Um Ártico sem gelo pode estar a apenas alguns anos de distância, alertaram os investigadores esta semana, um marco temido que pode chegar ainda mais cedo do que o esperado e ter consequências de longo alcance para o ambiente, a economia e o futuro rumo da crise climática. Mesmo que o mundo consiga reduzir as emissões de carbono e mudar para fontes de energia mais ecológicas.
O Ártico poderá ficar sem gelo pela primeira vez num dia do final de agosto ou início de setembro na década de 2020 ou 2030, de acordo com um novo estudo realizado por investigadores da Universidade do Colorado.
As conclusões, publicadas na revista Nature Reviews Earth & Environment e baseadas numa análise dos dados climáticos existentes, são válidas mesmo nos cenários de emissões mais otimistas e sugerem que as condições de ausência de gelo no Ártico poderão chegar 10 anos mais cedo do que o previsto com base em modelos anteriores, que se centravam em períodos mensais, e não diários, em que a região estaria isenta de gelo.
Para os cientistas, o termo “sem gelo” não significa gelo zero, uma vez que alguns gelos na região são especialmente duráveis, mas significa que o Oceano Ártico tem menos de 1 milhão de quilómetros quadrados de gelo, a maior parte dos quais se encontra junto à costa, embora tenha um impacto significativo no ambiente local e global.
Prevê-se que, em meados do século, os meses de setembro, o verão ártico, sejam consistentemente livres de gelo, o que acontecerá algures entre 2035 e 2067, prevê o investigador.
Esperam-se meses de verão sem gelo em meados do século em todos os cenários de emissões, afirmaram os investigadores, embora a duração da ausência de gelo no Ártico dependa de uma redução drástica das emissões.
No cenário de emissões elevadas, os resultados preveem que o Ártico poderá ficar sem gelo até nove meses por ano, mesmo em alguns meses de inverno, uma situação que, segundo a investigadora principal Alexandra Jahn, professora de ciências atmosféricas e oceânicas, “transformaria o Ártico num ambiente completamente diferente, de um Ártico de verão branco para um Ártico azul”.
(Com Forbes Internacional/Robert Hart)