Milhões de espectadores. O apoio moral das nações. Semanas de grande cobertura dos media em todo o mundo. A glória olímpica é um sonho que se torna realidade para quase todos os atletas que a alcançam, mas poucos o fazem por dinheiro e certamente não é uma maneira fácil de ficar rico.
Pagar por treinadores, treinos intensivos, anos de dedicação exclusiva e equipamentos de última geração que podem custar dezenas de milhares de euros podem fazer com que a oportunidade de competir no palco mundial que são os Jogos Olímpicos seja um autêntico poço de dinheiro. Para alguns atletas, o custo de uma viagem para a Olimpíada pode ser tão alto que têm de recorrer às campanhas do GoFundMe como modo de auxiliar a pagar as suas despesas.
Nem todos saberão, mas em 2016, milhares de pessoas doaram 750 mil dólares (636 mil euros) para ajudar a financiar as viagens de mais de 140 atletas. É claro que ganhar também facilita a pagar uma parte dos custos, com cada medalhista de ouro dos EUA a levar para casa 37,5 mil dólares (31.800 euros). Cada medalhista de prata recebeu, em média, 22,5 mil dólares (19 mil euros) e os de bronze foram contemplados com 15 mil dólares, em média (12.700 euros). Mas a maioria fica aquém.
Os mais famosos ao lado dos mais anónimos
Nos jogos Olímpicos irão competir os melhores de cada país, mas ainda assim, lado a lado, estarão algumas vedetas altamente profissionais e outros desportivos anónimos à procura do estrelato.
Muitos dos campeões (os mais conhecidos) são apoiados por lucrativos acordos de patrocínio. Assim, para os menos conhecidos, atendendo a que uma vitória aumenta as hipóteses de o conseguir, triunfar em Tóquio significa mais do que registar o seu nome entre os heróis da história dos Jogos da Era Moderna. Significa a possibilidade de lucrar com o feito.
Graças a uma decisão tomada décadas atrás – que permite aos atletas profissionais competir nas Olimpíadas –, os Jogos deste ano receberão, mais uma vez, não apenas “aspirantes” nas competições, mas também alguns dos atletas mais bem pagos do mundo.
Entre os desportivos que mais dinheiro ganham e que estão previstos para estar em Tóquio encontram-se três jogadores de ténis profissionais, um jogador de golfe e cinco jogadores da NBA.
Estes são os nove atletas olímpicos com maiores receitas. No total, no ano passado, somaram 353 milhões de dólares (quase 300 milhões de euros).
Kevin Durant, jogador de basquetebol (EUA). Lucro total: 75 milhões de dólares (63,6 milhões de euros)
A estrela dos Brooklyn Nets, que já tem duas medalhas de ouro olímpicas, viu os seus investimentos fora das quatro linhas rivalizarem com os seus dotes a encestar. Kevin Durant, duas vezes campeão da NBA (National Basketball Association), é o mais novo magnata multimédia da liga NBA com a série televisiva Boardroom, uma participação na Philadelphia Union da MLS e a sua própria empresa de capital de risco, Thirty Five Ventures. Esta é a segunda vez que Durant lidera a equipa dos EUA sem LeBron James ou Kobe Bryant, que foi aos Jogos Olímpicos pela última vez em 2012. É a terceira participação de Durant nas Olimpíadas e espera-se que leve a equipe dos EUA ao quarto ouro consecutivo.
Naomi Osaka, tenista (Japão). Lucro total: 60 milhões de dólares (50,8 milhões de euros)
Pelo segundo ano consecutivo, Naomi Osaka quebrou os recordes de lucros para atletas do sexo feminino, batendo a veterana Serena Williams e a ex-recordista Maria Sharapova. A tenista de 23 anos, a figura feminina em alta no ténis mundial, ganhou 55 milhões de dólares (46 milhões de euros) em patrocínios e outros 5 milhões de dólares (4 milhões de euros) em prémios em apenas 12 meses. Com mais de 20 parceiros patrocinadores, incluindo os mais recentes – Google, Louis Vuitton, Workday e Levi’s – Osaka está em 12º lugar na lista da Forbes dos atletas mais bem pagos em 2021. A quatro vezes campeã do Grand Slam conseguiu a sua primeira colaboração com a marca Barbie este ano, como parte da linha de bonecos Role Model da marca, que atualmente está fora de stock devido à alta procura.
Damian Lillard, jogador de basquetebol (EUA). Lucro total: 40,5 milhões de dólares (34,3 milhões de euros)
O jogador do Portland Trailblazers e seis vezes All-Star da NBA, Damian Lillard, mostrou ao mundo do desporto que ele não é apenas um artilheiro, mas um íman de marketing. O jovem de 31 anos acumulou contratos de patrocínio com a Adidas, Gatorade, Hulu e 2K Sports, entre outros. Em 2014, Lillard renegociou um novo contrato de dez anos com a Adidas no valor de 100 milhões de dólares (84,7 milhões de euros) para a sua linha de calçado mais vendida, Dame. Lillard, também conhecido pelo seu pseudónimo de rap Dame D.O.L.L.A (“Different On Levels the Lord Allows”), lançou três álbuns de estúdio sob a sua própria produtora, Front Page Music. O atleta olímpico aparece pela primeira vez quer na banda sonora da nova parcela de Space Jam, quer no filme onde desempenha o papel de Chronos.
Novak Djokovic, jogador de ténis (Sérvia). Lucro total: 34,5 milhões de dólares (29,2 milhões de euros)
O jogador mais bem classificado do mundo é o único membro dos três grandes do ténis masculino a aparecer nas Olimpíadas de Tóquio 2020, após as recentes renúncias de Roger Federer e Rafael Nadal. Novak Djokovic manteve ainda os fãs de ténis nervosos este mês com a sua participação no regresso a Wimbledon, a qual culminou com a vitória na final contra Matteo Berrettini. O triunfo, de resto, rendeu-lhe um empate com Federer e Nadal no maior número de vitórias de Grand Slam da sua carreira, ao quais planeia vencer no US Open em setembro. O líder em prize moneys de ténis levou para casa 2,4 milhões de dólares (cerca de dois milhões de euros) em prémios em dinheiro na sua vitória em Wimbledon, para adicionar a uma herança já impressionante. A estrela sérvia de 34 anos ganhou 30 milhões de dólares (25,4 milhões de euros) fora das quatro linhas, com acordos de patrocínio com empresas como Lacoste, Peugeot, NetJets e a fabricante austríaca de equipamentos de ténis Head.
Riry McIlroy, jogador de golfe (Irlanda do Norte). Lucro total: 32 milhões de dólares (27 milhões de euros)
Rory McIlroy, considerado como um dos nomes mais importantes do golfe juntamente com Tiger Woods e Phil Mickelson, também se tornou num dos jogadores mais valorizados neste desporto. O golfista, de 32 anos, adquiriu 29 milhões de dólares (24,5 milhões de euros) em 12 meses, fazendo parceria com marcas como Nike, Omega e UnitedHealth Group. Até ao momento, a jornada mais lucrativa de McIlroy em campo foi quando ganhou a FedEx Cup 2019, pela qual embolsou 15 milhões de dólares (12,7 milhões de euros). O desportista também lucrou bastante no ano em que fundou o GolfPass, com a NBCSports, um pacote de streaming de assinatura digital de 10 dólares por mês (cerca de 8,50 euros) com instruções exclusivas do próprio golfista.
Devin Booker, jogador de basquetebol (EUA). Lucro total: 30,5 milhões de dólares (25,8 milhões de euros)
O astro emergente da NBA, Devin Booker, conquistou o mundo do basquetebol, catapultando os Phoenix Suns para o topo da liga com a ajuda do rejuvenescido Chris Paul. Apesar da disputa da final da NBA (que perdeu para os Milwaukee Bucks) ter esticado a temporada para Booker, o facto é que o atleta decidiu rumou a Tóquio. O jogador de 24 anos, que foi comparado ao falecido Kobe Bryant, tornou-se o jogador mais bem pago da história do Suns ao assinar um contrato de cinco anos no valor de 158 milhões de dólares (134 milhões de euros) em 2018. O basquetebolista duas vezes All-Star, da NBA, ganha 7 milhões de dólares (5,9 milhões de euros) fora do campo e entre os seus patrocinadores incluem-se Nike e Call of Duty.
Kei Nishikori, tenista (Japão). Lucro total: 30,5 milhões de dólares (25,8 milhões de euros)
Nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016, Kei Nishikori conquistou o bronze e deu ao Japão a sua primeira medalha de ténis em 96 anos (uma espera, contudo, que não é tão longa quanto parece, já que o ténis foi retirado do programa olímpico em 1928 e regressou apenas oficialmente aos Jogos Olímpicos em Seoul em 1988, após ter sido modalidade de exibição em 1968 e 1984). Este pódio seguiu-se a outra grande conquista no Open dos EUA de 2014, onde se tornou o primeiro jogador asiático da história a chegar a uma final masculina do Grand Slam. O jovem de 31 anos aufere 30 milhões de dólares (25,4 milhões de euros) em patrocínios de marcas como Japan Airlines, Lixil e Nissin. Todas estas empresas estão listadas como parceiros olímpicos oficiais. Jogando em casa, Nishikori deve ser uma das caras dos Jogos de Tóquio.
Khris Middleton, jogador de basquetebol (EUA). Lucro total: 27 milhões de dólares (22,8 milhões de euros)
Tal como o seu oponente das finais da NBA, Devin Booker (dos Phoenix Suns), Khris Middleton (dos Milwaukee Bucks) vai integrar a equipa olímpica norte-americana que participará em Tóquio 2020. Com a confiança reforçada depois de se sagrar campeão da NBA (no derradeiro jogo, os Milwaukee Bucks baterem em casa os Phoenix Suns por 105-98 e sagrarem-se campeões da Liga Norte-americana de basquetebol 50 anos depois), Middleton será figura em destaque. O atleta voltou a assinar com o Bucks em 2019 para um acordo de cinco temporadas, 178 milhões de dólares (150 milhões de euros), após cimentar a sua posição como a segunda escolha da equipa, atrás do grego do momento, Giannis Antetokounmpo, cujos 50 pontos na final da NBA lhe valeram o título de o “Jogador Mais Valioso” (MVP). Khris Middleton, duas vezes NBA All-Star, de 29 anos de idade, tem parcerias com Nike, Verizon, Panini e Unilever, mas ganha a maior parte de seu dinheiro dentro das quatro linhas.
Jrue Holiday, jogador de basquetebol (EUA). Lucro total: 23 milhões de dólares (19,5 milhões de euros)
Doze anos após o início da sua carreira na NBA, Jrue Holiday representará a equipa dos Estados Unidos pela primeira vez em Tóquio. Elemento dos novos campeões da NBA, os Milwaukee Bucks, Jrue Holiday tem 31 anos e receitas de 2 milhões de dólares (1,7 milhões de euros), por via de negócios vários entre os quais acordos com a Nike, Microsoft, ONYX, Momentous, Amp e Panini. No início deste ano, o desportista concordou em ficar em Milwaukee com uma extensão de contrato de quatro anos no valor de pelo menos 134 milhões de dólares (113,6 milhões de euros).
Metodologia:
Para fazer esta lista, a Forbes rastreou a receita arrecadada entre 1 de maio de 2020 e 1 de maio de 2021, com base em conversas com especialistas do setor. Os valores de lucros exibidos, que são arredondados para o meio milhão mais próximo, incluem tanto a receita em campo (de prémios, salários e bónus) como a receita fora de campo (de patrocínios, taxas de apresentação e acordos de licenciamento). Os números da NBA refletem um corte de 20% nos salários-base dos jogadores para compensar o ajuste do depósito pandémico da liga para a temporada atual.