Licenciado em engenharia Informática e Computadores, Gonçalo Caseiro é presidente do conselho de administração da Imprensa Nacional – Casa da Moeda desde outubro de 2017.
No currículo destaca-se o facto de ter sido membro do Conselho de Administração da AMA – Agency for Public Services Modernization, da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, Senior Expert da Comissão Europeia, até assumir as funções de administrador da INCM e, depois, de presidente. Colaborou no projeto Simplex e na renovação das Lojas do Cidadão. À frente de uma empresa onde garantir atos de soberania é uma constante, Gonçalo Caseiro assume que “encontro sempre tempo para conciliar a minha vida pessoal com a profissional. Por exemplo, não abdica dos jogos de futebol, duas vezes por semana, com um grupo de amigos. Esta tradição já vem da geração do pai, e a expectativa é que o filho também venha a jogar.
O gestor garante ainda que aprende diariamente com o filho de quatro anos e meio. Recentemente apercebeu-se, através de um filme para crianças, da evolução do rato Mickey, das primeiras personagens ao desenho e cores atuais. “Podemos retirar que é possível evoluir sem perder a razão da criação, a visão inicial. A Imprensa Nacional – Casa da Moeda também é assim, uma evolução dentro da visão inicial da segurança, da confiança, para a sociedade e para a economia”.
Amante da leitura recomenda como livro “Salgueiro Maia – O Homem do Tanque da Liberdade” de uma coleção infantojuvenil da Imprensa Nacional, que pode ser partilhado entre pais e filhos. Esta coleção retrata os grandes nomes da história do País, e neste caso a escolha recai no nome que representa a nossa democracia e liberdade.
No que respeita ao filme, relembra “A Herdade”, um filme português sobre um patriarca de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, que faz uma viagem por várias décadas da nossa sociedade retratando períodos da história recente de Portugal: a revolução, a reforma agrária e as crises.
A estratégia de internacionalização já está a dar frutos?
Sim, há um mercado natural que são os países de língua portuguesa. O primeiro projeto em que a Imprensa Nacional assume concretizar o fornecimento e a personalização de um passaporte foi com Cabo Verde, país com o qual temos ótimas relações e que fazemos também o Cartão Nacional de Identificação. Outro caso é São Tomé com quem fazemos o passaporte. E depois continuámos a crescer com os selos fiscais ou produtos como outros cartões de identificação para outros países. Muitos deles nem posso relevar porque em termos contratuais estou impedido de o fazer porque a produção de alguns destes documentos são considerados segredo de Estado. Mas posso referir um que é tido, em termos europeus, como o país mais avançado em serviços públicos eletrónicos, a Estónia, sendo que exportamos cartões para lá. É importante e interessante perceber que o país que é uma referência da Europa tenha entre um dos fornecedores portugueses a nossa tecnologia.
O peso de 10% da exportação poderá ser reforçado?
A nossa indústria, como tantas outras, sofreu muito com a pandemia e não estamos fora da crise económico financeira que se seguiu à crise sanitária. Basta pensar que se fabricamos passaportes e num mundo, em que, as pessoas viajam muito menos, vamos sofrer. Mas acredito que a nossa recuperação vai ser mais próxima de um V do que de um U. O facto de termos conseguido produtos que unem o mundo físico ao mundo digital, como a capacidade de rastear produtos e saber se são verdadeiros, etc., vai acompanhar aquilo que é a tendência de transição digital dos vários países. Por causa disso, pode haver um mix diferente dos produtos e vamos continuar a conquistar algum mercado internacional. Quanto ao aumento do peso de 10%, não colocaria nenhum objetivo porque significaria virar a Imprensa Nacional Casa da Moeda totalmente para fora. Temos sim o objetivo de crescimento do volume de negócios da INCM e não propriamente da percentagem dedicada às exportações.
Em quanto é que volume de negócios poderá crescer?
O objetivo, em 2023, é ter um aumento de cerca de 10% no volume de negócios e chegar muito próximo dos 110 milhões de euros. Isto representa a tal recuperação em V. Este ano devido à pandemia, como muitas empresas, vamos sofrer mais de 30% de quebra no volume de negócios. Mas queremos recuperar e ultrapassar esses 100 milhões já daqui a dois anos e ter uma recuperação significativa nesse período. A nossa perspetiva é, em 2021, chegar perto dos 100 milhões, mas em 2022 e 2023 praticamente a bater nos 110 milhões de euros. Para o alcançar a componente de software de segurança nacional terá maior contributo. Isto não muda em nada aquilo que é o DNA da INCM. Continuamos a ser um parceiro de confiança para fazer a economia funcionar melhor tal como sempre foi no passado. Mas, claramente, aproveitando esta transição digital que o mundo está a sofrer a área de segurança digital tem o foco em si como uma das principais áreas do futuro da INCM.