No mundo dos negócios, as ideias inovadoras têm o potencial de transformar mercados, mas o risco é uma sombra constante que desanima muitos empreendedores. Esta realidade impede que muitos visionários persigam os seus sonhos ou os iniba de negociar formas igualmente mais criativas de financiamento externo para mitigar os riscos associados ao lançamento de novas empresas.
Paulo Andrez, empreendedor em série e “Business Angel” (“Angel Investor” ou “investidor-anjo”), aborda precisamente estes desafios no seu recente livro, “Zero Risk Startup”. A obra deste “Business Angel” português está no topo das leituras nos EUA em livros de gestão, sendo o primeiro autor português a conseguir um best-seller nesta área de conhecimento e das startups, nos EUA.
“Zero Risk Startup” funciona como um guia prático para empreendedores, oferecendo uma masterclass útil para reduzir os principais riscos empresariais, com mais de cem dicas e ferramentas concretas para iniciar ou expandir negócios com um risco praticamente nulo. Nalguns casos, com conselhos que são “ovos de colombo”.
“Zero Risk Startup” é um compêndio de sabedoria prática, fruto da experiência de Paulo Andrez, sendo válido para todo o tipo de empresários, sejam eles iniciantes (ou aspirantes) ou experientes. Paulo Andrez é, aliás, o primeiro autor português a ter um livro publicado pela Forbes.
Experiência acumulada na base dos conselhos
Ao longo da sua carreira, Paulo Andrez foi mentor de milhares de empresas e é frequentemente convidado como orador em todo o mundo. Desde 2012, o foco dos seus workshops tem sido a mitigação de riscos para startups e investidores. E este livro espelha os seus conhecimentos de forma prática.
Através desta obra, os empreendedores podem determinar se devem ou não iniciar um negócio, identificar e mitigar os riscos com a metodologia “Zero Risk Startup” (MEFLO, “Mercado Empreendedor Financeiro Legal e Operacional”), aumentar as possibilidades de obter financiamento externo por parte de aceleradoras, “Business angels”, fundos de capital de risco ou bancos, e aproveitar tecnologias avançadas, como a inteligência artificial, para reduzir riscos.
Cada uma das 247 páginas tem histórias reais, dicas que fazem sentido em qualquer local do globo, estratégias definidas e conhecimentos destinados a fortalecer os projetos empresariais contra as marés imprevisíveis do cenário empresarial.
“Quer seja um fundador em início de carreira com uma ideia revolucionária ou um inovador experiente, ‘Zero Risk Startup’ é o seu aliado estratégico,” diz com convicção Andrez que foi nomeado presidente emérito da European Business Angel Network (EBAN), depois de ser presidente da instituição até 2014.
O medo do risco afasta empreendedores
Entrevistado pela Forbes, o autor destacou a necessidade global de enfrentar o medo do risco que impede muitas pessoas de empreenderem. “De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor, 45% da população adulta mundial gostaria de iniciar um negócio, mas não o faz por medo do risco”, explica. Paulo Andrez acrescenta que este medo pode ser tanto tangível, como a perda de dinheiro, quanto intangível, como o medo do fracasso e a perceção negativa da comunidade.
Nesta conversa que tivemos, Paulo Andrez partilhou algumas estratégias simples para atenuar esses riscos. Por exemplo, o autor sugere que um investigador universitário que deseja iniciar um negócio possa pedir à sua instituição um ou dois anos sabáticos, enquanto tenta a sua sorte: “Se o negócio que pretende lançar falhar, o académico pode voltar ao seu posto”.
Outra situação que mitiga o receio de alguém ter o seu nome associado a um projeto fracassado é “arranjar outra pessoa que dê a cara no projeto. E essa pessoa está apenas apoiar esse projeto”, diz Andrez, cujo currículo inclui dois investimentos unicórnios e um prémio para “Melhor Investimento Anjo Europeu”, uma vez que um dos seus investimentos atingiu 24,5 milhões de euros em receitas no primeiro ano de operações.
Outra estratégia envolve encontrar um parceiro para dividir os riscos iniciais, como fazer acordos com fornecedores para devolver equipamentos caso o negócio não prospere, reduzindo assim o risco financeiro inicial: “Num cenário em que se precisa de 200 mil euros para a compra de equipamentos para uma atividade; se se negociar a possibilidade de, após um ano, esses equipamentos serem recomprados por 100 mil euros, então, na prática, o risco para o investidor já não é de 200 mil euros, mas sim, de 100 mil euros”.
A experiência de Paulo Andrez, que lidou com os dois lados da implementação dos negócios – investidores e empresas que pretendem investimento –, faz com que os exemplos de soluções de financiamento com menores doses de risco lhe saíam com extrema facilidade do discurso: “Uma forma de diminuir o risco quando se pretende começar um negócio numa área em que o empreendedor não está presente é falar com uma entidade que tenha já as licenças para atuar nesse setor de atividade. Por exemplo, uma proposta turística. Pode falar-se com uma agência de viagens, explicando que se pretende, por exemplo, desenvolver um negócio assente na utilização de bicicletas para turistas e que no site que o empreendedor fizer ficar claro que este é um produto da agência. Eles faturam uma percentagem e depois pagam-lhe. Com o tempo, à medida que o negócio prosperar, podem renegociar-se os termos do acordo, mas esta é uma forma de o empreendedor ir imediatamente para o mercado, com menor risco”.
“O medo do risco é o principal inimigo do empreendedorismo”
Uma estatística interessante que Andrez menciona é a de um estudo conduzido pela Zapier, onde 61% dos inquiridos nos EUA tinham a ideia de começar um negócio, mas 92% desses 61% não agiram devido ao medo do risco. “Este é o principal inimigo do empreendedorismo”, enfatiza Andrez.
O autor também acentua a importância de, numa proposta de negócio, o seu mentor garantir perante os investidores que o risco é reduzido: “Em vez de pedir logo de início 500 mil euros para iniciar algo, o empreendedor pode propor, por exemplo, aos investidores um compromisso de reforço de investimento progressivo, começando com menos capital e expandindo conforme o sucesso inicial”. Levando isto para a prática, isto pode significar que para se montar um negócio baseado em cinco lojas em diferentes localidades, em vez de se solicitar, à cabeça, 500 mil euros, por exemplo, pode pedir-se esse montante, mas de forma faseada: “Assim que atingir, por hipótese, 5 mil clientes na primeira loja, avança-se para a segunda loja. Quando no conjunto das duas lojas tiver 10 mil clientes, avança-se para a terceira loja e assim sucessivamente. O risco do banco em vez de ser de 500 mil euros é de apenas 100 mil euros, o valor de cada empréstimo por loja”.
Bancos estão recetivos
E questionado se do lado dos bancos existe interesse e flexibilidade para este tipo de negociação, Paulo Andrez responde afirmativamente, “pois o financiamento tem a ver com a forma de risco. Os bancos analisam os projetos de acordo com o risco”.
Para exemplificar isto e baseado em dados, o autor refere que em 87% dos projetos, as razões na base de um não investimento prendem-se com os seus riscos demasiado elevados. “Muitas incubadoras referem que quando os empreendedores vão apresentar as suas ideias de investimento devem ir muito bem arranjados e devem procurar falar muito bem para impressionar o investidor. Ora, o que o investidor quer saber é o risco que ele vai ter se colocar ali o seu capital. Se ele vir que ali há demasiados riscos, ele recusa, por muito bem vestidas as pessoas forem. O foco das pessoas tem de ser para diminuir o risco”, salienta.
Além de fornecer estratégias detalhadas para minimizar o risco, “Zero Risk Startup” também discute formas inovadoras de financiamento, como o revenue-based financing, onde empresas como a PayPal oferecem financiamento rápido para negócios online com boas vendas.
Onde comprar
O livro está disponível em inglês na Amazon em formato paperback e tem recebido boas avaliações, tanto no Goodreads quanto na própria Amazon, onde muitos empreendedores compartilham como “Zero Risk Startup” transformou as suas vidas e negócios.
O livro, lançado recentemente nos EUA, com a chancela da Forbes, já atingiu a posição número um na categoria de gestão de riscos financeiros e foi recomendado como leitura essencial para quem quer começar um negócio. “Zero Risk Startup” já alcançou o estatuto de best-seller neste segmento de leitura em vários países, incluindo México, Canadá, Brasil, Reino Unido, Espanha, Holanda e Suécia.
O lançamento do livro em português deverá acontecer em dezembro, mas para os interessados em aprender mais, Paulo Andrez vai falar do seu livro “Zero Risk Startup”, no dia 25 de junho em Lisboa, às 17h30, na Lispolis. Será uma conversa sobre o impacto do risco no ecossistema empreendedor que é também um evento de networking, já que estão previstas as presenças do Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, do CEO do Grupo Media9Par, José Carlos Lourenço, do CEO da Lispolis, António Cardoso Pereira, da Executive Vice President da Portugal Ventures, Teresa Fiúza, do Partner da HealthTech Lisboa, Vítor Crespo, e do CEO dos Territórios Criativos, Luís Matos Martins.