO da empresa, não faltou ao evento. Os alunos da Coreia do Sul venceram a competição, mas o segundo lugar ficou em casa, com o grupo de estudantes da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

A Saint-Gobain é líder mundial em construção sustentável. O objetivo de tornar o mundo “uma casa melhor” levou-os aos 51,2 mil milhões de euros em vendas em 2022. Antes da cerimónia de entrega dos prémios, Benoit Bazin falou com a Forbes Portugal sobre o mercado português e os conceitos de construção sustentável e leve.

O que o traz a Portugal?
Este é um evento muito forte que a Saint-Gobain realiza há 18 anos. Trata-se de um concurso para estudantes de arquitetura. Basicamente, todos os anos escolhemos uma zona – no ano passado foi na Polónia, este ano Lisboa, no próximo ano na Finlândia – e pedimos aos estudantes que façam o melhor projeto sustentável. Normalmente combinamos um projeto de construção nova e um projeto de renovação, para que tenham de provar duas competências, e tem de se enquadrar nas diretrizes da Saint-Gobain em termos de sustentabilidade. Dizemos-lhes que tem de ser bom para o ambiente e tem de ser positivo para o bem-estar dos utilizadores ou dos habitantes. Eu vou entregar o primeiro prémio e estou lá também com o CEO de Portugal, Vice-Presidente e CEO da Saint-Gobain para a Europa do Sul, Médio Oriente e África. Estamos extremamente felizes por ter o Presidente da Câmara de Lisboa, é uma grande honra ter um projeto no centro de Lisboa e ter o Presidente da Câmara connosco.

O que se segue para os projetos vencedores?
Há recompensa financeira, dá muita visibilidade. Certificamo-nos de que usamos a comunicação para lhes dar visibilidade. E, além disso, no ano passado, tenho de guardar a surpresa para este ano, mas no ano passado levámos a equipa vencedora, que era da Finlândia, e oferecemos-lhes três dias em Paris durante uma cerimónia para arquitetos profissionais. Em primeiro lugar, a recompensa financeira, em segundo lugar a comunicação e a visibilidade e, em terceiro lugar, no ano passado, o tour em Paris. Temos os três primeiros prémios, o prémio para estudantes e o prémio especial, são cinco prémios.

Como olha para o crescimento da empresa em Portugal?
Em Portugal temos uma grande presença, estamos cá desde 1962 com o negócio do vidro. Temos um pouco mais de 700 empregados. E continuamos a investir. No ano passado, adquirimos a Fibroplac e Falper. Estamos prestes a lançar abrasivos, para polir madeira, etc., em Portugal. É uma base muito boa para o mercado local de construção. Não só temos muitos negócios locais para o país, mas também temos uma expansão mundial, como na colocação de azulejos.

Há muita exportação a partir de Portugal?
Há alguma exportação, mas a estratégia da Saint-Gobain, e reorganizámos a Saint-Gobain há pouco mais de cinco anos, é ter todas as linhas de produtos da Saint-Gobain num determinado país e um CEO desse país. Costumava haver linhas de produtos mundiais geridas por franceses, em Paris. Eu optei por dar todas as linhas de produtos num determinado país a um CEO local porque o nosso produto não viaja muito. Quando se envia 500 ou 1000 km [de um material] o custo de transporte é caro, por isso é melhor fabricar localmente e vender localmente. É por isso que não há muita exportação, mas é verdade para Portugal, é verdade para França, Canadá. Fabricamos 90 ou 95% do tempo no país local para os mercados locais, com muito pouca exportação por duas razões: por causa do custo de transporte e segundo porque não se constrói em Portugal como no Vietname ou como no Canadá, os hábitos de construção locais são importantes.

Entre os mercados onde estão presentes, em que posição se encontra Portugal?
Portugal é um país importante, mas estamos em 75 países. O primeiro país em termos de lucro são os EUA, o segundo é a França e depois a Índia.

Mas Portugal está entre os 20 principais países da Saint-Gobain.

O pós pandemia e a inflação têm sido um grande desafio?
Foi um desafio em dois aspetos. Em primeiro lugar, muitos dos processos de fabrico requerem energia, pelo que se verificou um aumento do custo da energia. E, em segundo lugar, foi muito importante aproximarmo-nos dos nossos clientes para garantir um serviço muito bom. Em Portugal e no resto do mundo, nunca encerrámos durante a pandemia. Por isso, o serviço foi extremamente importante para garantir que não afetávamos os nossos clientes. Também ajudámos os nossos clientes a antecipar a inflação. Foi muito importante para nós educar os nossos clientes sobre isso, ajudá-los, por exemplo, a dar crédito e ajudar a antecipar com três, seis meses de antecedência. Penso que o pior já passou e que vamos estabilizar.

Como define construção sustentável?
Definimos de duas formas. Em primeiro lugar, o que é bom para o planeta em termos de preservação dos recursos naturais: se considerarmos a construção em todo o planeta, esta consome 50% dos recursos naturais. Em termos de emissões de CO2, os edifícios em todo o mundo são responsáveis por 35% a 40% das emissões de CO2. O outro aspeto é o bem-estar dos habitantes em casa ou nos edifícios públicos. O bem-estar em casa é uma boa temperatura, não demasiado quente no verão e não demasiado frio no inverno, é também uma boa acústica, uma boa qualidade do ar, uma boa iluminação visual.

A estratégia da Saint-Gobain é a liderança mundial na construção leve e sustentável. Construção leve significa que temos hoje novas formas de construção, basicamente estamos a substituir uma parede completa de blocos, de cimento, por pilares. Em vez de colocar a carga do edifício numa parede inteira, coloca-se a carga em pilares. Os pilares podem ser de betão, madeira ou aço, mas ao fazê-lo e ao colocar entre os pilares diferentes materiais, como o vidro, reduz-se metade do peso do edifício e muitos desses materiais podem ser reciclados.

E o resultado em termos de desempenho é o mesmo ou melhor.

O quão longe está Portugal dessa construção mais sustentável?
Penso que, na Europa, estamos a ultrapassar o muro e que existe uma boa compreensão do que é necessário fazer. Mas ainda estamos no início. Portugal, penso que está no início da viagem. Ainda estão a colocar muito betão em Portugal. Mas a consciencialização é forte. Todos nós enfrentamos as alterações climáticas e temos de fazer algo pelo planeta. A solução existe, a dificuldade na construção é garantir que todos na cadeia de valor estão alinhados. Estamos a mexer-nos, não temos muito tempo. É extremamente importante que os edifícios públicos assumam a liderança.

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