Co-fundador da Beta-i
Artigo incluído na edição de Maio 2019
Vivemos tempos entusiasmantes. A transformação digital é hoje o principal impulsionador de inovação. É responsável pela mudança acelerada de hábitos e rotinas que vivemos enquanto cidadãos. É o canvas para milhares de start-ups e investidores, mas também para a mudança de negócios com décadas de existência. Bancos, indústria em geral, sector automóvel, energia, retalho, logística, turismo, saúde, são apenas exemplos mais evidentes. Tudo está a mudar e de forma bem acelerada.
Pois bem. Uma outra transformação chegou. Começou por ser chamada de economia circular. Até 2030, três mil milhões de novos consumidores de classe média surgirão e impactarão fortemente a procura. A transformação circular começa assim empurrada pela pressão legislativa e regulatória que parte da premissa que o actual modelo económico não é sustentável, nem eficiente, tendo em conta factores como o crescimento da população, aquecimento global, produção de resíduos e os recursos limitados do nosso planeta.
Mas já não são apenas as questões legais a empurrar empresas e empreendedores para esta realidade. Sabemos que os jovens desejam trabalhar em empresas que contribuem para tornar o nosso mundo um lugar melhor. O financiamento e os seguros de negócios lineares e poluentes é cada vez mais difícil, ao mesmo tempo que lentamente, mas em constante crescimento, os clientes vão escolhendo produtos ou adoptando comportamentos ecologicamente positivos.
Tim Cook referiu recentemente, numa carta aos investidores da Apple, que uma das principais razões para a queda de venda de iPhones, face ao esperado, é que existe um crescente número de pessoas que opta pela reparação em vez de comprar um novo. As empresas que querem viver neste século vão ter de alterar os seus modelos de negócio.
Novas empresas vão nascer com modelos que hoje ainda não sonhamos. A sharing economy está ainda a dar os primeiros passos. É por isso que hoje na Beta-i chamamos a este movimento de Circular Transformation – Transformação Circular. Acreditamos que se trata de uma revolução da mesma dimensão da transformação digital. Acreditamos que trará tantas ou mais oportunidades para novos negócios e para a reinvenção de negócios existentes. Acreditamos que terá uma capacidade ímpar de gerar valor para aqueles que não olharem para este paradigma da economia circular, nem como Corporate Social Responsability, nem como uma forma de substituição de matérias-primas ou materiais, mas para quem olhar para ele como uma tela em branco para pensar e criar negócios que partam da premissa da circularidade.
Definitivamente olhamos para esta realidade sobre a perspectiva económica. A Transformação Circular vai permitir crescimento ao mesmo tempo que será o caminho que possibilitará ao ser humano continuar a viver em paz no seu planeta. Vivemos mesmo tempos entusiasmantes!