Nestes tempos em que a pandemia da Covid-19 obrigou os diferentes setores de atividade a usar e abusar das ferramentas online, a formação de executivos não foge à regra. Obrigada a migrar as aulas presenciais do MBA Executivo e do MBA Full Time para o online, desde 14 de março, para garantir que os alunos conseguiam terminar o trimestre, a Porto Business School (PBS) encontrou aqui uma oportunidade de avançar com o curso Digital MBA, que já estava no plano estratégico de 2018.
Em entrevista à revista Forbes, a diretora do programa Digital MBA, Rosário Moreira, explica que “quer ao nível do plano estratégico quer ao nível do nosso Center for Business Innovation, criado também em 2018, a preocupação com a inovação e o digital estiveram sempre na base da formação da PBS”.
Rosário Moreira sublinha que o Digital MBA surgiu “no meio da necessidade de nos adaptarmos a este novo mundo, a esta nova realidade. Enquanto escola de gestão temos de formar os gestores e líderes, atuais e futuros, para a transformação digital”.
A também docente na Faculdade de Economia da Universidade do Porto refere que neste programa não se trata apenas de ficar em teletrabalho e começar a transmitir aulas online. Deve ter por base uma estratégia de transformação digital, já que, questões, como por exemplo, a liderança à distância são completamente diferentes do presencial. E garante que conceitos de como aproveitar o potencial do digital, do ‘analytics’, da inteligência artificial tem de ser ensinado. A mesma fonte lembra que todos migrámos muito rápido para o teletrabalho e para o digital, sendo que as empresas, em geral, foram ágeis nesta mudança.
Mas realça que há novos conceitos que é preciso aprender, tendo em conta que, no futuro, todas estas transformações digitais vão ser cada vez mais rápidas. O curso Digital MBA pretende no espaço de um ano (ou quatro anos se o participante optar por um ritmo menos intensivo) dotar os líderes de competências para estarem neste novo mundo digital de forma profissional.
Hoje é preciso saber lidar com conceitos como inteligência artificial, o ‘machine learning’ [aprendizagem automática], os algoritmos inteligentes que conhecem quais as escolhas dos clientes. Rosário Moreira destaca o exemplo da Uber que sabe quais os últimos cinco pedidos do cliente e adapta a oferta. Ou o caso do Cartão Continente que envia as promoções personalizadas para os aderentes. Tudo isto é ‘machine learning’, algoritmos que utilizam a transformação digital, sendo que esta é uma realidade que desde as escolas de gestão às empresas de serviços, de produtos, de calçado ou roupa têm de se habituar e saber responder.
A PBS decidiu inovar neste curso não só nos conteúdos direcionados para o universo digital, mas também no formato. De acordo com Rosário Moreira, o programa “é único em Portugal no sentido, em que, pode ser totalmente frequentado à distância, no seu formato digital” e com flexibilidade.
Além de poder ter uma vertente de quase fato à medida, sendo customizável consoante os interesses profissionais do participante. Isto porque, nos últimos dois módulos, há espaço para a especialização numa área como finanças em que o estudante pode saber mais sobre bitcoins, blockchain, crowdfunding e outros conceitos que pode interessar a quem ocupa cargos como administrador financeiro. Ou então pode enveredar para uma especialização mais ligada ao digital.
No entanto, apesar desta possibilidade de especialização, a mesma fonte sublinha que “não abdicamos da formação de base que tem o mesmo rigor, exigência e quase os mesmos professores dos outros dois MBA já existentes na PBS”. Por isso, o módulo MBA Fundamentals é obrigatório, sendo composto por disciplinas como economia global para perceber como se interpreta as taxas de crescimento, ciclos económicos, como evolui a China ou os Estados Unidos. “Perceber o que se passa à nossa volta para poder tomar decisões”, destaca a diretora do programa.
Este módulo inclui ainda a Introdução à Economia e à Economia Global, Introdução à Gestão – para compreender como é formada uma organização – e o terceiro curso tem a ver com Métodos Quantitativos, isto porque podem frequentar o curso pessoas que chegam de áreas como as artes ou a aviação que podem não ter conhecimentos sobre estes conceitos. “São ensinadas matérias muito simples como o que é uma média, variância, as funções básicas do Excel”.
Em suma este curso é novo porque inclui o digital, é customizável, é flexível no sentido que pode ser onde e quando o estudante quiser, tirando meia dúzia de disciplinas que são síncronas. Mas mesmo assim vai poder haver flexibilidade. “Se o estudante por algum motivo justificado não pode estar na hora marcada, as aulas são gravadas e são disponibilizadas” exemplifica Rosário Moreira. O participante pode fazer o curso ao seu ritmo porque a duração pode ir de 12 meses a quatro anos, optando por fazer de forma intensiva ou desacelerar por algum motivo relacionado com um momento da sua empresa. Pode regressar quando tiver mais disponibilidade, a qualquer altura, se for nos módulos assíncronos, ou, se for nos síncronos, retomar à posteriori juntamente com os outros participantes.
Depois dos fundamentos da economia surge o módulo Liderar que tem o enfoque na estratégia, na liderança, no comportamento organizacional, na sustentabilidade e na ética que ajudam um líder a delinear a sua estratégia e a tomar decisões.
Os dois módulos Business Innovation são temáticos e imersivos, sendo que decorrem em duas universidades com as quais a Porto Business School tem uma colaboração há muitos anos. Uma delas é a Universidade de Berkeley, na Califórnia, através da qual, os participantes visitam empresas de tecnologia de ponta em Silicon Valley. Se o participante do Digital MBA quiser pode ir a esta semana internacional em conjunto com o grupo do curso de MBA Executivo ou participar à distância.
No mundo cada vez mais global não podia faltar uma semana temática dedicada ao International Business. Rosário Moreira justifica este módulo lembrando que as empresas não vendem só para o mercado doméstico, mas para todo o mundo. E mesmo que não vendam diretamente, os clientes do seu cliente vendem ou os fornecedores compram lá fora. “O líder tem de saber como funciona o negócio a nível internacional. É de novo uma semana imersiva na London Business School, com quem temos também uma colaboração há muitos anos”.
O módulo Gerir, que também é obrigatório, tem por missão aprofundar as várias temáticas da gestão. “Qualquer graduado com um MBA tem de saber um mínimo de gestão de recursos humanos, de marketing, de gestão das operações ou da produção, supply chain, tem de saber um mínimo de finanças”, exemplifica a mesma responsável para explicar este módulo.
Os módulos Executar e Disromper podem ser quase integralmente opcionais, em que, o estudante escolhe e customiza o seu curso. Se quiser saber mais sobre marketing digital, customer centricity, ou mais da área comercial ou da área de finanças pode optar.
O curso é concluído com um projeto final em que os estudantes fazem o seu próprio negócio, que muitas vezes é uma ideia que já têm há alguns anos, dão-lhe corpo e é transformado num projeto empreendedor. Aqui contam com o CBI da escola de negócios onde há uma equipa que acompanha os projetos de empreendedorismo.
O estudante pode optar por um projeto da própria empresa e desenvolver. Ou então, se o participante não está a trabalhar, pode fazer um projeto de consultoria. A PBS é uma associação que tem fortes ligações ao tecido empresarial do Norte e resto do País. “Temos projetos que são colocados por empresas como a Natixis, Sonae, EDP. Os estudantes podem resolver, no projeto final, um determinado problema como se fosse uma consultoria” refere Rosário Moreira.
No programa será incluído os Serviços de Carreira – já existentes nos outros dois MBA – em que os estudantes têm contacto com empresas, através da realização de visitas. Neste caso, vão ser visitas virtuais com muito enfoque no networking em que são chamadas três ou quatro empresas para que possam trocar impressões com o CEO ou com o CFO. Além disso, contam com o Caminho do Empreendedor e com o Desenvolvimento Pessoal para desenvolver as ‘softs skills’, saberem apresentar-se, falar em público e desenvolver as competências pessoais.
O número de candidatos ainda não está fechado, até porque as candidaturas decorrem até outubro. Mas há a destacar que o primeiro inscrito é um piloto aviador e já há muitos contactos de interessados e a fechar a inscrição.
O curso assenta na tipologia ‘Blended Learning’. O é ensino online, à distância. Mas para quebrar esta barreira, a PBS está a trabalhar numa plataforma digital que permite uma verdadeira colaboração através de fóruns de discussão entre professores e alunos e os estudantes entre si, de modo a encurtar a distância.
Além disso, vai existir um acompanhamento personalizado da experiência de aprendizagem. “No Digital MBA vamos ter um gestor de programas para cada um dos participantes precisamente para que esta distância seja encurtada”, sublinha Rosário Moreira. Haverá uma combinação entre aulas online síncronas com as assíncronas para que ao fim de uma semana de estudo “sozinho” o estudante possa falar com o professor e os colegas através da plataforma digital.
No que se refere ao corpo de docentes haverá o contributo da Universidade do Porto com um terço dos professores, a que se junta um terço de docentes oriundos de escolas internacionais, como Madrid, e outro um terço de Practitioners, pessoas que ocupam cargos de relevância e que durante um curso falam da sua experiência e ensinam sobre uma determinada temática. A escola de negócios portuense aposta em diversificar o leque de docentes para que o estudante possa ganhar experiência, por exemplo, com aqueles que veem das empresas.